Gasolina a R$ 6? Com alta do petróleo, combustível pode subir 10%
Mesmo com reajustes recentes da Petrobras, preço da gasolina continua abaixo do praticado no mercado internacional. E a alta do petróleo pode ampliar a defasagem de preços
Bianca Alvarenga
Publicado em 17 de abril de 2021 às 07h55.
A Petrobras promoveu um novo aumento de 2% no preço da gasolina e de 3,7% no preço do diesel nas refinarias a partir deste sábado, 17. Apesar de a empresa brasileira de petróleo ter já promovido seis reajustes nos combustíveis desde janeiro, o aumento ainda não foi suficiente para acompanhar as cotações no mercado externo.
A defasagem está próxima de 10%, segundo cálculo da corretora Ativa Investimentos. Isso significa que a Petrobras está comprando o combustível a um preço superior ao de venda local. Cabe lembrar que o petróleo produzido pela Petrobras no país não é 100% adequado para a produção pura de combustível, o que obriga a empresa a trazer gasolina, diesel e óleo do exterior.
A diferença de preços indica que o brasileiro pode ter que gastar ainda mais para abastecer o carro ou o caminhão por causa de novos aumentos dos preços dos combustíveis nas próximas semanas.
"O nosso modelo de acompanhamento da defasagem aponta hoje para um potencial de elevação de 11%. Essa elevação, se concretizada, tem forte potencial de chegar à bomba", explica Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos.
Gasolina a 6 reais
Se o reajuste for aplicado, o preço médio da gasolina no Brasil pode subir de 5,44 reais para 5,98 reais. O valor médio dos combustíveis é calculado e divulgado semanalmente pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) .
Para alguns estados, no entanto, o combustível nesse patamar já é realidade. Ainda de acordo com a ANP, a gasolina está acima dos 6 reais no Rio de Janeiro e no Acre. No caso do último estado, um eventual aumento de 10% levaria a gasolina para 6,84 reais.
Veja abaixo a simulação de preços com um eventual reajuste de 10%:
Nova gestão
Desde o início de 2021, o petróleo subiu mais de 30% no mercado externo. Conforme as grandes economias emergem da crise da pandemia do coronavírus e aumentam o ritmo de consumo de combustíveis e derivados do petróleo, as cotações aceleram ainda mais.
O que não está certo é se a nova gestão da Petrobras vai refletir essa alta em sua política de preços. O general Joaquim Silva e Luna, nomeado após o presidente Jair Bolsonaro irritar-se com a alta dos combustíveis, chega ao cargo com uma difícil tarefa em mãos. O novo presidente da Petrobras foi formalmente eleito pelo conselho da Petrobras nesta sexta-feira, 16.
Para o economista-chefe da Ativa Investimentos, é possível que o consumidor leve mais tempo para sentir o impacto da alta do petróleo.
"Ao que tudo indica, tal potencial (de alta) não deverá ser dado pela Petrobras tão em breve, uma vez que a atual gestão da companhia tem esperado intervalos maiores para reajustar os preços do que a anterior", afirma Sanchez.
Vale lembrar que o descasamento entre a política de preços (um subsídio na prática) e a cotação do petróleo no mercado externo gerou um rombo financeiro para a Petrobras durante o governo da presidente Dilma Rousseff. Na época, a empresa perdeu cerca de 100 bilhões de reais para custear o combustível mais barato nos postos.