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Fundos de euro são campeões de rentabilidade

Essa modalidade de aplicação registrou uma rentabilidade média de 90% no ano passado e já acumula variação entre 6% e 15% neste ano. Se guerra entre Estados Unidos e Iraque eclodir, o retorno crescerá.

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h33.

e chamou a atenção. Seu patrimônio na virada do ano era de 4,2 milhões de reais. No final de fevereiro, já tinha um patrimônio de 10,3 milhões de reais.

Cultura do dólar

Com retornos tão expressivos, nem os especialistas do setor entendem por que os fundos em euro não viraram uma coqueluche do mercado cambial. Há um ano eu dizia para todo mundo que cresceriam - isso não aconteceu , diz Gilberto Kfouri Jr, diretor de investimento do BNP Paribas Asset Management. Os fundos em euro são uma ótima opção para diversificar aplicações cambiais. Na avaliação de Mário Carvalho, diretor de gestão do banco alemão WestLB do Brasil, a questão cultural pesa. Até mesmo as filiais de empresas européias se acostumaram a fazer operações em dólar no Brasil. As exportações, os títulos do governo e os financiamentos tudo é feito em dólar. A maioria dos gestores também evitam o euro porque teoricamente consideram mais fácil montar carteiras em dólar. O movimento em euro é tão inexpressivo no Brasil que seu contrato futuro na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) está entre os lanterninhas em volume de negociação.

Chegou a hora, então, de correr para um fundo em euro? A resposta não é tão simples assim. Apesar de os fundos cambiais já acumularem variação entre 6% e 15% neste ano, não há como garantir que esse rendimento vá se manter. No mercado vige a regra de que, depois de uma grande disparada, todo investimento perde fôlego. Mas, para o ano de 2003, os fundos cambiais em geral e os fundos em euro em particular vão sofrer influência direta de uma variável importante: a guerra entre Estados Unidos e Iraque - e seu efeito sobre as moedas. Para os analistas, o euro fecha o ano valendo 1,20 dólar se guerra explodir, o que manteria os fundos em euro entre as melhores aplicações da temporada. Mas fica o alerta de Marcello Paixão, diretor de produtos da consultoria de investimentos Maxblue: Aplicação em moeda européia vale apenas para quem tem perspectiva de retorno no longo prazo e está disposto a assumir riscos, já que o produto sofre oscilações altas .

Fragilidade americana

Vale lembrar que as razões para a atual supremacia do euro não estão no fortalecimento da economia na União Européia, mas no enfraquecimento dos negócios nos Estados Unidos. Ao longo dos anos 90, os Estados Unidos permaneceram como o eldorado das finanças e atraíram investimentos de todos os cantos do planeta. A retração na atividade econômica, o fim dos ganhos mirabolantes nas bolsas e os escândalos envolvendo fraudes nos balanços contábeis em grande corporações tiraram o brilho e a rentabilidade do mercado americano. Na tentativa de reativar a economia, o Fed promoveu sucessivos cortes nos juros, levando a taxa básica a 1,25%, nível mais baixos dos últimos 40 anos. Para o dono do dinheiro foi um negócio ruim e o capital passou a buscar portos mais rentáveis.

Os Estados Unidos sentem o lento efeito do refluxo do capital internacional. Ninguém acredita numa queda vertiginosa do dólar, mas no mercado existe a expectativa que no longo prazo o dólar vai gradativamente perder valor em relação a outras moedas. O país vive um fenômeno semelhante às fugas que provocaram as crises cambiais na Ásia, Rússia e Brasil , diz Paulo Citra, analista internacional da consultoria Global Invest. Mas, como a economia americana é o trator do planeta, a velocidade e o volume das transferências não causam estragos de grandes proporções. Não foi apenas o euro que se valorizou frente ao dólar. A libra esterlina teve valorização de 17%, e o yen de 11% no ano passado.

Risco Brasil

O leitor deve estar pensando: se a vantagem é correr atrás do melhor juro, o capital poderia vir para o Brasil, onde a taxas básica está entre as mais altas do planeta. O investidor também vive um momento uma aversão ao risco , diz Antonio Carlos Manfredini, professor de economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV/SP). O Brasil está na zona de altíssimo risco, e a União Européia é um mercado mais seguro - e ao mesmo tempo mais rentável do que os Estados Unidos. A relação entre real, dólar e euro vai depender da eclosão da guerra, da reação dos países do Oriente Médio e do tempo que o conflito durar.

O grau de combustão dessa guerra para o mercado cambial pode ser ilustrado pelo tamanho da fumaça criada em torno do tema. Como exemplo temos uma recente teoria conspiratória, divulgada por e-mails pela internet: a guerra armada pelo presidente americano contra o Iraque não mira apenas as reservas de petróleo. George W. Bush estaria tentando defender a supremacia do dólar como moeda de referência internacional. Ao derrubar Saddam Hussein, poderia reverter a opção do ditador pelo euro nas transações comerciais do Iraque e impedir que outras nações do Oriente Médio seguissem o exemplo.

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