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Fed reduz juro para empréstimos aos bancos

Em reunião extraordinária, BC dos Estados Unidos reduziu taxa de redesconto para evitar risco de crise de crédito

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

O Federal Reserve (Banco Central dos Estados Unidos) decidiu hoje reduzir a taxa de redesconto utilizada nos empréstimos de recursos para os bancos instalados no país. Essa taxa de juros caiu de 6,25% para 5,75% ao ano.

"As condições do mercado financeiro se deterioraram, e condições de crédito mais restritas com aumento da incerteza têm o potencial para conter o crescimento econômico daqui para frente", disse o Comitê de Mercado Aberto do Fed em nota. "O risco de desaquecimento aumentou significativamente."

Já os juros básicos da economia americana foram mantidos em 5,25% ao ano. A decisão do Fed elevou, entretanto, a expectativa de que o BC dos EUA corte também essa taxa em sua próxima reunião, em 18 de setembro. O banco Goldman Sachs divulgou hoje nota em que afirma que o Fed vai reduzir os juros para 4,5% até o final do ano. O primeiro corte de 0,25 ponto percentual talvez aconteça antes mesmo de 18 de setembro, segundo o banco.

Após as sucessivas perdas do mercado nas últimas semanas, especialista ouvidos pelo Portal EXAME afirmaram que a calmaria só deve voltar se o Fed administrar dois remédios para baixar a febre dos investidores: assegurar liquidez do sistema financeiro e escolher o momento certo para baixar a taxa básica de juros do país.

Para a economista Tereza Fernandez, sócia da consultoria MB Associados, o Fed deve cortar os juros básicos a fim de garantir que a economia real continue girando, investindo e produzindo. O momento do corte, porém, não é este. Isso só deve ser feito depois que o próprio mercado expurgar o excesso de alavancagem nos fundos - jargão do mercado para os fundos que tomaram muito dinheiro emprestado para aumentar sua capacidade de investimento. "Primeiro, é preciso deixar esse pessoal se acertar", diz.

Segundo Tereza, é possível permitir essa faxina do mercado, sem criar uma crise sistêmica, que só viria se grandes bancos quebrassem e a economia real entrasse em colapso. Ao contrário dos anos 80 e 90, quando os bancos é que arcavam com os compromissos assumidos junto aos clientes - no jargão do mercado, eles "carregavam" essa posições em suas tesourarias -, hoje são os fundos que tomam o prejuízo, o que atenua o impacto para os bancos que os mantêm.

Injeção de liquidez

O outro remédio é o provimento de recursos para instituições em dificuldade. "Prover liquidez ao mercado é importante. Se isso não fosse feito, a situação seria pior", afirma Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central em dois períodos (1992-1993; 1995-1997), e sócio da consultoria Tendências. Na prática, isso significa emprestar dinheiro de curto prazo para os bancos, a fim de que eles continuem com o nível adequado de reservas para honrar seus compromissos, como resgates de fundos de investimento.

Nos Estados Unidos, por exemplo, as regras do sistema determinam que os bancos precisam ter um nível mínimo de reservas para operar por duas semanas - chamado de "período de manutenção". Se a instituição possui excesso de reservas, pode emprestá-lo ao Fed em troca de títulos públicos. Se a situação é contrária, pode oferecer títulos próprios ao Fed, em troca de dinheiro.

Em 9 de agosto, quando a turbulência deu sinais de que se agravaria, após o banco francês BNP Paribas suspender os saques de três fundos que registraram perdas com o mercado subprime, o Federal Reserve anunciou a abertura de uma linha de crédito para os bancos, com juros subsidiados, de 24 bilhões de dólares. O Banco Central Europeu foi ainda mais enfático: pôs à disposição das instituições 130 bilhões de dólares. Posteriormente, outros países fizeram o mesmo, como o Banco Central da Austrália, que já dispendeu 2,5 bilhões de dólares via recompra de contratos; e o seu correlato japonês, que aplicou 3,43 bilhões de dólares no mercado overnight.

Até o momento, a estratégia do Fed é concentrar os empréstimos a um pequeno grupo de grandes instituições financeiras, que se encarregam de distribuir os recursos pelo resto do sistema. O problema, segundo Loyola, é que esse dinheiro nem sempre se distribui adequadamente pelo sistema financeiro. "Às vezes, ele fica empoçado em algum ponto", afirma. Para evitar que isso ocorra, a instituição precisa atuar mais próximo à origem do problema - o mercado hipotecário americano. É isso que explica algumas operações de recompra de títulos lastreados em hipotecas, realizadas pelo Fed nos últimos dias. Ao adquirir esse tipo de papel, o banco americano tenta jogar o dinheiro nas mãos de quem está, de fato, perdendo nesse momento.

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