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Quem são os investidores que compram e vendem ações de casa

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

Numa tarde quente no fim de outubro em Fortaleza, o economista e administrador de empresas carioca Marco Aurélio Pontes, de 55 anos, estava de olhos fixos na tela de seu computador, instalado na sala de som de seu apartamento. Ele acompanhava minuto a minuto o preço das ações da Embratel pelo sistema home broker, que permite a negociação online na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), a 3 100 quilômetros de distância. "O lote de 1 000 ações custa agora 9,60 reais. Hoje, já esteve em 9,97 reais. Se cair mais, eu compro", disse. Na véspera, Pontes já tinha ganho ao comprá-lo por 9,09 reais e vendê-lo por 9,60 reais.

Pontes passa cerca de 7 horas por dia diante do computador, comprando e vendendo ações. Até o meio daquela tarde já havia fechado 18 negócios. O dia estava fraco. "Às vezes faço 70 operações", diz. Como Pontes, um número crescente de investidores vem utilizando o home broker para aplicar na bolsa. Em outubro, mais de 16 000 investidores negociaram pelo sistema oferecido por 42 corretoras de valores de todo o Brasil. Seis meses atrás, o contingente mal passava de 12 000 pessoas. "O número aumenta a cada dia", diz Paulo Levy, diretor da corretora VipTrade, o braço online da carioca Ágora Senior, na qual Pontes opera. O volume de negócios de pessoas físicas ultrapassou o de estrangeiros. "Isso garante mais estabilidade aos pregões", diz o presidente da Bovespa, Raymundo Magliano. "As pessoas físicas não são tão ariscas quanto o capital internacional." O que as atrai é o lucro. O Ibovespa já subiu 65% no ano.

Aí mora o perigo. "Por mais que a gente diga que o bom é entrar na baixa, pessoas físicas adoram bolsa em alta", diz Levy. "O risco é maior para quem entra agora." Investidores mais experientes têm seus meios de se proteger nesse ambiente volátil. Alguns simplesmente saem da bolsa. É o caso do Eugenio Rodrigues, de 43 anos, que mora em Carapicuíba, na Grande São Paulo, e há dez anos vive exclusivamente da bolsa. Ele está prestes a interromper sua rotina diária negociando ações de telecomunicações para tirar umas férias. "Preciso descansar", diz. Rodrigues jura que sua retirada não tem nada a ver com a apuração de ganhos obtidos na alta recente -- movimento chamado de realização de lucros. "Meus motivos são pessoais."

Para quem não está saindo, mas sim entrando no mercado, a primeira recomendação é cautela. Outros investidores devem reagir como Rodrigues, o que provocará necessariamente baixa nas cotações, ao menos temporária. "A bolsa sempre se ajusta", diz Gilberto Biojone, diretor da corretora paulista Socopa. "Isso é normal depois de uma subida tão forte e rápida." Mesmo assim, diz, há empresas e setores que não se valorizaram tanto quanto o Ibovespa. A questão é procurá-los com a ajuda de profissionais e, principalmente, aplicar somente os recursos livres de compromisso. "Os ganhos podem chegar no curto ou longo prazo", diz.

Definir algumas ações atraentes, e buscar conhecer as empresas, é outro caminho. Acompanhá-las com os recursos eletrônicos é simples. Pontes montou uma planilha com 25 papéis na qual anota os preços de fechamento diários. "Dessas empresas, 11 são as que eu conheço a fundo e mais negocio", diz Pontes. Sua lista inclui Bradesco, Eletrobrás, Petrobras, Telemar, Net, Usiminas, Vale, Aracruz, Telesp Celular, VCP e Embratel. Seu método não é infalível. Ele comprou ações da Net ao preço médio de 70 centavos. Acabou vendendo um mês atrás, a 50 centavos. "Fui precipitado", diz. "Ontem chegou a 93 centavos."

A consciência de que às vezes é preciso reconhecer o prejuízo faz parte das lições dos investidores experientes. "A pessoa que só pensa em ganhar pode perder tudo", diz o contador paulista Douglas Donadi de Oliveira, de 34 anos. Ele opera todos os dias no computador de seu escritório de contabilidade em Pinhalzinho, município paulista de 12 000 habitantes, a 110 quilômetros da capital. Sua carteira inclui Petrobras, Fosfértil, Embraco e Acesita, que ele movimenta pelo home broker da corretora Souza Barros, de São Paulo. Mas o dia-a-dia de Oliveira consiste em negociar principalmente opções de Telemar -- um direito de comprar ou vender a ação no futuro por determinado preço. Em meados de outubro, Oliveira comprou as tais opções a 40 centavos cada. No dia seguinte, vendeu-as por menos da metade do preço -- 18 centavos. "Se não tivesse saído naquela hora minha perda seria total", diz. Hoje seus rendimentos na bolsa equivalem às retiradas no escritório.

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