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Especialistas descartam real supervalorizado e comparação com 99

Dólar rompe a barreira dos R$ 2 e mercado vê um novo patamar para a moeda brasileira, que se ajusta à melhoria da economia brasileira

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h33.

Após uma longa trajetória de queda, o dólar finalmente rompeu a barreira psicológica dos 2 reais nesta terça-feira e, às 11h21, era vendido por R$ 1,996. Diferentemente do que aconteceu em 1999, quando o país sofreu com uma forte crise cambial em função da supervalorização do real frente à moeda americana, desta vez especialistas são unânimes em afirmar que não há motivos para preocupação com esse novo patamar.

"O Brasil está na ante-sala de uma nova fase no seu desenvolvimento e isso aprecia o câmbio", afirma o diretor de Pesquisa Macroeconômica do Bradesco, Octávio de Barros. Apesar do baixo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país, que encontra-se bastante aquém do contabilizado por emergentes como China, Rússia e Índia, vários outros fatores colaboram para uma análise positiva do Brasil.

Mesmo com o real apreciado, o saldo das operações de exportação e importação mantém-se acima dos 40 bilhões de dólares ao ano, resultado de uma forte demanda externa que sustenta o preço das commodities brasileiras. No ano passado, a balança comercial registrou recorde histórico de superávit, 46,077 bilhões de dólares e, para 2007, a previsão do mercado é de que o número gire em torno de 40,5 bilhões de dólares.

O risco-Brasil bateu, nas últimas semanas, sucessivos recordes de queda - fator que, juntamente com a redução da dívida do país, melhora a percepção de solvência do Brasil frente aos investidores. Além disso, a taxa básica de juros (Selic) segue trajetória de queda e a inflação mantém-se baixa e controlada, impulsionando o crescimento econômico do país.

Todos esses fatores, aliados a um cenário internacional favorável, levam os especialistas a afirmar que o Brasil está passando por uma fase de transição - e o câmbio está se ajustando a isso. "Estamos num processo de transformação, que deve perdurar por algum tempo. O grande desafio agora é readequar as políticas do país para tentar manter a competitividade da indústria brasileira", diz o diretor do banco americano Goldman Sachs, Paulo Leme.

E isso, garantem os especialistas, nada tem a ver com o dólar. Trata-se de implementar medidas que contribuam para o desenvolvimento das empresas e a redução de seus custos, como as reformas tributária e trabalhista, investimentos em infra-estrutura e logística.

Ao Banco Central (BC) cabe o papel de amenizar a valorização do real para permitir que as empresas tenham tempo de reavaliar suas estratégias. "É isso que o BC tem feito ao atuar no mercado de câmbio. As intervenções apenas suavizam a queda do dólar, sem interferir em sua tendência", diz Octávio de Barros.

O risco de algumas empresas não resistirem a essa fase de transição existe, segundo o ex-presidente do Banco Central e sócio da Consultoria Tendências, Gustavo Loyola. "Mas, ao mesmo tempo, leva as empresas a repensar sua eficiência, resultando em melhora de qualidade da indústria brasileira."

O dólar continuará caindo?

As previsões dos analistas apontam a cotação da moeda americana entre 1,95 reais e 2 reais ao término de 2007. "Somente uma mudança no cenário internacional pode mudar isso", diz Gustavo Loyola.

Para o ex-ministro da Economia, Delfim Netto, o Brasil já é visto no exterior como investment grade, apesar de ainda não ter recebido o título. " O real tornou-se a maior commoditiy brasileira. Os investidores vêm ao Brasil comprar real porque sabem que não há risco", afirma.

O potencial de crescimento das companhias brasileiras, superior ao de outros países, já é visto pelos investidores estrangeiros como um dos maiores atrativos do Brasil. Nos últimos três anos, as ofertas nos mercados primário e secundário cresceram 861% passando de 13 bilhões de reais em 2003 para 125 bilhões de reais no ano passado, de acordo com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Por isso, a queda da taxa Selic não deve afugentar os investidores, que continuarão trazendo recursos ao país. "Estamos colhendo os benefícios da estabilização econômica, ainda que tardiamente", afirma Gustavo Loyola.

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