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Emissões de COE crescem 36% em 2017; entenda esse investimento

Com a vantagem de combinar segurança da renda fixa com ganhos da renda variável, o COE atrai quem quer se aventurar em ações sem "perder dinheiro"

COE: é uma aplicação que mistura diferentes produtos - renda fixa, ações e até ativos mais sofisticados, como derivativos (Photobuay/Thinkstock)

COE: é uma aplicação que mistura diferentes produtos - renda fixa, ações e até ativos mais sofisticados, como derivativos (Photobuay/Thinkstock)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 5 de março de 2018 às 14h49.

Última atualização em 5 de março de 2018 às 17h14.

São Paulo - Um produto financeiro relativamente novo - no mês passado, completou quatro anos -, ganhou destaque nas prateleiras de bancos e corretoras em 2017. Com a vantagem de combinar a segurança da renda fixa com os ganhos da renda variável, o Certificado de Operações Estruturadas (COE) atrai investidores que querem se aventurar em ações sem "perder dinheiro" ou investir no exterior a custos menores. A desvantagem é abrir mão da liquidez - e correr o risco de resgatar apenas o investimento inicial, sem nenhum centavo a mais.

O COE é uma aplicação que mistura diferentes produtos - renda fixa, ações e até ativos mais sofisticados, como derivativos. Cada COE tem uma estratégia específica, que pode ser "apostar" na alta do dólar ou na queda dos juros. A segurança vem pelo fato de boa parte dos COEs garantir o valor nominal da aplicação. Por exemplo: se um COE estiver atrelado à alta da Bolsa e ela recuar, o investidor recebe de volta no vencimento o que aportou.

As emissões de COE cresceram 36% em 2017, com estoque de R$ 12,5 bilhões. Em 2016, a maioria (36,9%) era atrelada a câmbio. Já em 2017, com queda de inflação e juros, houve forte alta dos produtos atrelados a índices internacionais - a participação saltou de 1,69% para 22,84% - e a cestas de ativos, como ações, que representaram 17,20%.

O diretor da tesouraria do Bradesco, Paulo Waack, lembra que, no início, eram predominantes COEs de dólar, dada a volatilidade - no segundo trimestre de 2015, o dólar ultrapassou a marca de R$ 4. Também cresceu bastante a oferta de COEs de inflação, que naquele ano alcançou dois dígitos. "Já em 2017, aumentou a participação de ações brasileiras, e no último trimestre, a busca por ativos no exterior."

O capital garantido é um chamariz. "É um produto que pode atender a todo tipo de perfil", diz o gestor da área de derivativos do Santander, Simon Peled. O banco tem R$ 2,28 bilhões em estoque e espera crescer 30% neste ano, ante 45% em 2017.

A comercialização de COEs, porém, não é mais restrita aos bancos. "Há um ano e meio foi liberada a distribuição por terceiros, como corretoras - e bancos estrangeiros também passaram a emitir", explica Fábio Zenaro, superintendente de produtos da B3.

A entrada das corretoras na jogada ajudou a tornar o produto mais acessível - hoje, já pode ser adquirido a partir de R$ 1 mil. Em 2017, as corretoras foram responsáveis pela comercialização de 35% das novas emissões.

"Em janeiro de 2017, tínhamos cinco produtos na plataforma. Hoje temos 30", diz Victor Mansur, sócio e diretor da mesa de produtos estruturados da XP Investimentos. Ele afirma que a modalidade mais vendida nos últimos meses é o COE de cotas de fundos estrangeiros. "O investidor pode ficar alavancado - ganhar quatro vezes e meia a valorização de um fundo europeu."

Outra forma de usar o produto para colocar o pé lá fora é via COEs de ações (veja infográfico). Um que se popularizou foi o de empresas estrangeiras de tecnologia, como Google e Facebook. "Ele dá acesso a empresas nas quais o cliente não conseguiria investir", explica Lenon Borges, gerente de Produtos e Estratégias da Ativa Investimentos.

Custo de oportunidade

Apesar de ser um produto acessível, antes de aplicar em COE, o investidor precisa colocar na balança alguns fatores, como a liquidez. Os produtos têm um prazo médio de dois a cinco anos e a maioria só pode ser resgatada no vencimento.

Isso significa que, além de aplicar montante de que não vai precisar no curto prazo, é preciso considerar o custo de oportunidade.

"Não é uma montanha-russa como a Bolsa, mas é um produto arriscado, pois o cenário esperado pode não se concretizar", diz Juliana Inhasz, professora de finanças do Insper. "O investidor vai receber o capital de volta, mas não terá correção; então pode haver perda do poder de compra. Fora o custo de oportunidade: ele 'perde' os juros que poderia ter ganhado em outra aplicação."As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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