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É hora de proteger seus investimentos contra a alta do dólar

Investir uma parte do patrimônio em aplicações no mercado americano pode ser uma opção para quem teme perder rendimentos diante das oscilações do Real

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Da Redação

Publicado em 10 de novembro de 2014 às 16h49.

São Paulo - Nos últimos dois anos, o real vem se desvalorizando frente ao dólar . Em 2015, de acordo com projeções de consultorias econômicas, não será diferente.

A consultoria Tendências acredita que o dólar deve terminar o ano que vem cotado a 2,79 reais. Isso equivale a uma depreciação do real em elação à moeda americana de mais de 3% no acumulado de 2015.

“É uma desvalorização importante da moeda nacional se considerarmos que a inflação no país é maior do que a registrada no exterior, o que leva o brasileiro a perder poder de compra”, diz o economista da Tendências, Bruno Lavieri.

A estimativa considera um cenário no qual haja "um bom nível ajustes econômicos", diz Lavieri. Mas essas medidas ainda são incertas antes do anúncio da nova equipe econômica do governo.

Nesse ano, a expectativa é de que a depreciação do real com relação ao dólar feche o ano em 5,4%. Em 2013, a desvalorização atingiu 10%, segundo dados da Tendências.

Mesmo diante das incertezas, a desvalorização do real é o que se tem de mais concreto para o próximo ano até agora.

Ainda que os ajustes econômicos sejam amplamente realizados pelo governo reeleito, a expectativa é de que a alta dos juros nos Estados Unidos no ano que vem provoque uma fuga de investidores estrangeiros do Brasil e de outros mercados emergentes.

Esses investidores estrangeiros devem migrar para o mercado americano em busca de maior rentabilidade e segurança, o que pode pressionar ainda mais a desvalorização do real, já que com a menor oferta de dólar no país, a moeda tende a se apreciar.

Caso o governo reeleito não realize ajustes econômicos, a pressão do dólar sobre o real pode ser ainda maior, diz Lavieri.

Prevenção

Nesse cenário, Paulo Bittencourt, diretor técnico da Apogeo Investimentos, acredita que já passou da hora de investidores brasileiros se preocuparem em proteger seu patrimônio, aplicando dinheiro no exterior. “A valorização do real entre 2007 e 2009 deixou muita gente acomodada”,afirma.

Bittencourt diz que o país já tem formas oficiais de envio de dinheiro para o exterior há 15 anos. Além disso, é possível abrir contas no exterior com mais facilidade do que na década de 80, por exemplo.

Na visão do diretor técnico da Apogeo, não é apenas a tendência de alta do dólar que justifica aplicações no exterior, mas também a oscilação das moedas no mundo.

Essa volatilidade é causada pelo vai e vem de investimentos de um país para outro, movimento que acompanha a conjuntura econômica de cada país e a maior possibilidade de ganho em cada um deles.

Como se proteger

Para investidores que desejam proteger o patrimônio contra um cenário mais volátil do câmbio, especialistas recomendam alocar parte da carteira de investimentos em aplicações financeiras no exterior.

Como os custos com as operações podem ser altos, no entanto, consultores afirmam que a estratégia é mais vantajosa para investidores que possuem cerca de 500 mil reais ou mais disponíveis para investir lá fora.

Quem tem patrimônio menor tem a opção de investir em fundos multimercados sediados no Brasil, mas que investem em títulos públicos e ações de empresas no exterior e acabam acompanhando as oscilações do dólar e outras moedas.

Mas Bittencourt diz que, nesses casos, a volatilidade pode ser maior do que no investimento direto no exterior.

Para quem tem recursos suficientes para investir lá fora, não basta enviar o dinheiro para outro país, diz o diretor técnico da Apogeo. "É recomendável ter uma estratégia de investimentos para que a operação lá fora faça sentido".

Essa estratégia deve mirar o longo prazo, alerta Bittencourt. Dessa forma, para quem tem parte do patrimônio em renda fixa no Brasil e uma parte do investimento no exterior, é possível se beneficiar de taxas de juros maiores no Brasil ao mesmo tempo em que corrige a variação do câmbio.

Isso porque aplicações no exterior oferecem, em geral, retornos menores por conta de taxas de juros mais baixas do que as praticadas no país. Porém, em prazos mais longos essas aplicações podem oferecer retorno semelhante ou maior do que o de investimentos nacionais, diz Bittencourt.

A operação é recomendada principalmente para investidores mais velhos, que estão perto de resgatar seus investimentos e desejam evitar oscilações bruscas do câmbio, já que a alta do dólar diminui o poder de comprar do brasileiro.

Isso acontece porque a apreciação da moeda americana mexe com a inflação na veia, sobretudo em momentos como o atual, em que já existe uma tendência de alta dos preços.

Em uma explicação resumida, a valorização do dólar pressiona os preços no Brasil porque commodities, combustíveis, e outros itens usados por empresas do mercado interno em suas etapas de produção ficam mais caros, elevando o preço final dos produtos ao consumidor.

Especialistas recomendam investir no mercado americano, pois as moedas globais devem se desvalorizar com relação ao dólar nos próximos anos, aponta Sidnei Nehme, da corretora de câmbio NGO.

“Os Estados Unidos vêm registrando melhor nível de recuperação econômica, enquanto a maioria dos países ainda deve crescer menos nos próximos anos”, diz Nehme.

Com o crescimento ainda tímido, investidores tentem a migrar para o mercado americano em busca de maior rentabilidade, o que provoca alta do dólar.

Nos Estados Unidos, as alternativas de investimentos são fartas. É possível investir uma porção dos recursos em ações e também em títulos de dívidas de empresas. "Esses mercados são mais desenvolvidos e diversificados nos Estados Unidos do que no Brasil", diz Bittencourt.

Títulos do tesouro americano, considerados como aplicações de risco zero no mercado financeiro, e fundos de investimento com maior porção em renda variável, por exemplo, também são opções disponíveis para os investidores.

É comum encontrar taxas de administração de 2% nesses fundos de investimento lá fora. Mas essas taxas podem diminuir quanto maior o o prazo de aplicação.

Também é necessário pesar custos tributários antes de realizar operações lá fora.

Se o investidor optar por abrir uma conta em uma filial de um banco ou gestora de investimentos no exterior, será enquadrado na alíquota máxima de imposto, de 27,5%, que recai sobre os rendimentos obtidos lá fora.

Outra opção, para quem tem patrimônio maior, é abrir uma empresa no país onde pretende realizar as aplicações. Nesse caso, somente é necessário pagar impostos ao trazer os investimentos de volta para o país, aponta Bittencourt.

“É possível, portanto, reinvestir os valores sem a necessidade de resgate e declarações anuais enviadas para a Receita”, diz o diretor da Apogeo.

Quem investe no exterior também deve fazer a declaração dos investimentos anualmente para o para o Banco Central.

Como as opções de investimento são amplas e os custos podem variar muito, para investidores menos experientes o ideal é contar com assessoria profissional antes de tomar a decisão sobre onde aplicar.

Bancos de varejo, bancos de investimento e gestoras costumam ter filiais em outros países e permitem investir de forma direta lá fora. A estrutura no Brasil geralmente faz a conexão do investidor brasileiro com essa filial, onde o cliente pode iniciar sua carteira de aplicações.

São Paulo - Exemplos para aplicadores em todo o mundo, oito grandes investidores têm em comum um longo caminho de sucesso em suas aplicações financeiras. Não à toa, alguns aparecem constantemente na lista global dos mais ricos . Esses nomes lendários não construíram suas fortunas com base na sorte e especulação, e tiveram de lidar com os altos e baixos do mercado financeiro.A partir de suas trajetórias pessoais, ensinam conceitos importantes que servem como base para qualquer investimento . Conheça as principais lições:
  • 2. Tenha um objetivo sustentável

    2 /10(REUTERS/Rick Wilking)

  • Veja também

    Com foco no longo prazo, o megainvestidor americano Warren Buffet não costuma investir em aplicações populares. Prefere aplicar sua fortuna em negócios tradicionais ou consolidados em um pequeno mercado e que podem render bons e constantes lucros no futuro. Dessa forma, seu patrimônio não flutua ao sabor da economia. Além disso, quando Buffet acerta o alvo, a margem de ganho é maior, pois a aplicação foi feita antes da expansão ou valorização do investimento.
  • 3. Use os altos e baixos a seu favor

    3 /10(Simon Dawson/Bloomberg)

  • Enquanto muitos investidores temem oscilações em suas aplicações financeiras, o empresário e megainvestidor húngaro-americano George Soros , de perfil agressivo, sempre viu oportunidades na volatilidade dos investimentos. Para isso, acompanha bem de perto a evolução de dados sobre a economia que possam ter impacto futuro nas aplicações e empresas nas quais investe. Dessa forma, consegue migrar recursos de uma aplicação financeira para outra antes de perder dinheiro, ou passar a investir em segmentos que tenham potencial de valorização após mudanças no cenário macroeconômico.
  • 4. Esteja à frente de recomendações

    4 /10(Divulgação/ Site templeton.org)

    O empresário e filantropo John Templeton realizava investimentos na direção contrária da que o mercado apostava. Seu lema era: pense por si mesmo. Para selecionar aplicações financeiras, criou suas próprias ferramentas, e não seguia recomendações e tendências. Enquanto os olhos da maioria dos investidores estavam geralmente voltados para determinada empresa ou aplicação financeira, ele garimpava investimentos não convencionais, com maior oportunidade de ganhos.
  • 5. Saiba administrar os riscos

    5 /10(Divulgação/Columbia Archives)

    O investidor americano Benjamin Graham foi professor de Warren Buffet e um exemplo para o megainvestidor. Pai do conceito de investimento em valor, um dos ensinamentos de Graham é de que o investidor não dever temer o risco, mas, sim, administrá-lo. Como não é possível fugir totalmente das perdas ao investir, Graham definia um nível máximo de riscos para sua carteira de aplicações e se mantinha dentro dessa margem de segurança. Caso seu nível de risco ultrapassasse essa margem, o investidor não aplicava seu dinheiro, pois passaria a especular e ter grandes chances de perdas.
  • 6. Diversifique na medida certa

    6 /10(Wikimedia Commons)

    O economista britânico John Maynard Keynes, criador da macroeconomia moderna, também era um investidor. Um dos conceitos que seguia era o da diversificação inteligente, que consiste em diminuir os riscos das aplicações financeiras ao optar por produtos com comportamento opostos ou ao menos diferentes. Isso não se resume a ter na carteira uma parte de investimentos em renda fixa e outra porção em renda variável ( entenda os conceitos ), mas, dentro das opções de aplicações em renda variável, investir em ativos que tenham reflexos diferentes diante de uma mesma situação. Dessa forma, o patrimônio não fica refém de mudanças na economia.
  • 7. Seja racional

    7 /10(Getty Images)

    Braço direito do megainvestidor Warren Buffet , Charles Munger é conhecido por mapear comportamentos que influenciam de forma negativa nas decisões de investimento, e fugir deles. Racional, acredita que investir consiste em se preparar, ter paciência, disciplina e objetividade. Para Munger, situações de estresse, atitudes defensivas, temor a perdas e a inveja de quem está ganhando muito dinheiro têm o poder de destruir fortunas.
  • 8. Fique atento a taxas

    8 /10(Scott Eells/Bloomberg)

    O investidor americano John Clifton "Jack" Bogle, fundador do grupo financeiro Vanguard, defende a simplicidade nas aplicações financeiras para investidores individuais de perfil conservador e, principalmente, a redução de gastos com taxas, que costumam afetar rendimentos de aplicações passivas, que acompanham índices de mercado e oferecem menor risco.
  • 9. Seja discreto ao investir

    9 /10(Chris Hondros/Getty Images)

    Sempre no topo da lista de mais ricos do mundo, o empresário mexicano Carlos Slim é discreto ao investir. Tem uma carteira de aplicações variada, mas não entra em detalhes sobre onde aloca seus recursos, pois tem consciência de sua influência. Slim tem a cautela de não induzir investidores a apostarem em seus alvos para evitar uma redução em sua margem de ganhos caso os investimentos se valorizem de forma artificial após muitos aplicadores passarem a investir. Por conta da grande quantidade de dinheiro que aplica no mercado financeiro e em empresas, Slim apenas anuncia quando deixa de investir ou migra recursos aplicados quando é obrigado por lei.
  • 10. Agora, veja os livros que podem ajudar a investir melhor

    10 /10(4FR/Getty Images)

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