Dólar: cenário cambial também é impactado por declarações externas (Gary Cameron/Reuters)
Editora de Finanças
Publicado em 2 de dezembro de 2024 às 17h32.
Última atualização em 2 de dezembro de 2024 às 17h38.
O dólar fechou em alta de 1,13%, a R$ 6,0680, nesta segunda-feira, 2. Trata-se de um novo recorde de fechamento. Durante o dia, o dólar atingiu seu maior valor histórico, sendo cotada a R$ 6,0919. A disparada da moeda está diretamente ligada ao mau humor do mercado em relação ao recente anúncio do pacote fiscal e da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, feitos pelo governo na semana passada.
A alta do dólar reflete a reação negativa dos investidores ao cenário fiscal. Esta semana, o governo busca avançar com as votações no Congresso, tentando aprovar as propostas. Segundo Odair Cunha (PT-MG), líder do partido na Câmara, os projetos de lei já protocolados devem ir a plenário até quarta-feira. A pauta exata será definida em reunião de líderes na terça-feira.
Diante do piora do cenário fiscal, o boletim Focus, divulgado pelo Banco Central, mostrou que analistas financeiros elevaram pela terceira semana consecutiva a projeção da taxa Selic para o final de 2025. O novo valor passou de 12,25% para 12,63%, o que indica uma expectativa de juros mais altos por um período prolongado.
Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária e futuro presidente do Banco Central (BC), afirmou que o ambiente macroeconômico, com a desancoragem das expectativas de inflação, desemprego baixo e dólar em alta, aponta para uma "política monetária mais apertada por mais tempo do que se imaginava". Na prática, isso significa que os juros devem subir ainda mais e ficar nesse patamar por mais tempo.
O cenário cambial também é impactado por declarações externas. O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, fez uma declaração sobre os países do BRICS. Em sua rede social, Truth, Trump afirmou que o grupo de economias emergentes, composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, deve manter o compromisso com o dólar nas transações comerciais. Caso contrário, Trump ameaçou impor tarifas de 100% sobre os produtos do bloco, o que dificultaria sua entrada no mercado americano.