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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.
É cada vez maior o risco regulatório e político de investir na Petrobras, de acordo com os analistas. A polêmica sobre quem tem o direito de explorar as megareservas de petróleo do pré-sal já derreteu os papéis da estatal na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), despertou a ira dos investidores, mas parece não sensibilizar o governo federal, que insiste em criar uma nova empresa pública para administrar as jazidas recém-descobertas. Os relatórios de corretoras destacam a possibilidade de o pré-sal ser desapropriado e o risco de a gestão da Petrobras se tornar ainda mais influenciada por políticos - e menos por técnicos e administradores competentes.
"Acreditamos num risco político, mesmo que reduzido, que pode levar à desapropriação da camada de pré-sal, impedindo a Petrobras de explorar as reservas", afirma a corretora Prosper. Se isto ocorrer, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, já teria assinalado com uma indenização à estatal, responsável pelos investimentos na prospecção e descoberta dos novos campos.
Outro problema é a suspeita de que parte das reservas descobertas vá além dos blocos já demarcados e licitados. De acordo com o Valor Econômico, cerca de 30% do pré-sal pode pertencer à União. O ponto é que as reservas seriam coligadas a áreas já licitadas, isto é, fariam parte de uma mesma jazida. Neste caso, a prática mundial é fechar um acordo para unir a exploração, e deixá-la com os sócios de campos já licitados. Nesse caso, a União teria de decidir os critérios para repassar suas reservas aos investidores que já atuam na região. A proposta da Petrobras é que essas reservas sejam integradas ao seu patrimônio, por meio do aumento do capital da União, que hoje possui 32,2% do capital total da companhia.
Para a corretora do banco Itaú, essa solução seria adequada do ponto-de-vista da Petrobras, por dispensar a criação de uma nova estatal. Mas ela não é isenta de riscos. O mais grave é que, ao ampliar o peso do governo no quadro societário, a Petrobras estará mais exposta a interferências políticas. "É horrível notar que, em troca de uma solução, a Petrobras pode ser convidada a fazer mais investimentos não-prioritários, como em refinarias no meio de lugar nenhum", afirma o banco.