Corretora ModalMais lança banco digital para atrair cliente do varejo
Clientes poderão ter conta corrente e receber salários, pagar contas e utilizar cartão de débito com a bandeira Visa
Marília Almeida
Publicado em 22 de novembro de 2018 às 11h32.
A corretora Modalmais, plataforma de investimento do Banco Modal e maior instituição financeira em número de investidores pessoa física investindo na B3, com 330 mil clientes ativos, acaba de se tornar um banco digital. Com isso, os clientes poderão ter conta corrente e receber salários, pagar contas e utilizar cartão de débito com a bandeira Visa de acordo com seus rendimentos. Além disso, também será possível alavancar investimentos com o financiamento do próprio Banco Modalmais.
As vantagens pensadas para o investidor incluem diferenciais que não existem na conta de investimentos oferecidas pelas corretoras, como ter o saldo em conta garantido pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Hoje, se uma corretora quebra, o dinheiro parado em conta do cliente fica preso e entra na liquidação da instituição, pois o FGC não cobre corretoras. Além disso, o cliente contará com taxa zero para TED, será isento de manutenção de conta e receberá atendimento de especialistas em investimentos.
Crédito com garantia nas aplicações
Até o fim do ano, o banco ainda oferecerá linhas de crédito com taxas mais baixas usando como garantia os investimentos do cliente na corretora e permitirá a portabilidade de contas-salário. A ideia é que o cliente que tem uma aplicação de longo prazo não seja obrigado a resgatá-la para cobrir uma emergência. E, no primeiro trimestre de 2019, a instituição disponibilizará cartão de crédito, também com a bandeira Visa.
“Queremos ser o banco digital dos investidores”, afirma Rodrigo Puga, presidente da Modalmais. “Identificamos uma oportunidade de oferecer aos nossos clientes a facilidade de concentrar serviços e vantagens em uma única plataforma, favorecendo o uso dos rendimentos obtidos em ‘day trade’ e aplicações”, explica. “Será a primeira plataforma com estrutura aberta atrelada a um banco no Brasil”, diz, numa referência às demais corretoras independentes, que não possuem um banco próprio. Em geral, os grandes bancos possuem corretoras, mas com plataformas restritas, que não oferecem produtos de outras instituições, como CDBs e LCIs.
200 mil clientes na fila
O banco digital foi testado por mais de 20 mil clientes e mais 200 mil estariam na fila para abrir suas contas. A proposta é terminar este mês com 100 mil clientes e a expectativa é de adesão total dos atuais 330 mil clientes da corretora. Até o fim do ano que vem, Puga estima chegar a 850 mil clientes, alcançando R$ 20 bilhões sob custódia. O Modal, excluindo o braço de varejo, tem atualmente R$ 30 bilhões sob administração. Para o ano que vem, a meta é chegar a R$ 80 bilhões, somando R$ 100 bilhões no total.
Segundo Puga, a ideia é diminuir a fricção que existe hoje do cliente do banco sair para investir em uma corretora independente. “O foco é o cliente do varejo de alta renda do banco, com R$ 50 mil a R$ 500 mil para investir, e que já viu que a poupança, o fundo DI e o CDB da grande instituição não rende e quer buscar opções mais rentáveis, mas tem medo de sair do bancão”, diz o executivo. “Com o banco digital, o investidor pode testar, ele já abre a conta no banco e na corretora ao mesmo tempo e já pode usar a plataforma de investimentos mais diversificada”, afirma Puga. À medida que o cliente investe na corretora, o débito cai automaticamente na conta do banco digital.
Número de clientes deve crescer 311% este ano
O banco digital marca os três anos de criação da corretora ModalMais, que pretende fechar o ano com 370 mil clientes ativos. No fim do ano passado, eram 90 mil clientes, o que representa um crescimento de 311%. Em 2016, a corretora tinha 15 mil clientes. “Abrimos cerca de 1.600 contas por dia, ou quase 30 mil por mês”, destaca Puga.
Líder em traders
A corretora também apresenta uma diversificação de clientes, com um terço do total formado por traders, os investidores que compram e vendem contratos futuros durante o dia em operações de day trade. “Somos líderes nesse segmento”, afirma Puga. A corretora recentemente lançou uma campanha de corretagem zero para atrair esses investidores. “Crescemos em 80% o número de clientes em duas semanas”, afirma.
Três tipos de clientes
Segundo o executivo, a corretora tem três focos, o investidor novo, que está fazendo a migração dentro da renda fixa, da poupança para Tesouro Direto ou CDB e LCI, o trader especializado e o cliente diversificado, que aplica em três ou quatro produtos, como ações, fundos multimercados e operações estruturadas.
Para atender esse público, a ModalMais ampliou a prateleira de fundos, passando de 30 em 2017 para 200 este ano. “Somos a segunda do mercado em número de carteiras”, afirma Puga. A corretora ampliou também as parcerias com bancos e financeiras emissores de CDBs, LCIs e LCAs, de 5 para 34, oferecendo 350 opções diferentes de títulos em termos de emissor, prazo, taxas e formas de remuneração. No Tesouro Direto, a corretora é a quarta no ranking, com cerca de 50 mil clientes cadastrados. “Não somos incentivadores do Tesouro Direto, pois a remuneração para nós é baixa”, admite Puga.
Espaço para crescer
A meta de chegar a 850 mil clientes no fim do ano que vem é possível levando em conta o resultado deste ano, afirma o executivo. “Achamos provável esse crescimento considerando que hoje temos um universo de apenas 700 mil investidores em corretoras aplicando em títulos de bancos, para 69 milhões de aplicadores em caderneta de poupança”, diz. Além disso, desses investidores em poupança, 15 mil possuem mais de R$ 1 milhão aplicados, o que dá pelo menos R$ 15 bilhões em recursos que poderiam estar rendendo mais. “Mesmo para valores menores, a partir de R$ 100, o investidor já teria opções melhores que a poupança no Tesouro Direto ou alguns fundos”, diz.
Lucro de R$ 10 milhões no ano
Com esse crescimento a Modalmais está fechando o ano com um lucro de R$ 10 milhões, mais que o triplo dos R$ 3 milhões do ano passado e equivalente a um retorno de 25% sobre o patrimônio de R$ 40 milhões. Para o ano que vem, Puga estima que esse lucro pode saltar para R$ 30 milhões. “Temos vários projetos para o ano que vem, como entrar no segmento de previdência privada e seguros”, diz.
Seguros e previdência
Para isso, a Modalmais deve criar uma corretora de seguros e está negociando com seguradoras a criação de fundos de previdência diferenciados, com gestores badalados, para oferecer aos clientes. “Mas não vamos atuar com crédito direto ao consumidor, somente com o crédito dos cartões e o crédito colateralizado, garantido pelas aplicações dos clientes”, explica.