Corretora Ativa indica compra de Santander com preço-alvo de R$ 31,86
Subsidiária do banco espanhol no Brasil teria vantagens sobre rivais, como mais capital e apoio da matriz
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h33.
A corretora Ativa iniciou a cobertura das ações do Santander Brasil com recomendação de compra e preço justo de 31,86 reais. O papel teria, portanto, um potencial de valorização de 57,8%. A principal razão de otimismo é que o banco estaria sendo negociado com um forte desconto em relação a seus três principais concorrentes. O valor de mercado do Santander é equivalente a 1,8 vez seu patrimônio líquido, ou 20% a menos que a média de Banco do Brasil, Itaú Unibanco e Bradesco.
O mercado costuma justificar tal desconto com o fato de que a carteira de crédito do Santander seja muito mais tímida que a dos principais rivais. A relação entre o capital próprio de um banco e o total de recursos que ele empresta é medida no sistema financeiro pelo chamado índice de Basileia. Quanto menor é esse indicador, mais agressivo nos empréstimos é um banco. O índice do Santander alcança 24%, contra 17% do Bradesco e do Itaú Unibanco. O BB, o banco mais alavancado desse grupo, tem índice de apenas 14% - já próximo do limite mínimo estabelecido para os bancos brasileiros de 11%.
Se por um lado esses dados mostram que o Santander é o banco com menores chances de enfrentar dificuldades financeiras, por outro fazem com que a subsidiária do banco espanhol tenha uma rentabilidade bem menor que seu pares. Emprestando menos dinheiro, é lógico que o banco apresentará um lucro bem inferior. A rentabilidade sobre o patrimônio líquido do Santander é de 11%, contra 20% do Bradesco, 23% do BB e 24% do Itaú Unibanco.
No entanto, o Santander realizou a maior oferta inicial de ações da história brasileira com a promessa de se tornar um banco bem mais agressivo na concessão de crédito. A corretora Ativa expõe cinco motivos para embasar sua tese de que os resultados do banco vão melhorar nos próximos anos: 1) O aumento da taxa básica de juros deve elevar a rentabilidade de empréstimos pós-fixados; 2) O Brasil passa por um momento de robusto crescimento do crédito; 3) A inadimplência bancária permanece sob controle com o crescimento da economia e a queda do desemprego; 4) O banco tem benefícios fiscais de aquisições passadas a serem aproveitados no futuro; e 5) A aquisição do Banco Real deve gerar ganhos de escala e sinergias avaliadas em 2,4 bilhões de reais.
Por todos esses motivos, a Ativa acha que o Santander será capaz de elevar seu lucro líquido em 22% ao ano até 2014. A corretora acredita que o banco está certo em direcionar seus esforços para o aumento do crédito para pessoas físicas e pequenas e médias empresas - que deixam o risco da carteira mais pulverizado. Além disso, o Santander possui como diferencial a presença internacional de sua matriz, que lhe confere acesso a uma plataforma global, alcance a clientes multinacionais e a experiência na concessão de crédito do banco espanhol. Por último, o banco promete distribuir um percentual maior de seus lucros para os acionistas quando comparado com BB, Bradesco e Itaú.