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Conheça o cartão de crédito que parcela em até 200 vezes

Nova administradora Shopcards vai lançar produto com prazos de pagamento flexíveis e os menores juros do mercado de cartões

Shopping D&D será o primeiro a lançar cartão próprio da Shopcards (Divulgação)

Shopping D&D será o primeiro a lançar cartão próprio da Shopcards (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 16 de março de 2012 às 07h10.

São Paulo – O mercado verá, em breve, a estreia de uma nova linha de cartões de crédito que promete juros menores do que os do rotativo do cartão atualmente. Mais do que isso, o Shopcards deverá ser aceito em estabelecimentos onde hoje os plásticos praticamente não entram, como consultórios médicos e dentários, além de possibilitar prazos de parcelamento bem maiores que as tradicionais dez vezes “sem juros”. “Quem define o número de parcelas é o estabelecimento, mas nosso sistema prevê que seja possível parcelar em até duzentas vezes”, diz Marcello Gimenez, vice-presidente da Shopcards e ex-diretor da Credicard.

Um prazo de duzentas vezes equivale a nada menos que 16 anos de dívida no cartão de crédito, com a incidência de juros compostos. A promessa da Shopcards é que essa taxa será bem menor do que a tradicional taxa do rotativo, atualmente de 10,69% ao mês ou 238,30% ao ano em média. Mas essa taxa pode chegar facilmente a 15% ao mês. “As taxas de juros também serão definidas caso a caso, mas se for acertada para um determinado lojista uma taxa de 6% ou 6,5% ao mês, já seremos competitivos”, diz Gimenez.

No entanto, o professor de finanças da FGV-SP, Samy Dana, alerta: “O consumidor tem que lembrar que são juros sobre juros, então uma taxa de 6% ao mês equivale a mais de 100% ao ano. Ele perde muito mais no longo prazo. O que é melhor: dever por um dia a uma taxa de 80% ao ano ou dever pela vida toda a uma taxa de 50% ao ano? A taxa de juros do cartão de crédito é para dívidas de prazos muito curtos”.

Com prazos alongados, fica fácil perder o controle dos gastos e acabar endividado. Um prazo de 24 meses já requer atenção redobrada para que o consumidor para não contraia muitas dívidas ao longo desse período. Levando-se em consideração que a educação financeira não é amplamente disseminada no Brasil e que o brasileiro geralmente busca a parcela que cabe no bolso, os resultados podem ser desastrosos.

A existência de um cartão de crédito com taxas de juros menores, porém, não deixa de ser positiva, uma vez que força o mercado a baixar os juros. “Quanto mais concorrência tivermos nesse mercado, mais os grandes bancos terão de baixar os juros. Essa concorrência é sadia para o consumidor”, diz Conrado Navarro, planejador financeiro da consultoria Dinheirama.

Como funciona

A ideia da Shopcards é confeccionar cartões voltados especificamente para os estabelecimentos, nos moldes do que já acontece com os cartões de crédito atrelados a grandes varejistas. Cada instituição poderá, portanto, definir seu próprio prazo máximo de parcelamento e taxa de juros, que começará a incidir desde a primeira parcela, como acontece em qualquer outro empréstimo. “É uma oficialização do empréstimo. É preciso ter em mente que não existe parcelamento realmente sem juros. Tanto que se o consumidor opta por pagar uma compra à vista, ele recebe um desconto”, lembra Marcello Gimenez.

A empresa pretende atuar principalmente junto a varejistas que comercializem eletrodomésticos (linha branca e linha marrom) – o que possibilitará, por exemplo, o abandono dos tradicionais boletos e carnês de pagamento – confecções de alto padrão e consultórios e clínicas médicas e dentárias. O primeiro varejista a lançar seu cartão próprio Shopcards será o Shopping D&D, em São Paulo, voltado para decoração e design. Espera-se que só este contrato gere, no mínimo, 60.000 cartões.


Para possibilitar a taxa de juros mais competitiva, os custos da operação também serão reduzidos. A máquina será fornecida gratuitamente e a taxa de administração será de 1,5%. De acordo com o vice-presidente da Shopcards, esse custo atualmente costuma oscilar entre 3,5% e 6,5%. Os tipos de captura também são de baixo custo e podem até dispensar a tradicional maquininha, como acontece com o sistema de pagamentos mobile e o aplicativo que roda em ambiente web e funciona como maquineta.

O software que permite a diversificação de pagamentos também permite o acompanhamento das compras dos consumidores, possibilitando, por exemplo, o envio de anúncios customizados de acordo com os hábitos de cada cliente, desde que este autorize o recebimento deste material. Será possível, inclusive, fazer o cruzamento de dados para que administradora descubra que o sujeito que compra na loja X também compra no supermercado Y, favorecendo o envio de sugestões de compra que possam lhe interessar.

A facilidade é uma faca de dois gumes. Se por um lado o consumidor se verá livre dos spams publicitários, obtendo informações mais específicas e potencialmente mais interessantes sobre as ofertas, por outro, esse tipo de abordagem pode aumentar a tentação, não sendo indicada para quem é impulsivo na hora de comprar.

Como cartões de crédito necessitam da intermediação de uma instituição financeira, a Shopcards tem buscado firmar parcerias com instituições fora do circuito dos grandes bancos. São bancos e financeiras de médio porte, sem rede de varejo e com mais interesse em ser competitivas no segmento de crédito, uma vez que não contam com um sistema de contas-correntes como fonte de recursos. Segundo Gimenez, mais de dez bancos já fecharam parceria.

Busque crédito mais barato

Mesmo com taxas mais baixas que as dos demais cartões de crédito, os cartões Shopcards ainda são mais caros do que as tradicionais linhas de Crédito Direto ao Consumidor (CDC), em geral voltadas para o financiamento de eletrodomésticos, móveis, material de construção e até cirurgias plásticas. A taxa de juros média praticada hoje para esse tipo de empréstimo é de 1,97% ao mês, ou 26,38%. Mesmo uma linha de crédito cara, como os empréstimos voltados para cirurgias plásticas, não chega a cobrar nem 5% ao mês.

É claro que ir ao banco buscar um empréstimo é bem mais trabalhoso do que simplesmente passar o cartão na maquininha. Da mesma forma, o parcelamento pode não ser tão longo quanto aquele proporcionado pela Shopcards. Se o importante é ter uma parcela que caiba no bolso, essa pode ser a melhor opção, ainda que requeira muita atenção ao orçamento. Mas se o importante é pagar mais barato, melhor mesmo buscar outra linha de crédito para não ficar sufocado. “A grande sacada de um produto como o da Shopcards é a comodidade do cartão. O problema é que, quanto mais fácil o crédito, mais difícil para o consumidor discernir se aquela compra é necessária, e menos ele pensa nos juros”, alerta Conrado Navarro.

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