Minhas Finanças

Comprar um carro usado de locadora pode ser bom negócio

Há muito preconceito no mercado com veículos que não são dirigidos pelo dono - e isso leva as locadoras a oferecer preços atraentes e boas garantias para atrair consumidores

Loja de usados da Localiza: 34.500 carros vendidos em 2009 (.)

Loja de usados da Localiza: 34.500 carros vendidos em 2009 (.)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h48.

São Paulo - Comprar um carro usado em uma locadora de automóveis já foi considerado coisa de maluco pelos brasileiros. Afinal, quem aluga um veículo não costuma ter os mesmos cuidados de um proprietário. Muita gente só loca um carro quando sabe que vai utilizá-lo em condições severas - para transporte de carga pesada ou viagem em estradas ruins, por exemplo - justamente com o objetivo de não desgastar o automóvel próprio. Por mais paradoxal que possa parecer, é justamente por esses motivos que pode ser um bom negócio comprar um veículo de locadora. Para reduzir o preconceito do brasileiro, as revendas dessas empresas muitas vezes oferecem melhores condições de garantia, preços atraentes e condições diferenciadas de financiamento. E já há até lojas que oferecem uma espécie de "test drive" de dois dias para fisgar o cliente.

A principal isca das locadoras é o preço. Os descontos, no entanto, variam muito de acordo com a empresa. Cláudio Gottsfritz, gerente de seminovos da Avis, diz que as lojas da rede vendem veículos usados com preços entre 5% e 20% abaixo da tabela Fipe - referência para o mercado de automóveis. O tamanho do desconto varia de acordo com o número de carros que a empresa precisa vender para renovar a frota. Se a Avis tiver que se desfazer, por exemplo, de 200 carros Gol em determinada semana, é provável que o preço desse modelo caia.

Diretor de seminovos da Localiza, a líder em aluguel de automóveis no Brasil, Marco Antônio Guimarães diz que o desconto médio concedido nas 48 lojas da empresa por um carro com até 30.000 quilômetros rodados é de 15% em relação a um novo. Segundo ele, os descontos variam muito de acordo com o preço dos carros. Em geral, os automóveis populares têm os menores abatimentos. Já os mais caros e os importados oferecem descontos mais atraentes. "Trabalhamos dessa forma porque a depreciação dos veículos mais caros é sempre maior", diz.

As locadoras de veículos conseguem oferecer esse tipo de desconto ao comprador porque também adquiriram o veículo por um preço mais atraente. A Avis diz comprar cerca de 6.000 veículos a cada quatro meses. Obviamente a montadora que vai fornecer todos esses carros aceita conceder um desconto proporcional ao tamanho da encomenda para não perder o cliente. Depois de usar o veículo por cerca de um ano, a empresa o coloca à venda em uma de suas lojas. O preço de revenda será o mais próximo possível daquele pago à montadora devido ao desconto obtido.


Vitor Meizikas Filho, analista de mercado e gestor da Molicar, diz que o problema é que nem sempre o desconto obtido pela locadora junto à montadora será integralmente repassado ao novo dono. Como o carro de locadora também terá uma depreciação quando for novamente revendido, muitas vezes o desconto concedido à pessoa física deveria ser maior. "No caso de um Palio que vale 18.000 reais, eu vou pagar 17.000 reais para comprá-lo só porque o carro teve como primeiro dono uma locadora", afirma Cristiano Moreno, gerente de seminovos da concessionária Itavema.

Se você acha que o futuro comprador não vai perceber que o carro à venda veio de locadora, saiba que é praticamente impossível esconder essa informação. O dado consta do documento de transferência para o nome do primeiro dono pessoa física. A partir do próximo proprietário, a informação poderá ser encontrada em bancos de dados como o da Checkauto, que possui o histórico de milhões de veículos brasileiros. Além disso, boa parte dos carros que já pertenceram a locadoras têm "A" ou "H" como primeira letra da placa. Isso porque são comprados e emplacados em Minas Gerais ou Paraná, onde o IPVA é mais baixo

Garantias de qualidade

Comprar carros diretamente de outras pessoas físicas também é uma forma de obter um desconto. Ao escolher por um carro de locadora, entretanto, o comprador terá a garantia de procedência do veículo. Como a maioria das lojas só vende automóveis próprios, não existe a chance de comprar um automóvel roubado ou com problemas de documentação. Além disso, a loja assume multas anteriores à compra que eventualmente apareçam no sistema do Detran somente após o negócio. Por último, as locadoras oferecem 90 dias de garantia para motor e câmbio - assim com qualquer concessionária. Nas entrevistas concedidas a EXAME, algumas empresas do setor dizem que ainda negociam a extensão da garantia para até 120 dias e aceitam realizar consertos de outras peças durante esse prazo caso o dono prove que trata-se de um defeito pré-existente. A Localiza promete até carro reserva enquanto o reparo é realizado.

Em geral, as locadoras dizem que o perfil dos carros vendidos nas lojas também é muito diferente de antigamente. Boa parte dos veículos foram alugados para empresas em contratos de terceirização de frota. Nesses casos, é bastante comum que um único executivo tenha rodado com o veículo - muitas vezes somente em cidades e vias em bom estado. Segundo as lojas, não há motivos para se preocupar mesmo com os carros que são utilizados para a locação diária. Apesar de não serem multiusuário, esses carros passam por inspeções diárias e realizam todas as revisões recomendadas pelos fabricantes.


Já os automóveis com alta quilometragem, danificados por acidentes graves ou usados em condições severas vão para leilão ou são repassados para outros revendedores de veículos. A Localiza, por exemplo, diz que todos os automóveis colocados à venda em suas lojas têm o histórico analisado e passam por uma perícia sobre o estado de conservação. Cerca de 20% dos automóveis examinados não conseguem passar nos testes e acabam vendidos no atacado para compradores especializados nesse tipo de negócio.

A Avis diz que a maior prova da qualidade de seus veículos é que o comprador pode alugá-los por dois dias antes de fechar negócio. Nesse período, poderá realizar todo tipo de teste com o automóvel. Poderá, inclusive, levá-lo para a inspeção em um mecânico de confiança. Caso a compra seja realizada, a locação é gratuita. Já o motorista que desistir do negócio não leva o carro para a garagem e paga as duas diárias de locação. Apesar desse custo, especialistas recomendam a realização do teste antes da compra de um veículo usado.

Forma de pagamento

Outra facilidade a quem escolhe comprar um carro de locadora são as condições de pagamento. Na Avis, é possível pagar em até dez vezes sem juros no cartão de crédito. Já quem decide financiar a compra do automóvel também pode obter vantagens. Assim como as concessionárias, as locadoras costumam fechar acordos com instituições financeiras. Em troca do direito de oferecer crédito aos compradores dentro das próprias lojas, os bancos costumam oferecer taxas de juros mais baratas que as que o comprador poderia conseguir se fosse direto a uma agência. Taxas próximas a 15% ao ano estão disponíveis a compradores com um bom histórico de pagamento.

Já o benefício tributário que poderia ser obtido pelo comprador que optasse pelo carro de locadora está cada vez mais raro. Durante muitos anos, as principais locadoras do país registravam os veículos em Minas Gerais ou Paraná mesmo que o carro fosse rodar em São Paulo. Essa era uma forma de fugir da alíquota de 4% cobrada pelo governo paulista de Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA). Como muitas vezes o comprador pagava o IPVA antes de transferir o veículo para o próprio nome, acaba também sendo beneficiário do planejamento tributário da locadora.


Nos últimos meses, entretanto, a Secretaria de Fazenda do Estado de São Paulo tem fechado acordos com as maiores locadoras de veículos do país para que os carros que rodam em vias paulistas sejam registrados no próprio estado. Em troca, as locadoras ganharam um incentivo tributário e podem pagar só 2% do valor venal do veículo a título de IPVA. Com isso, a maioria das lojas já repassa ao comprador um carro com placa do estado de São Paulo.

Apesar do fim do incentivo tributário, o negócio de venda de veículos por locadoras não para de crescer. Somente a Localiza comercializou 34.500 carros em 2009. Isso é mais do que 1% do total de carros novos vendidos no Brasil no ano passado - nada mal em um mercado bastante fragmentado. Todas as grandes empresas têm investido na abertura de novas lojas. Já existem até mesmo feirões exclusivos de carros de locadoras para permitir a renovação das frotas. O crescimento foi tamanho que alguns especialistas dizem que a venda de carros usados se tornou o principal negócio de algumas empresas do setor - tomando o lugar da própria locação.

Apesar da expansão das redes e das garantias de qualidade dos veículos comercializados, todos os cuidados necessários na hora de comprar um carro usado também devem ser tomados quando a compra é fechada em uma locadora. No site Reclame Aqui, há 12 queixas de consumidores contra a Localiza Seminovos neste ano até o dia 10 de maio. As reclamações referem-se a carros transferidos para o nome do comprador com multas, defeitos mecânicos, demora no conserto ou carro vendido após acidente grave. Se for levado em consideração que a Localiza vende cerca de 3.000 veículos ao mês, o número de reclamações é marginal. Menos de um em cada mil consumidores teve problemas e registrou queixa. No entanto, apenas o fato de haver reclamações mostra a importância de ser sempre bastante cauteloso na hora de comprar um veículo usado.


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