Minhas Finanças

Como obter uma renda extra alugando seu quarto

12 dicas para anunciar seu espaço na rede social de hospedagem Airbnb e ganhar uma renda extra que pode chegar a mais de 300 mil reais

Quarto (Stock.xchng/Piotr Lewandowski)

Quarto (Stock.xchng/Piotr Lewandowski)

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Da Redação

Publicado em 16 de outubro de 2014 às 07h30.

São Paulo - Tem um espaço sobrando e está precisando de um dinheirinho? Que tal transformar seu sofá, sua rede de descanso, quarto, barco ou seu apartamento inteiro em uma acomodação e uma fonte de renda extra?

O aluguel é uma velha alternativa para quem precisa ampliar a renda no final do mês, mas com a criação da rede social Aibnb e a sua popularização conseguir um hóspede ficou muito mais fácil. 

O Airbnb é uma plataforma que liga pessoas que desejam anunciar seu espaço para hospedagem a viajantes que buscam uma estadia durante suas férias. Ele dá ao anunciante do cômodo acesso a uma rede com mais de 17 milhões de viajantes do mundo todo.

O "Air" do nome vem de colchão inflável e "bnb" de "bed and breakfast", tipo de hospedagem simples na qual pessoas abrem sua casa para receber viajantes. A expressão resume a proposta do site: transformar qualquer tipo de espaço, mesmo um colchão inflável, em uma opção de estadia.

A renda extra com o aluguel pode partir de 23 reais, que seria o preço de uma das diária mais baratas no site, até mais de 376 mil reais, que seria o valor obtido pelo aluguel por 30 dias do mês de algumas das casas mais caras do Airbnb, que chegam a custar mais de 12.500 reais a diária.

Segundo Christian Gessner, diretor geral do Airbnb no Brasil, é muito difícil precisar a renda extra que pode ser obtida porque a plataforma aceita qualquer tipo de espaço, desde um quarto simples até mansões e castelos.

“Algumas pessoas já conseguiram ganhar mais dinheiro com o Aibnb do que com o seu emprego normal, outras conseguiram poupar o suficiente para abrir seu negócio. Depende do que o anunciante oferece e como ele quer oferecer, se o tempo todo, ou uma vez por mês”, diz.

O Airbnb foi criado em 2008, em São Francisco, Estados Unidos e chegou ao Brasil em abril de 2012. De lá para cá, os anúncios brasileiros passaram de 3 mil para os atuais 40 mil. No mundo todo, o site soma cerca de 800 mil anúncios.

Relatos de hóspedes

EXAME.com conversou com alguns anfitriões do Airbnb para detalhar melhor o tamanho da renda extra normalmente obtida.

Mariana Simões (30), consultora na área de regulação farmacêutica, aluga um quarto do seu apartamento localizado no bairro de Pinheiros, em São Paulo, e ganha 2.300 reais com a hospedagem, dos quais 300 são gastos com as despesas dos hóspedes.

Naiana Motta (35), designer, aluga um sofá-cama na sala do seu apartamento em Brasília, na Asa Norte. “Alguns meses não tiro nada, em outros só alugo por cinco dias, mas nesse último mês estou com 1 hóspede por quase 1 mês no sofá e vou ganhar 1.200 reais”, diz.

Graziela Machado (50), servidora pública, aluga um quarto no Jardins, bairro nobre de São Paulo. Ela ganha cerca de 3 mil reais com a acomodação e diz não ter gastos extras com a hospedagem, além dos que ela já tinha para manutenção da casa antes de entrar no Airbnb.

“A partir dessa movimentação dos aluguéis resolvi comprar outro apartamento no Centro, que também devo anunciar no Airbnb. Além disso, comprei uma casa em Orlando que colocamos no Airbnb e já recebemos nossos primeiros hóspedes. A expectativa é de que com os aluguéis do Airbnb consigamos pagar o financiamento das duas casas”, afirma Graziela.

Daniela Ortega (30), estudante de letras, aluga um apartamento de um dormitório no Centro de São Paulo e recebe em média 2 mil reais por mês, dos quais cerca de 700 reais são gastos com condomínio, contas de água, luz e outros gastos para manter o apartamento.

“Hoje eu ganho cerca de 1.300 reais, descontado os gatos. Quando eu alugava o imóvel por um ano eu ganhava 800 reais, mas as despesas eram menores. Somando tudo, agora eu ganho 500 reais a mais do que eu ganhava com o aluguel anual”, diz Daniela.

Elisa Bomfim (52), professora de espanhol e mestre em literatura, passou a alugar o quarto do seu apartamento beira-mar, na praia de Botafogo, no Rio de Janeiro, depois que suas filhas saíram de casa. "Começamos a alugar porque somos viajantes frequentes, já tínhamos nos hospedado no Airbnb e sempre adoramos o conceito. A renda varia muito, mas em média recebemos 1.000 reais por mês, 

Veja a seguir algumas dicas dos anfitriões e do diretor geral do Airbnb no Brasil para você também anunciar seu espaço:

1) Não pense apenas na recompensa financeira

Segundo Christian Gessner, quando dinheiro é a única motivação para o anúncio, a experiência pode não dar certo. “O incentivo financeiro não é suficiente. Para o médio prazo, a motivação cultural, de receber pessoas de outras lugares, que falam outras línguas é a motivação mais forte”, diz.

Não pensar apenas no dinheiro é a principal dica da anfitriã Mariana Simões. “Eu resolvi entrar no Airbnb muito pela experiência, só depois veio a diferença na renda. Minha principal dica é fazer de coração aberto, porque ao pensar só na renda o anfitrião pode não entender peculiaridades dos hóspedes e tratar mal a pessoa”, afirma.

Para Graziela, que não tinha problemas para manter suas contas, a prática de outras línguas foi uma motivação maior do que a renda extra. “Entrei no Airbnb pela experiência. Eu fiquei em um apartamento do Airbnb em Londres e gostei muito. Claro que eu saí da minha zona de conforto, mas o que ganho em troca é muito maior. Eu falo inglês e francês e os hóspedes me permitem praticar esses idiomas e conhecer outras culturas”, diz.

2) Comece pedindo um valor mais baixo

Assim como um produto novo no mercado começa a ganhar o público pelo preço mais baixo, para apenas depois aumentar o preço, a mesma estratégia deve ser aplicada à sua acomodação.

O mais importante como anfitrião é começar com o menor preço possível porque seu perfil é virgem. Depois da primeira avaliação positiva, o preço pode subir cada vez mais”, diz Gessner. 

Mariana Simões conta que começou pedindo 50 reais pela diária. “Eu não tinha um quarto tão confortável, apenas um sofá, então eu cobrava menos. Hoje eu tenho uma cama box e avaliações mais positivas, então já consigo cobrar um preço maior”, diz.

3) Busque melhorar sua avaliação

Diversos critérios são ponderados para definir a ordem de apresentação dos anúncios no site, mas a avaliação dos hóspedes é um dos mais importantes. “O algoritmo principal é a avaliação. Quanto mais positiva, mais alto fica o anúncio no ranking. Também influenciam bastante a taxa de rapidez na resposta e a atualização do calendário”, diz o diretor do Airbnb no Brasil.

A manutenção do calendário atualizado é importante para informar corretamente os dias disponíveis para aluguel.

4) Responda rápido

Como um dos critérios para o maior destaque do anúncio é a velocidade da resposta, vale usar algumas ferramentas para facilitar a tarefa.

O site oferece um serviço de notificações em tempo real que avisa quando algum usuário se interessa pela acomodação. Os alertas são feitos por mensagem de texto ou por meio de notificações dos aplicativos, disponíveis para os sistemas iOS ou Android.

O anfitrião tem total liberdade para escolher as reservas que serão aceitas ou não, mas a colocação dos seus anúncios nos resultados de busca pode piorar caso sejam recusados muitos pedidos. Um artigo do site explica detalhes sobre a exposição dos anúncios.

5) Pesquise os preços da sua região

Para ter uma noção sobre o valor que você pode cobrar, busque anúncios perto da sua casa. Caso não existam anúncios próximos, procure regiões parecidas com o seu bairro, em termos de oferta de transporte, entretenimento e serviços para ter uma base de comparação.

Segundo dados do Airbnb, os preços médios do aluguel de um uma casa ou apartamento para duas pessoas em São Paulo é de 250 reais, no Rio de Janeiro 300 reais e em Fortaleza 200 reais (dados de setembro de 2014). O site não revelou os dados para outras cidades.

6) Reinvista parte do valor na acomodação

Quanto melhor o aspecto da acomodação e as comodidades oferecidas, maior será o interesse pelo anúncio e melhor será a sua avaliação. Por isso, se a sua acomodação não tiver muitos atrativos, vale a pena investir parte do valor recebido com as primeiras diárias em melhorias.

Foi exatamente isso que Mariana fez no seu quarto na Vila Madalena. “Tudo que recebi no primeiro mês eu investi no quarto. Comprei uma luminária, uma mesa confortável e uma cama box para substituir o sofá-cama. Com as mudanças a procura aumentou bastante”, diz.

7) Trate bem seus hóspedes para melhorar sua avaliação

O quadro de avaliações de Mariana Simões é um exemplo para outros anfitriões: 100% dos comentários são positivos e os hóspedes não economizam elogios.

Segundo a anfitriã, o seu segredo é mostrar a rotina de uma família brasileira e tratar os hóspedes como amigos. “Eu convido os hóspedes para tomar café comigo, sempre que é estrangeiro eu levo à feira, ofereço uma cachaça brasileira. Eu encaro como se fossem meus amigos e procuro sempre ajudar. Meu diferencial é mostrar como é morar em uma casa brasileira”, diz.

Naiana, que aluga um sofá-cama em Brasília, também faz algumas gentilezas para atrair mais hóspedes: “Costumo oferecer um serviço de transporte do aeroporto para a minha casa pela metade do valor da corrida de táxi”, diz.

8) Solicite a vista de um fotógrafo oficial

A qualidade das fotos também influencia muito na atratividade do anúncio. Para quem não tem muita aptidão para os cliques, o Airbnb oferece um serviço gratuito de fotografia profissional para os anfitriões, em diversas cidades. Para solicitar o serviço, basta preencher uma ficha demonstrando o interesse no site.

9) Entenda os custos e as formas de pagamento

O Airbnb cobra dos anfitriões uma taxa de 3% sobre o valor total da reserva. Esse é o único pagamento que o anunciante faz à empresa pelos seus serviços.

Além da taxa, no entanto, o anfitrião pode ter custos adicionais com a hospedagem, como aumento nas contas de luz, água, internet e aumento nos gastos com manutenção do imóvel, como com limpeza.

O Airbnb libera o pagamento 24 horas depois do check-in do hóspede. Assim que o pagamento é autorizado, ele ainda precisa ser processado pelo sistema bancário. De acordo com a forma de pagamento, pode demorar algumas horas (Paypal, por exemplo) ou até 15 dias úteis, como no caso de um cheque enviado pelo correio.

Também é cobrada uma taxa de serviço dos hóspedes, que varia de 6% a 12%, sendo que quanto maior o valor, menor o percentual da taxa.

O anfitrião pode exigir que os hóspedes façam um depósito de segurança de 100 dólares a 5 mil dólares. O valor é deixado como garantia para cobrir eventuais acidentes que possam ocorrer durante a hospedagem, como uma janela quebrada ou uma chave perdida.

O anfitrião tem 48 horas após o check-out para reivindicar o depósito de segurança, se necessário. O Airbnb realiza a mediação e recolhe o pagamento do hóspede, caso comprove que o pedido se justifica.

10) Conheça os problemas de antemão

Principalmente nos Estados Unidos, onde o sistema de acomodação é mais difundido, de tempos em tempos relatos de problemas com hóspedes aparecem na mídia.

Em um artigo publicado em julho deste ano, o site Huffington Post, reuniu alguns dos piores problemas já relatados por anfitriões. Entre eles, roubos, realizações de festas e até agressões aos proprietários.

Por outro lado, no mesmo artigo o site afirma que o Airbnb tomou medidas para reverter o prejuízo e indenizar os anunciantes.

“Esses casos divulgados pela mídia têm em comum o fato de o anfitrião ter aceitado um hóspede que não tinha um perfil completamente preenchido e avaliações positivas. A confiança é a chave da nossa plataforma e cada usuário tem um perfil que permite identificar se a pessoa é confiável ou não, com informações como telefone, documentos e os amigos em comum nas redes sociais”, diz o direitor do Airbnb.

11) Converse com os potenciais hóspedes antes de aceitar a reserva

Para diminuir riscos, a principal dica para novos anfitriões é pedir o maior número de informações possível sobre o potencial hóspede antes de aceitar sua reserva, como documentos, telefone e perfil em redes sociais, além de observar avaliações anteriores e conversar com anfitriões que já tenham o recebido antes.

Apesar dos problemas lá fora, Gessner diz que o único problema relatado no Brasil até o momento foi o desaparecimento de uma faca. “Era uma faca de pizza que não estava mais na casa depois que o hóspede saiu. Não se sabe se ele a levou ou se 'sem querer ela saiu pela janela', mesmo assim fizemos uma surpresa para o anfitrião e enviamos uma nova faca de presente”, diz o diretor.

Caso ocorra algum problema mais sério e o prejuízo ultrapassar o valor do depósito de segurança, o site oferece uma garantia de até 1,8 milhão de reais. Para obter a cobertura, o anfitrião deve entrar em contato com o Airbnb, que analisa a ocorrência para decidir se haverá liberação do valor ou não.

Dentre os cinco anfitriões entrevistados por EXAME.com, nenhum relatou problemas graves. “O único um problema que tive foi com uma hóspede que deixou cair um produto de cabelo no taco e a mancha não saiu mais, mas paciência”, diz Mariana Simões.

Ela diz que para se prevenir sobre problemas, ela avalia muito bem a postura do usuário no primeiro contato. "Se o hóspede entra em contato com uma abordagem que eu não gosto eu já nego, quando ele reserva o quarto e não manda mensagem, por exemplo. Tento descobrir o máximo possível sobre ele antes de aceitar, verifico se ele informou os documentos, e-mail e quanto mais verificações tiver, mais segura eu me sinto”, afirma Mariana.

12) Fique atento a possíveis mudanças na lei

O Airbnb tem enfrentado resistências da indústria hoteleira. Um artigo da revista The Economist diz que, se o site mantiver o crescimento atual, em 2016 ele abocanhará 10% do faturamento da indústria hoteleira no Texas.

Por ser considerado uma ameaça, empresas do setor de turismo têm unido forças para pressionar autoridades a barrar o avanço do site, sobretudo por meio de leis locais de habitação.

De acordo com o jornal britânico The Guardian, o Airbnb tem sido pressionado principalmente em cidades como São Francisco, New Orleans, Malibu, Berlim, Barcelona e Nova York.

Em Nova York, por exemplo, o site encontra barreiras porque há algum tempo uma lei local proíbe proprietários de alugar apartamentos por mais de 30 dias. E em Berlim foi criada recentemente uma lei que proíbe estadias curtas sem a permissão de autoridades. 

Em São Francisco, apesar da pressão para restringir o aluguel em períodos curtos, foi aprovada na semana passada uma lei que autoriza a acomodação por até 90 dias, mas determina o recolhimento de impostos e o contrato de apólice de seguro pelos anfitriões. A medida ficou conhecida como a Lei Airbnb (Airbnb law).

No Brasil ainda não há nada concreto, mas o setor hoteleiro já tem se mostrado incomodado, por isso, ao anunciar é importante acompanhar o noticiário para ficar de olho se nada muda. 

Por enquanto, o Airbnb tem sido incentivado e na Copa do Mundo, inclusive, o Ministério do Turismo solicitou ao site ajuda para cobrir a escassez de oferta de estadia em algumas cidades-sede.

No Rio de Janeiro, de acordo com o Airbnb, os anúncios do site expandiram em 75% a capacidade de hospedagem na cidade, se considerada a quantidade de leitos, já que as casas anunciadas na cidade têm uma média de 4 leitos.

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