10 dicas para se livrar das dívidas e começar a investir em 2022
Veja as dicas de especialistas para evitar o endividamento neste ano e colocar a vida financeira em ordem
Marília Almeida
Publicado em 11 de janeiro de 2022 às 06h00.
Última atualização em 11 de janeiro de 2022 às 15h44.
A crise econômica no país, aliada à pandemia, está deixando os brasileiros mais endividados. Isso porque muitas pessoas perderam o emprego ou tiveram renda reduzida, o que desequilibra o orçamento e as reservas financeiras.
Usar o limite do cheque especial ou o cartão de crédito para resolver o problema é sempre tentador. Porém a associação de consumidores Proteste recomenda tomar mais cuidado com o crédito fácil para evitar o endividamento excessivo agora.
Segundo o especialista em economia da Proteste Rodrigo Alexandre, geralmente o descontrole financeiro começa sem ser percebido. No primeiro mês, o consumidor não consegue pagar o total da fatura do cartão de crédito e é obrigado a entrar no crédito rotativo. Já no segundo mês, o valor da fatura começa a comprometer uma parte grande do salário.
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Como consequência, o limite do cheque especial se torna alternativa até o ponto em que é necessário buscar outras linhas de crédito. "Desesperado para resolver a situação, o endividado aceita uma oferta de crédito para quitar outro empréstimo, e o efeito bola de neve começa. É bom ressaltar que, quanto mais fácil o crédito, mais altas são as taxas de juros cobradas."
Veja abaixo dez dicas de especialistas para evitar o endividamento em 2022:
1. Faça um planejamento financeiro
O gasto com aluguel, supermercado, luz e telefone, entre outros, são inevitáveis, mas não invariáveis. O que isso quer dizer? Que você pode (e deve) controlá-los. O planejamento financeiro vai ajudar a identificar se alguns gastos podem ser cortados ou se será preciso buscar uma fonte de renda extra para arcar com os compromissos financeiros assumidos.
A primeira orientação, portanto, é avaliar a própria realidade financeira. “É válido fazer um diagnóstico da sua situação atual e um planejamento para os próximos meses, identificando todas as receitas e despesas previstas. Assim, fica mais fácil visualizar se você terá condição de quitar esses gastos à vista ou se será preciso parcelar”, recomenda o co-CEO da fintech Meu Acerto, Pedro Lima.
Também é recomendável definir o objetivo que se quer alcançar em relação às finanças. Para quitar as dívidas é necessário poupar dinheiro e você só saberá o quanto precisa poupar por mês se criar um planejamento. Pense como você quer ver suas finanças daqui a três, seis e nove meses e trace metas realistas que você poderá conseguir cumprir ao longo do ano, indica Matheus Assy, CRO e cofundador da fintech Pilla.
Em caso de pessoas que trabalham sem registro em carteira e recebem remuneração em dias variados, o educador financeiro Thiago Martello alerta para a necessidade de um controle ainda maior. “Poupar deve ser o seu primeiro compromisso. Se você recebe muitas vezes no mês, como um autônomo, por exemplo, é ideal que a frequência de poupar seja maior. Se você recebe somente uma ou duas vezes no mês, esse hábito pode ser menos frequente”, relata.
2. Controle gastos
Há diversas formas de diminuir os gastos. Quem mora em imóvel alugado pode considerar a mudança para um local com aluguel inferior, de forma a sobrar mais dinheiro no final do mês, indica Rodrigo Alexandre, da Proteste.
Muitas vezes a preocupação se concentra em contas maiores, enquanto pequenas despesas do dia a dia são esquecidas. Contudo, se somadas, elas podem representar boa parte dos ganhos no fim do mês. Por isso é importante ter um controle desses gastos também.
Tirar os itens supérfluos da lista de mercado costuma gerar economia, pelo menos até o momento em que o consumidor conseguir equilibrar as finanças.
Para controlar gastos e verificar onde as despesas estão concentradas, crie o hábito de anotar todos os ganhos e todos os gastos. Essa rotina vai ajudar a identificar como você está gastando. Depois de identificar quais são seus hábitos de consumo, será possível identificar quais gastos são essenciais e quais não. A partir disso é possível cortar despesas que não são tão necessárias, como diminuir o número de vezes na semana que você pede um delivery.
Por fim, compras por impulso sempre atrapalham o planejamento financeiro. Para evitar esse comportamento é importante pesquisar preços antes de comprar e refletir se aquele item é realmente necessário.
3. Evite compras parceladas
O parcelamento pode parecer vantajoso, especialmente quando não há cobrança de juros. O problema é que é fácil perder a visão de todas as parcelas futuras quando isso se torna um hábito recorrente.
O resultado são pequenos valores que, reunidos, viram uma grande dívida no final do mês, a ponto de não ser possível quitá-la. Alexandre, da Proteste, alerta os consumidores a não caírem nessa armadilha.
Caso não seja possível evitar o parcelamento, a recomendação é sempre quitar integralmente a fatura do cartão de crédito, pois o pagamento mínimo do valor gera cobrança de juros altos. Essas taxas fazem com que o cartão de crédito seja o principal motivo de endividamento dos brasileiros.
4. Evite recorrer a empréstimos
Pegar empréstimos para adiantar a realização de um sonho é um grande perigo, diz Martello. "Você antecipa a concretização de um desejo e prolonga um pesadelo, adiando até mesmo a realização de sonhos futuros."
O ideal, diz ele, é sempre acumular e receber juros, e não pagar juros, sejam eles quais forem.
5. Pague à vista e aproveite descontos
Quem está com as contas em dia pode efetuar o pagamento à vista para obter descontos.
As cobranças do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e da matrícula escolar oferecem esse tipo de incentivo. No caso do IPVA no estado de São Paulo, por exemplo, a economia é de 9% do valor.
Também é possível negociar descontos para o pagamento à vista nas lojas em que forem feitas as compras de uniforme e material escolar. Uma alternativa para economizar é reunir pais para realizar compras coletivas, diz Alexandre, da Proteste.
6. Renegocie dívidas
Caso o consumidor já esteja inadimplente, negociar dívidas é o primeiro passo para alcançar o equilíbrio financeiro.
Se você possui contas em atraso, é preciso anotar todas as dívidas classificando-as pelos juros cobrados. O objetivo será quitar primeiro as dívidas que cobram mais juros, geralmente as do cartão de crédito e do cheque especial.
Pagar menos juros pode te ajudar a eliminar a dívida mais rapidamente, mas somente se você seguir com o plano de quitar as dívidas. Lima, do Meu Acerto, destaca ser necessário garantir que as condições negociadas, como valor das parcelas e prazo, possam ser honradas como forma de manter condições melhores de pagamento.
7. Busque renda extra
Já cortou todos os gastos supérfluos e o orçamento continua apertado? Peça um aumento de salário ou busque uma renda extra para fazer frente às dívidas.
Martello relata que é possível conseguir uma renda extra de várias maneiras. “ Realize pequenos bicos, freelancers ou horas extras em seu trabalho. "
Em último caso, faça um levantamento de todos os itens que você tem e não são utilizados há algum tempo e venda em plataformas e sites especializados. Se você não usou algo nos últimos seis meses é porque, provavelmente, ele não tem tanta serventia ou está sendo subutilizado”, pontua.
8. Limpe seu nome
Outra medida importante para ter as finanças em ordem é saber se o nome foi negativado por conta da dívida em atraso.
Estar com o nome negativo causa restrições de acesso ao crédito, entre outras dificuldades. “Começar o novo ano com o nome limpo é um passo muito importante para ter uma vida financeira mais organizada em 2022", afirma Lima.
É possível consultar o CPF de forma gratuita pela internet e tentar saldar o débito. O nome é retirado dos cadastros dos órgãos de proteção ao crédito em até cinco dias após o pagamento integral ou da primeira parcela da negociação.
9. Crie uma reserva financeira
Alguns gastos imprevistos podem exigir o desembolso de uma quantia considerável do orçamento. É assim que podem surgir dívidas e o pesadelo do endividamento.
Por isso é importante ter uma reserva financeira para não ser pego de surpresa. Sem um dinheiro guardado, qualquer emergência ou situação que saia do "script" diário (como compra de remédios, conserto de um aparelho, obras emergenciais em casa, acidente de trânsito, entre outros) pode destruir o orçamento, explica Alexandre, da Proteste.
Se possível, reserve 30% do seu salário para despesas extras e aplique em uma conta reservada para emergências.
Segundo Assy, da Pilla, o ideal é que a reserva de emergência seja suficiente para suprir os gastos durante seis meses e que seja aplicada em um fundo com liquidez diária, ou seja, em um produto financeiro em que é possível retirar o dinheiro no mesmo dia que o resgate for solicitado, como CDBs ou fundos DI com essa característica.
10. Comece a investir ou diversificar sua carteira
Se você já conseguiu quitar suas dívidas e montar sua reserva de emergência, é o momento para começar a investir . E se você já investe é importante também começar a diversificar a carteira.
Comprar uma casa ou fazer uma viagem internacional pode parecer um plano distante, mas, se você se organizar e estipular um prazo real, é possível alcançá-las depois de algum tempo, diz Assy. "Essas metas, assim como o planejamento financeiro, devem ser traçadas e revisitadas ao longo do tempo."
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