Como investir fora da poupança com segurança?
Internauta se mudou para o Japão para poupar mais e busca aplicação tão segura quanto a poupança
Da Redação
Publicado em 1 de setembro de 2012 às 16h15.
Dúvida do internauta: Eu tenho 30 anos, sou formado em gestão financeira e moro no Japão desde 2006. Eu me mudei para o Japão para acumular dinheiro que pudesse me render algo em torno de1.000 a 1.500 reais por mês. Acumulei até agora 180.000 reais e acrescento a este montante mensalmente 6.000 reais. Porém, este dinheiro está totalmente aplicado em poupança com taxa mista. Aproximadamente 145.000 reais à 6,17% + TR e os outros 35.000 reais mais os depósitos mensais à 70% da Selic + Taxa Referencial. Penso muito em comprar um imóvel que eu possa alugar e obter o valor desejável. Porém, gostaria de saber qual outro tipo de aplicação que rendesse mais que a poupança e fosse tão seguro quanto que vocês me recomendam?
Resposta de Beto Veiga*:
Primeiramente, parabenizo você pela sua perseverança e esforço. Creio que você deva suportar um alto custo pessoal, mas vamos ao que interessa: opções conservadoras para investir o seu dinheiro.
Como deve ter percebido, nosso país está começando a ficar com cara de civilizado em termos de taxas de juros, mas ainda um pouco longe daquela verificada por aí, no Japão.
A Selic encontra-se no patamar de 7,5% ao ano, rendendo aproximados 2% de taxa de juros reais (descontada a inflação), se considerada em termos brutos, e menos de 1% se levarmos em conta uma tributação de IR de 15% (mais de 720 dias de aplicação).
Há dois montantes possíveis de calcular para chegarmos ao valor da sua meta. O primeiro é mais ilusório, pois desconsidera a inflação, isto é, usa os juros nominais. É claro que o valor vai se perdendo com o tempo. Vamos a ele: 7,5% ao ano, significam pouco mais de 0,6% ao mês. Assim, o montante que você precisa acumular para ter juros brutos no valor de 1.500 reais, é de 250.000 reais (basta dividir 1.500 reais por 0,006).
O problema, é que, como disse, rapidamente, o poder de compra do dinheiro vai diminuindo. Então, o certo é usar os juros reais líquidos. O que é decepcionante, porque aos níveis atuais, devemos considerar 1% ao ano, o que significa menos de 0,1 % ao mês (0,083%). Procedendo da mesma maneira, chegamos a 1.808.235 de reais.
Com relação ao investimento, vamos lembrar que você quer a mesma garantia ou maior. Então, temos que saber onde seu dinheiro está investido. Se for um banco privado, o valor máximo de garantia externa é de 70.000 reais, com base no Fundo Garantidor de Créditos, e garantia interna com base no patrimônio do banco. Se for em um banco público ou de economia mista (Banco do Brasil), a garantia é do Tesouro Nacional, muito mais seguro, portanto.
Assim, tratado o problema da garantia, vamos à rentabilidade.
Temos que fazer as contas:
-Saldo anterior à mudança na Poupança rende atualmente 6,17% ao ano, líquido de impostos. Se considerarmos uma taxa Selic igualmente líquida de impostos, o percentual equivalente hoje em dia seria de 82,26%. Se tirarmos a tributação de 15% (para mais de 720 dias), chegamos a algo em torno de 97% do DI. Mas, atenção! Não acho que valha a pena você migrar este dinheiro da poupança antiga, porque as taxas de juros podem cair ainda mais, o que daria grande vantagem à caderneta nos moldes antigos. Se houver movimento consistente no sentido inverso, pode ser viável migrar.
Se agora passarmos para os novos depósitos, temos que a taxa de juros que está recebendo é um percentual de 70% da Selic. Nesse caso, acho que você pode optar por papéis do tipo LCI, que remunerem percentual maior do que este, dado que são livres de impostos. Atualmente, eles giram em torno de 90% do DI (estou supondo que DI e Selic são taxas que tendem a andar juntas).
A aplicação em CDB que remunerem mais do que 97% também é uma possibilidade.
Lembre-se de, em caso de bancos privados, limitar sua aplicação a algo em torno de 50.000 reais para, em caso de alguma eventualidade com relação à solidez do banco, o seu dinheiro estar protegido além dos juros.
*Beto Veiga é doutor em economia pela Universidade de Brasília, ex-funcionário do Banco Central e consultor de valores mobiliários registrado na CVM. É autor dos livros “O Essencial sobre o Tesouro Direto” e “Tudo sobre CDB”, além do Blog "Beto Veiga - finanças desvendadas".
Dúvidas, observações ou críticas sobre esta resposta? Deixe um comentário abaixo!
Envie outras dúvidas financeiras para seudinheiro_exame@abril.com.br.
Dúvida do internauta: Eu tenho 30 anos, sou formado em gestão financeira e moro no Japão desde 2006. Eu me mudei para o Japão para acumular dinheiro que pudesse me render algo em torno de1.000 a 1.500 reais por mês. Acumulei até agora 180.000 reais e acrescento a este montante mensalmente 6.000 reais. Porém, este dinheiro está totalmente aplicado em poupança com taxa mista. Aproximadamente 145.000 reais à 6,17% + TR e os outros 35.000 reais mais os depósitos mensais à 70% da Selic + Taxa Referencial. Penso muito em comprar um imóvel que eu possa alugar e obter o valor desejável. Porém, gostaria de saber qual outro tipo de aplicação que rendesse mais que a poupança e fosse tão seguro quanto que vocês me recomendam?
Resposta de Beto Veiga*:
Primeiramente, parabenizo você pela sua perseverança e esforço. Creio que você deva suportar um alto custo pessoal, mas vamos ao que interessa: opções conservadoras para investir o seu dinheiro.
Como deve ter percebido, nosso país está começando a ficar com cara de civilizado em termos de taxas de juros, mas ainda um pouco longe daquela verificada por aí, no Japão.
A Selic encontra-se no patamar de 7,5% ao ano, rendendo aproximados 2% de taxa de juros reais (descontada a inflação), se considerada em termos brutos, e menos de 1% se levarmos em conta uma tributação de IR de 15% (mais de 720 dias de aplicação).
Há dois montantes possíveis de calcular para chegarmos ao valor da sua meta. O primeiro é mais ilusório, pois desconsidera a inflação, isto é, usa os juros nominais. É claro que o valor vai se perdendo com o tempo. Vamos a ele: 7,5% ao ano, significam pouco mais de 0,6% ao mês. Assim, o montante que você precisa acumular para ter juros brutos no valor de 1.500 reais, é de 250.000 reais (basta dividir 1.500 reais por 0,006).
O problema, é que, como disse, rapidamente, o poder de compra do dinheiro vai diminuindo. Então, o certo é usar os juros reais líquidos. O que é decepcionante, porque aos níveis atuais, devemos considerar 1% ao ano, o que significa menos de 0,1 % ao mês (0,083%). Procedendo da mesma maneira, chegamos a 1.808.235 de reais.
Com relação ao investimento, vamos lembrar que você quer a mesma garantia ou maior. Então, temos que saber onde seu dinheiro está investido. Se for um banco privado, o valor máximo de garantia externa é de 70.000 reais, com base no Fundo Garantidor de Créditos, e garantia interna com base no patrimônio do banco. Se for em um banco público ou de economia mista (Banco do Brasil), a garantia é do Tesouro Nacional, muito mais seguro, portanto.
Assim, tratado o problema da garantia, vamos à rentabilidade.
Temos que fazer as contas:
-Saldo anterior à mudança na Poupança rende atualmente 6,17% ao ano, líquido de impostos. Se considerarmos uma taxa Selic igualmente líquida de impostos, o percentual equivalente hoje em dia seria de 82,26%. Se tirarmos a tributação de 15% (para mais de 720 dias), chegamos a algo em torno de 97% do DI. Mas, atenção! Não acho que valha a pena você migrar este dinheiro da poupança antiga, porque as taxas de juros podem cair ainda mais, o que daria grande vantagem à caderneta nos moldes antigos. Se houver movimento consistente no sentido inverso, pode ser viável migrar.
Se agora passarmos para os novos depósitos, temos que a taxa de juros que está recebendo é um percentual de 70% da Selic. Nesse caso, acho que você pode optar por papéis do tipo LCI, que remunerem percentual maior do que este, dado que são livres de impostos. Atualmente, eles giram em torno de 90% do DI (estou supondo que DI e Selic são taxas que tendem a andar juntas).
A aplicação em CDB que remunerem mais do que 97% também é uma possibilidade.
Lembre-se de, em caso de bancos privados, limitar sua aplicação a algo em torno de 50.000 reais para, em caso de alguma eventualidade com relação à solidez do banco, o seu dinheiro estar protegido além dos juros.
*Beto Veiga é doutor em economia pela Universidade de Brasília, ex-funcionário do Banco Central e consultor de valores mobiliários registrado na CVM. É autor dos livros “O Essencial sobre o Tesouro Direto” e “Tudo sobre CDB”, além do Blog "Beto Veiga - finanças desvendadas".
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