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Como fugir dos juros altos

Veja quais são os empréstimos mais baratos e adequados a seu perfil entre dez modalidades de crédito bastante comuns para pessoas físicas

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.

Em geral, quanto mais uma pessoa precisa de um empréstimo, maior serão os juros que os bancos vão cobrar por ele. Afinal, é natural que o cliente que não esteja atolado em dívidas e tenha como comprovar boa capacidade de pagamento possa ter acesso a um crédito mais barato. O que muita gente não sabe, no entanto, é que a escolha da modalidade de crédito correta para determinado objetivo e perfil de cliente pode até ter mais influência na taxa que será paga do que as garantias oferecidas pelo tomador.

O Portal EXAME analisou dez modalidades de crédito bastante comuns entre pessoas físicas. Muitas dessas linhas têm nomes e condições pouco compreensíveis para a população brasileira. A boa notícia é que mesmo quem que não tenha um emprego com carteira assinada ou que não possa comprovar renda pode conseguir um empréstimo sem aceitar pagar os juros superiores a 10% ao mês cobrados pelas empresas cartão de crédito ou financeiras.

Além disso, a queda dos juros básicos da economia brasileira (Selic) para o menor nível histórico derrubou também as taxas bancárias. Segundo a Associação Nacional de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), os juros para a pessoa física alcançaram em agosto o menor patamar desde 1995, quando a pesquisa da associação começou a ser realizada. "As taxas de juros das operações de crédito deverão melhorar ainda mais neste segundo semestre", avalia Miguel José Ribeiro, presidente da Anefac, que cita, entre outros motivos, a queda da inadimplência motivada pela recuperação econômica.

Antes de aproveitar as taxas mais atraentes, no entanto, confira abaixo quais são as modalidades de crédito mais baratas e adequadas a seu perfil:

CRÉDITO IMOBILIÁRIO
Como funciona: é necessário fazer um cadastro nas instituições habilitadas com documentos do imóvel. A instituição verifica se o valor do empréstimo é compatível com o imóvel a ser comprado. Pagamento em parcelas fixas
Onde obter: bancos privados, Caixa Econômica Federal, construtoras e incorporadoras
Quem tem direito: sem restrições, basta ter o nome limpo
Finalidade: financiamento de casas, apartamentos e imóveis comerciais
Juro mensal médio: 0,8% (varia de acordo com o valor do imóvel e do prazo de pagamento)
Vantagens: prazos longos, podendo chegar a até 30 anos
Cuidados: pesquise parcelas e juros entre as instituições. Não comprometa mais do que 25% da renda porque o prazo de pagamento costuma ser longo

LEASING
Como funciona:
alternativa de financiamento a médio ou longo prazo. É uma espécie de aluguel, mas ao final do contrato o consumidor fica com o bem. Esse sistema é bastante usado em compras de veículos, por exemplo. O contrato de leasing estabelece que o veículo ficará em nome do banco até que todas as suas parcelas sejam quitadas. Nesse meio tempo, entretanto, o banco cede ao comprador o direito de utilizar o veículo. O pagamento é feito por meio de um número determinado de prestações mensais
Onde obter: concessionárias e bancos (para o caso de outros bens)
Finalidade: utilizado, principalmente, para aquisição de automóveis
Quem tem direito: sem restrições, basta ter o nome limpo
Juro mensal médio: 2%
Vantagens: Não há incidência de IOF
Cuidados: Pode ser cobrada a Taxa de Abertura de Crédito (TAC), taxa de cadastro e seguro do bem. Há também multa com juros no caso de inadimplência e não há rescisão unilateral de contrato (Continua)


CRÉDITO CONSIGNADO
Como funciona:
as prestações são descontadas diretamente do salário e das pensões recebidas do INSS. A margem consignável, que é o valor máximo da renda a ser comprometida, não pode ultrapassar 30% do valor da aposentadoria ou pensão recebida pelo beneficiário. É dividida em 20% da renda para empréstimos consignados e 10% exclusivamente para o cartão de crédito, com prazo de até 60 meses
Onde obter: bancos e financeiras
Quem tem direito: aposentados, pensionistas, funcionários públicos e trabalhadores com carteira assinada de empresas que têm convênios com bancos
Finalidade: utilizada para aquisição de bens em geral ou para quitar dívidas com cheque especial e cartões de crédito. É comum que o beneficiário faça empréstimo para alguém da família que está com nome sujo
Juro mensal médio: 2,5%
Vantagens: baixa taxa de juros, não há consulta ao SPC, não é permitida a cobrança da (TAC)
Cuidados: pesquise taxas de juros

ANTECIPAÇÃO DE BENEFÍCIOS
Como funciona: adiantamento da restituição do imposto de renda e/ou do 13º salário. Basta entrar com o pedido na agência bancária onde recebe o pagamento. O interessado deve se dirigir à agência em que possui conta, apresentar o recibo de entrega da declaração do IR e documentos pessoais. O pagamento é debitado em conta corrente
Onde obter: bancos
Quem tem direito: para o 13º, trabalhadores com mais de um ano de vínculo empregatício. Para o IR, todos os contribuintes com imposto a receber
Finalidade: quitar dívidas mais caras ou compra de itens de urgência
Juro mensal médio: 2,59% para IR e 2,55% para o 13º
Vantagens: é garantido que o valor será pago com o recebimento do IR e/ou do 13º
Cuidados: não conte com o dinheiro do 13º para as compras do final de ano ou para o pagamento de impostos em janeiro

CRÉDITO DIRETO AO CONSUMIDOR (CDC)
Como funciona: obtido no estabelecimento comercial que tem convênio com instituições financeiras. Pagamento em boleto ou débito em conta
Onde obter: bancos ou concessionárias
Quem tem direito: sem restrições, basta ter o nome limpo
Finalidade: largamente utilizado para financiamento de automóveis. Pode também ser utilizado para outros bens duráveis. Segundo a Associação Nacional de Empresas Financeiras das Montadoras, 38,6% dos automóveis foram comprados pelo CDC
Juro mensal médio: 2,65%
Vantagens: juros razoáveis e prestações pequenas, com prazo de quitação em até 80 meses. Não é necessário ser correntista de algum banco. Baixo risco. O banco tem a garantia do veiculo. Se as prestações não forem pagas, o veículo é retomado.
Cuidados: além dos juros, é cobrado IOF. Pesquise valor da prestação e das taxas de juros. Compare entre o banco e a concessionária para saber qual é o melhor negócio. Na hora de calcular o valor, lembre-se de que o automóvel tem outros custos como seguro, licenciamento e manutenção. Recomenda-se que o valor não comprometa mais do que 25% da renda

BANCOS
Como funciona: o valor permitido para empréstimos é determinado pela renda do consumidor, que recebe a quantia direto na conta corrente
Onde obter: bancos
Quem tem direito: não há restrição, basta ter o nome limpo
Finalidade: diversas. Uma boa aplicação é quitar dívidas de cartão de crédito que geralmente são mais caras. Deve-se evitar essa linha de crédito para aquisição de bens e serviços por conta da taxa de juros
Juro mensal médio: 5,15%
Vantagens: é a linha mais indicada para profissionais autônomos que não têm como comprovar renda
Cuidados: não comprometa mais do que 25% da renda e evite prazos longos (Continua)


JUROS DO COMÉRCIO
Como funciona:
é o famoso crediário. Financiamento em parcelas definidas pela loja com taxa de juros variáveis entre os estabelecimentos.
Onde obter: lojas de departamento e supermercados
Quem tem direito: não há restrições, basta ter o nome limpo
Finalidade: compras de alimentos, vestuário e eletrodomésticos
Juro mensal médio: 5,99%
Vantagens: baixas prestações na compra de produtos, não há necessidade de ser correntista de bancos, bom para clientes de baixa renda, embora atualmente consumidores de maior poder aquisitivo também recorrem a essa linha para compra de bens mais caros
Cuidados: compare taxas de juros entre as lojas. Não comprometa mais do que 25% da renda

CHEQUE ESPECIAL
Como funciona: é a linha de credito pré-aprovada, de acordo com a renda mensal, em conta corrente. Basta sacar o dinheiro dentro do limite
Onde obter: bancos
Quem tem direito: a maioria dos correntistas
Finalidade: compra de itens de emergência
Juro mensal médio: 7,38%
Vantagens: é um saldo extra disponível para o consumidor
Cuidados: o IOF também é cobrado. O recurso deve ser considerado como última alternativa para ser utilizado por um período curto e emergencial. O ideal seria ficar no cheque por uma semana, até que o próximo salário seja depositado, por exemplo.

FINANCEIRAS
Como funciona: pagamento em parcelas mensais fixas. O valor do empréstimo é definido pela renda do consumidor
Onde obter: indiretamente fazem o crediário de lojas, supermercados e concessionárias. Bancos, geralmente, têm suas próprias financeiras
Quem tem direito: sem restrições, basta ter o nome limpo
Finalidade: despesas básicas para complementar. Compra de bens não são indicadas. Só vale para emergências por conta da alta taxa de juros
Juro mensal médio: 10,62%
Vantagens: Não há tarifas bancárias nem outros encargos. Disponível para quem não tem conta corrente
Cuidados: os juros elevados são cobrados por conta do alto risco dos clientes que não precisam ter conta corrente. Não comprometa mais do que 25% da renda

CARTÃO DE CRÉDITO
Como funciona: basta utilizar o cartão em estabelecimentos comerciais
Onde obter: bancos e administradoras de cartões
Quem tem direito: sem restrições, basta ter o nome limpo
Finalidade: compras de bens diversos
Juro mensal médio: 10,68%. Só começa a incidir sobre o valor devido se o portador do cartão não pagar a fatura até o dia do vencimento.
Vantagens: pagamento sem juros em até 40 dias após a compra, não é necessário ser correntista do banco
Cuidados: controle o orçamento e não esqueça que a fatura um dia chega e deverá ser paga. Evite comprar com cartão para rolar dívidas.

Fontes: Pesquisa sobre juros da Anefac, Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef), Banco Central, Roberto Vertamatti (economista da Anefac), Marcel Solimeo (economista da ACSP), Ney Galardi (professor da Fipecafi), Caixa Econômica Federal

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