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Como chegar ao seu primeiro milhão

O passo a passo para traçar a estratégia e os melhores investimentos para acumular patrimônio de valor alto

EXAME.com (EXAME.com)
DR

Da Redação

Publicado em 31 de março de 2014 às 19h43.

São Paulo – Atingir o primeiro milhão é um marco simbólico para muita gente que quer enriquecer. Mas como traçar o caminho para chegar até lá? Ninguém deve se enganar: para a maioria das pessoas, tornar-se milionário é bem difícil, mas não impossível. Não existe fórmula mágica, mas para quem tem capacidade de poupança, a meta é alcançável, desde que se tenha estratégia e disciplina.

Podem parecer palavras vazias, mas não são. “Se você fizer a lição de casa e investir 300 reais por mês durante 15 anos, você terá investido 54.000 reais. É muito diferente de investir 54.000 reais de uma vez só, uma única vez. No primeiro caso, se você aplicou em renda variável e o mercado cair, você vai comemorar, pois os mesmos 300 reais compram mais papéis”, diz o consultor financeiro e gerente geral do Instituto Nacional dos Investidores (INI), Mauro Calil.

Investir periodicamente com disciplina dilui os riscos no tempo e facilita para o investidor atingir a rentabilidade média desejada. Para Mauro Calil, é possível tornar-se milionário entre 15 e 30 anos, dependendo da capacidade de poupança, do perfil dos investimentos escolhidos e do tempo estipulado pela pessoa. “É importante ter aplicações financeiras diferenciadas, que rendam de 1% a 3% ao mês na média. É claro que esse valor é alto, mas ele não é constante. Mas quando o sujeito olha para trás, vê que a alcançou”, diz Calil.

Veja a seguir o passo a passo para chegar ao seu primeiro milhão:

1. Defina o objetivo do seu milhão

Antes de sair em busca do seu primeiro milhão – ou da sua independência financeira, mesmo que ela dependa mais ou menos do que essa quantia – o poupador deve definir por que almeja esse dinheiro. O objetivo bem definido o ajuda a perseverar. Para que servirá esse dinheiro? Para parar de trabalhar? Para ter uma vida confortável? Ou para viver como um rei? Para abrir um negócio e fazer mais milhões? Será apenas o primeiro milhão ou o primeiro de muitos?

Ao definir o objetivo, o poupador deve determinar também qual o padrão de vida que deseja ter e em quanto tempo. Pode ser que a pessoa queira se aposentar jovem, desejando acumular um milhão de reais em 15 anos; ou então pode ser que só deseje ter essa quantia quando tiver mais de 60 anos, para poder se aposentar sem depender da Previdência Social. Caso não deseje parar de trabalhar mesmo ao acumular um milhão de reais, será possível ter um padrão de vida mais alto, somando os rendimentos do trabalho e das aplicações financeiras.

2. Fuja das fórmulas mágicas

Não se iluda acreditando em fórmulas mágicas que o façam alcançar um milhão de reais em pouco tempo. A rentabilidade das suas aplicações financeiras ajudará a multiplicar seu dinheiro, mas é o acúmulo de patrimônio a parte principal. “Todo mundo quer ser rico amanhã, e por conta disso acaba acreditando em técnicas fabulosas. Infelizmente, não é o que acontece. Uma pessoa pode ir bem no trade de renda variável num dia, acumulando uma rentabilidade de 30%, e no outro dia perder tudo. Nos simuladores de ações, pode chegar até a 200% ao ano, mas com a emoção de investir com dinheiro de verdade a coisa muda de figura”, lembra Mauro Calil.


3. Poupe religiosamente

Antes de começar a jornada para o primeiro milhão, o investidor precisará, obviamente, de capacidade de poupança. Esta varia de acordo com a renda e as despesas de cada um. Alguém que tenha renda própria, mas more com os pais, provavelmente terá alta capacidade de poupança ainda que o rendimento mensal seja baixo. Um casal jovem com filhos pequenos talvez tenha uma capacidade menor.

O valor poupado mensalmente deve se manter constante dentro da medida do possível, isto é, ser sempre o mesmo em cada fase da vida, sendo revisto quando mudarem as regras do jogo e entrarem em cena novas despesas fixas ou um salário mais alto. “A pessoa deve definir que vai sempre poupar, no mínimo, x por cento do salário. Na minha opinião, dever ser no mínimo 10%”, diz Mauro Calil.

4. Calcule o montante a acumular e trace uma estratégia

Para definir sua estratégia de investimentos, o poupador deve perseguir determinada rentabilidade e, anualmente, rever seu plano de acordo com a conjuntura econômica. Devem ser levadas em conta a inflação e a trajetória da taxa de juros – a primeira “come” os seus rendimentos; a segunda, quando alta, torna a renda fixa mais rentável.

O aspirante a milionário pode tanto calcular quanto precisa poupar mensalmente para atingir seu objetivo em um período pré-determinado, quanto pode estipular a sua poupança mensal e, em seguida, calcular em quanto tempo consegue atingir o objetivo. O ideal é fazer as contas já usando a rentabilidade real, descontada a inflação, uma vez que um milhão daqui a 30 anos provavelmente valerá bem menos que um milhão hoje. Se a inflação vem sendo de algo como 0,5% ao mês e se deseja um juro real de 0,4% ou 0,5% ao mês, a rentabilidade bruta deverá ser de algo em torno de 1% ao mês, na média, algo possível de se conseguir em bons investimentos de renda fixa.

Assim, para alguém de 30 anos de idade que queira atingir seu primeiro milhão em outros 30 anos, será preciso poupar 1.246,65 reais por mês, para um retorno real de 0,4% ao mês. No cálculo inverso, alguém de 30 anos que comece a poupar 1.000 reais por mês atingirá o primeiro milhão aos 64 anos, com a mesma rentabilidade. Quem obtiver rentabilidades reais maiores com seus investimentos, vai conseguir atingir o objetivo em ainda menos tempo.

O juro real de 0,4% ao mês é um pouco mais do que aquele pago pela Nota do Tesouro Nacional-série B mais longa vendida atualmente. Esse título público é indexado à inflação, e paga um juro real prefixado. A NTN-B com vencimento em 2045 hoje à venda paga um juro real de 4,43% ao ano, algo como 0,36% ao mês.

Outra maneira de fazer o seu planejamento é aumentar a sua poupança anualmente em uma proporção igual ou maior à da alta da inflação. Essa é a orientação do educador financeiro Reinaldo Domingos, e faz parte do seu método DSOP de educação financeira. “Se a inflação for de 5%, deve-se aumentar a poupança do ano seguinte ao menos em 5%. Mas o ideal é aumentá-la em uma proporção ainda maior”, diz Domingos.

Segundo sua metodologia, para se viver de renda, é preciso que o rendimento com as suas aplicações financeiras seja pelo menos igual ao dobro da quantia usada para manter o padrão de vida que se deseja ter. Assim, consome-se metade do rendimento e se mantém investida a outra metade.

Calcule sua estratégia com a Calculadora do Primeiro Milhão de EXAME.com.


Os melhores investimentos para quem quer atingir o primeiro milhão:

Tesouro Direto:

O Tesouro Direto é o investimento mais seguro. Existem papéis de diferentes prazos, pós-fixados à Selic (LFTs), prefixados (NTN-Fs e LTNs) e os papéis com uma parte prefixada e outra indexada ao IPCA (NTN-Bs). Estes últimos são os títulos mais longos, que permitem investimentos de longo prazo e já remuneram um juro real, uma vez que protegem o investimento da inflação. O título mais longo à venda atualmente vencemem 2045.

Os papéis prefixados requerem um pouco mais de habilidade do investidor, uma vez que especulam com a possibilidade de queda da Selic e não protegem o capital da inflação. São opções mais arriscadas que a NTN-B quando a perspectiva é de queda de juros. Ambos os títulos, porém, podem levar a algumas perdas quando vendidos antes do vencimento. O mais seguro é ficar com eles até o vencimento.

As LFTs remuneram apenas ligeiramente acima da poupança, mas podem ser boas opções para quem está começando a trajetória de acumulação. Mas é fundamental que a taxa de administração cobrada pela corretora seja baixa – de preferência nula. Atualmente, as corretoras Banif, Convenção, Socopa, Spinelli e Título isentam todos os clientes dessa taxa. Veja como investir no Tesouro Direto.

CDBs e LCIs de bancos pequenos e médios:

Entre os CDBs de pequenos e médios bancos, aqueles com liquidez diária já remuneram 100% do CDI. Com liquidez no vencimento é possível conseguir taxas bem maiores, superando 110% do CDI, dependendo da instituição. Além de investir por meio de corretoras, o poupador pode investir diretamente por meio do Sofisa Direto ou do CDB Direto. O Sofisa também dispõe de um CDB atrelado ao IPCA, que preserva o capital do investidor ao longo do tempo.

Instituições financeiras pequenas e médias também oferecem Letras de Crédito Imobiliário (LCIs), que são espécies de CDBs isentos de IR. Nos grandes bancos, essas aplicações normalmente requerem aportes muito elevados para a pessoa física. Em instituições menores, esses papéis são mais acessíveis, e oferecem remunerações em geral mais altas que a poupança. No Sofisa Direto, a LCI mais curta rende 90% do CDI, mais do que os 70% da Selic oferecidos pela poupança atualmente. LCIs também são vendidas em corretoras.

No caso dos CDBs e das LCIs, porém, o investidor não deve aplicar mais do que 70.000 reais em uma única instituição financeira. Esse é o limite do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que garante os depósitos em caso de quebra da instituição financeira. Em ambos os papéis, o risco é de quebra do banco, que por ser de menor porte, é mais suscetível aos humores do mercado.

Ações que pagam bons dividendos:

De acordo com Mauro Calil, o investidor não deve apostar em promessas, apenas em ações de empresas que pagam altos dividendos. Muitos desses papéis podem não ser os campeões de valorização no longo prazo, mas garantem uma renda periódica que pode ser reinvestida e, no futuro, até consumida.


Empresas que pagam bons dividendos são aquelas que não precisam mais investir tanto em sua atividade produtiva, e cujos dividendos reduzem o impacto de eventuais quedas nos preços das ações. Muitas delas têm demanda inelástica, que se mantém mesmo em tempos de crise, como as empresas do setor elétrico e as fabricantes de cigarros.

Outra vantagem dos dividendos é que normalmente eles já embutem a inflação. Seja porque o lucro das empresas já é corrigido pelo indicador – caso das companhias do setor elétrico, cujas tarifas são corrigidas pela inflação – seja porque a demanda é tão estável que a inflação pouco afeta os lucros. Assim, é possível calcular o lucro com os dividendos como sendo o seu lucro real. Ainda assim, para não ter erro, uma boa dica, segundo especialistas, é escolher empresas com dividend yield acima de 10%. Mesmo para uma inflação de 6,5%, o atual teto da meta, a rentabilidade real ainda seria de 3,5%.

Fundos imobiliários:

Ainda dentro da renda variável, outra possibilidade de geração de renda e multiplicação do patrimônio são os fundos imobiliários. Suas cotas são negociadas em Bolsa como se fossem ações, e devem ser compradas pelo home broker de uma corretora. Mauro Calil acredita que eles possam ser considerados a porção conservadora do investimento dentro da renda variável, desde que o investidor aplique em fundos voltados para a geração de renda por meio do aluguel.

A pessoa física é isenta de IR sobre os aluguéis, pagando imposto apenas sobre o lucro obtido com a valorização das cotas quando estas forem vendidas, segundo a tabela regressiva do IR. Esses fundos geralmente investem em imóveis corporativos ou recebíveis imobiliários. Assim como no caso das ações pagadoras de dividendos, o atrativo aqui não é a possibilidade de valorização dos imóveis e das cotas, mas sim de se obter um bom lucro com aluguéis. Veja como escolher um bom fundo imobiliário.

Opte sempre pelo menor custo

Se a ideia é fazer o seu bolo crescer, fuja dos custos altos. Girar demais a carteira ou investir em fundos com altas taxas de administração pode comer boa parte dos lucros e dificultar ainda mais o processo de enriquecimento.

Tesouro Direto: prefira as corretoras que não cobram taxa de administração e carregue os títulos até o final, principalmente se forem prefixados ou atrelados à inflação.

Fundos de investimento: se o fundo for de renda fixa conservadora, fuja daqueles que cobram taxa de administração superior a 1% ao ano. No caso dos fundos de dividendos, prefira aqueles com taxa de administração em torno de 2% ao ano e que não cobrem taxa de performance.

Ações e fundos imobiliários: prefira as corretoras com a combinação mais barata entre taxa de corretagem e custódia. Para investimentos de longo prazo e com pouco giro de carteira, prefira as corretoras com isenção de taxa de custódia. Avalie se realmente vai sair mais barato concentrar todos os seus investimentos numa mesma corretora. E ao evitar girar muito a carteira, mesmo que os ativos sejam vendidos em um momento de baixa, a alta de todo o período do investimento pode, ainda assim, compensar.

IR: sempre que possível, permaneça em um título ou fundo de investimento até ter direito à menor alíquota de IR na hora de realizar o lucro. No caso das ações, use os eventuais prejuízos para abatimento do IR cobrado sobre os lucros superiores a 20.000 reais por mês nessa modalidade de investimento.

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São Paulo – Atingir o primeiro milhão é um marco simbólico para muita gente que quer enriquecer. Mas como traçar o caminho para chegar até lá? Ninguém deve se enganar: para a maioria das pessoas, tornar-se milionário é bem difícil, mas não impossível. Não existe fórmula mágica, mas para quem tem capacidade de poupança, a meta é alcançável, desde que se tenha estratégia e disciplina.

Podem parecer palavras vazias, mas não são. “Se você fizer a lição de casa e investir 300 reais por mês durante 15 anos, você terá investido 54.000 reais. É muito diferente de investir 54.000 reais de uma vez só, uma única vez. No primeiro caso, se você aplicou em renda variável e o mercado cair, você vai comemorar, pois os mesmos 300 reais compram mais papéis”, diz o consultor financeiro e gerente geral do Instituto Nacional dos Investidores (INI), Mauro Calil.

Investir periodicamente com disciplina dilui os riscos no tempo e facilita para o investidor atingir a rentabilidade média desejada. Para Mauro Calil, é possível tornar-se milionário entre 15 e 30 anos, dependendo da capacidade de poupança, do perfil dos investimentos escolhidos e do tempo estipulado pela pessoa. “É importante ter aplicações financeiras diferenciadas, que rendam de 1% a 3% ao mês na média. É claro que esse valor é alto, mas ele não é constante. Mas quando o sujeito olha para trás, vê que a alcançou”, diz Calil.

Veja a seguir o passo a passo para chegar ao seu primeiro milhão:

1. Defina o objetivo do seu milhão

Antes de sair em busca do seu primeiro milhão – ou da sua independência financeira, mesmo que ela dependa mais ou menos do que essa quantia – o poupador deve definir por que almeja esse dinheiro. O objetivo bem definido o ajuda a perseverar. Para que servirá esse dinheiro? Para parar de trabalhar? Para ter uma vida confortável? Ou para viver como um rei? Para abrir um negócio e fazer mais milhões? Será apenas o primeiro milhão ou o primeiro de muitos?

Ao definir o objetivo, o poupador deve determinar também qual o padrão de vida que deseja ter e em quanto tempo. Pode ser que a pessoa queira se aposentar jovem, desejando acumular um milhão de reais em 15 anos; ou então pode ser que só deseje ter essa quantia quando tiver mais de 60 anos, para poder se aposentar sem depender da Previdência Social. Caso não deseje parar de trabalhar mesmo ao acumular um milhão de reais, será possível ter um padrão de vida mais alto, somando os rendimentos do trabalho e das aplicações financeiras.

2. Fuja das fórmulas mágicas

Não se iluda acreditando em fórmulas mágicas que o façam alcançar um milhão de reais em pouco tempo. A rentabilidade das suas aplicações financeiras ajudará a multiplicar seu dinheiro, mas é o acúmulo de patrimônio a parte principal. “Todo mundo quer ser rico amanhã, e por conta disso acaba acreditando em técnicas fabulosas. Infelizmente, não é o que acontece. Uma pessoa pode ir bem no trade de renda variável num dia, acumulando uma rentabilidade de 30%, e no outro dia perder tudo. Nos simuladores de ações, pode chegar até a 200% ao ano, mas com a emoção de investir com dinheiro de verdade a coisa muda de figura”, lembra Mauro Calil.


3. Poupe religiosamente

Antes de começar a jornada para o primeiro milhão, o investidor precisará, obviamente, de capacidade de poupança. Esta varia de acordo com a renda e as despesas de cada um. Alguém que tenha renda própria, mas more com os pais, provavelmente terá alta capacidade de poupança ainda que o rendimento mensal seja baixo. Um casal jovem com filhos pequenos talvez tenha uma capacidade menor.

O valor poupado mensalmente deve se manter constante dentro da medida do possível, isto é, ser sempre o mesmo em cada fase da vida, sendo revisto quando mudarem as regras do jogo e entrarem em cena novas despesas fixas ou um salário mais alto. “A pessoa deve definir que vai sempre poupar, no mínimo, x por cento do salário. Na minha opinião, dever ser no mínimo 10%”, diz Mauro Calil.

4. Calcule o montante a acumular e trace uma estratégia

Para definir sua estratégia de investimentos, o poupador deve perseguir determinada rentabilidade e, anualmente, rever seu plano de acordo com a conjuntura econômica. Devem ser levadas em conta a inflação e a trajetória da taxa de juros – a primeira “come” os seus rendimentos; a segunda, quando alta, torna a renda fixa mais rentável.

O aspirante a milionário pode tanto calcular quanto precisa poupar mensalmente para atingir seu objetivo em um período pré-determinado, quanto pode estipular a sua poupança mensal e, em seguida, calcular em quanto tempo consegue atingir o objetivo. O ideal é fazer as contas já usando a rentabilidade real, descontada a inflação, uma vez que um milhão daqui a 30 anos provavelmente valerá bem menos que um milhão hoje. Se a inflação vem sendo de algo como 0,5% ao mês e se deseja um juro real de 0,4% ou 0,5% ao mês, a rentabilidade bruta deverá ser de algo em torno de 1% ao mês, na média, algo possível de se conseguir em bons investimentos de renda fixa.

Assim, para alguém de 30 anos de idade que queira atingir seu primeiro milhão em outros 30 anos, será preciso poupar 1.246,65 reais por mês, para um retorno real de 0,4% ao mês. No cálculo inverso, alguém de 30 anos que comece a poupar 1.000 reais por mês atingirá o primeiro milhão aos 64 anos, com a mesma rentabilidade. Quem obtiver rentabilidades reais maiores com seus investimentos, vai conseguir atingir o objetivo em ainda menos tempo.

O juro real de 0,4% ao mês é um pouco mais do que aquele pago pela Nota do Tesouro Nacional-série B mais longa vendida atualmente. Esse título público é indexado à inflação, e paga um juro real prefixado. A NTN-B com vencimento em 2045 hoje à venda paga um juro real de 4,43% ao ano, algo como 0,36% ao mês.

Outra maneira de fazer o seu planejamento é aumentar a sua poupança anualmente em uma proporção igual ou maior à da alta da inflação. Essa é a orientação do educador financeiro Reinaldo Domingos, e faz parte do seu método DSOP de educação financeira. “Se a inflação for de 5%, deve-se aumentar a poupança do ano seguinte ao menos em 5%. Mas o ideal é aumentá-la em uma proporção ainda maior”, diz Domingos.

Segundo sua metodologia, para se viver de renda, é preciso que o rendimento com as suas aplicações financeiras seja pelo menos igual ao dobro da quantia usada para manter o padrão de vida que se deseja ter. Assim, consome-se metade do rendimento e se mantém investida a outra metade.

Calcule sua estratégia com a Calculadora do Primeiro Milhão de EXAME.com.


Os melhores investimentos para quem quer atingir o primeiro milhão:

Tesouro Direto:

O Tesouro Direto é o investimento mais seguro. Existem papéis de diferentes prazos, pós-fixados à Selic (LFTs), prefixados (NTN-Fs e LTNs) e os papéis com uma parte prefixada e outra indexada ao IPCA (NTN-Bs). Estes últimos são os títulos mais longos, que permitem investimentos de longo prazo e já remuneram um juro real, uma vez que protegem o investimento da inflação. O título mais longo à venda atualmente vencemem 2045.

Os papéis prefixados requerem um pouco mais de habilidade do investidor, uma vez que especulam com a possibilidade de queda da Selic e não protegem o capital da inflação. São opções mais arriscadas que a NTN-B quando a perspectiva é de queda de juros. Ambos os títulos, porém, podem levar a algumas perdas quando vendidos antes do vencimento. O mais seguro é ficar com eles até o vencimento.

As LFTs remuneram apenas ligeiramente acima da poupança, mas podem ser boas opções para quem está começando a trajetória de acumulação. Mas é fundamental que a taxa de administração cobrada pela corretora seja baixa – de preferência nula. Atualmente, as corretoras Banif, Convenção, Socopa, Spinelli e Título isentam todos os clientes dessa taxa. Veja como investir no Tesouro Direto.

CDBs e LCIs de bancos pequenos e médios:

Entre os CDBs de pequenos e médios bancos, aqueles com liquidez diária já remuneram 100% do CDI. Com liquidez no vencimento é possível conseguir taxas bem maiores, superando 110% do CDI, dependendo da instituição. Além de investir por meio de corretoras, o poupador pode investir diretamente por meio do Sofisa Direto ou do CDB Direto. O Sofisa também dispõe de um CDB atrelado ao IPCA, que preserva o capital do investidor ao longo do tempo.

Instituições financeiras pequenas e médias também oferecem Letras de Crédito Imobiliário (LCIs), que são espécies de CDBs isentos de IR. Nos grandes bancos, essas aplicações normalmente requerem aportes muito elevados para a pessoa física. Em instituições menores, esses papéis são mais acessíveis, e oferecem remunerações em geral mais altas que a poupança. No Sofisa Direto, a LCI mais curta rende 90% do CDI, mais do que os 70% da Selic oferecidos pela poupança atualmente. LCIs também são vendidas em corretoras.

No caso dos CDBs e das LCIs, porém, o investidor não deve aplicar mais do que 70.000 reais em uma única instituição financeira. Esse é o limite do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que garante os depósitos em caso de quebra da instituição financeira. Em ambos os papéis, o risco é de quebra do banco, que por ser de menor porte, é mais suscetível aos humores do mercado.

Ações que pagam bons dividendos:

De acordo com Mauro Calil, o investidor não deve apostar em promessas, apenas em ações de empresas que pagam altos dividendos. Muitos desses papéis podem não ser os campeões de valorização no longo prazo, mas garantem uma renda periódica que pode ser reinvestida e, no futuro, até consumida.


Empresas que pagam bons dividendos são aquelas que não precisam mais investir tanto em sua atividade produtiva, e cujos dividendos reduzem o impacto de eventuais quedas nos preços das ações. Muitas delas têm demanda inelástica, que se mantém mesmo em tempos de crise, como as empresas do setor elétrico e as fabricantes de cigarros.

Outra vantagem dos dividendos é que normalmente eles já embutem a inflação. Seja porque o lucro das empresas já é corrigido pelo indicador – caso das companhias do setor elétrico, cujas tarifas são corrigidas pela inflação – seja porque a demanda é tão estável que a inflação pouco afeta os lucros. Assim, é possível calcular o lucro com os dividendos como sendo o seu lucro real. Ainda assim, para não ter erro, uma boa dica, segundo especialistas, é escolher empresas com dividend yield acima de 10%. Mesmo para uma inflação de 6,5%, o atual teto da meta, a rentabilidade real ainda seria de 3,5%.

Fundos imobiliários:

Ainda dentro da renda variável, outra possibilidade de geração de renda e multiplicação do patrimônio são os fundos imobiliários. Suas cotas são negociadas em Bolsa como se fossem ações, e devem ser compradas pelo home broker de uma corretora. Mauro Calil acredita que eles possam ser considerados a porção conservadora do investimento dentro da renda variável, desde que o investidor aplique em fundos voltados para a geração de renda por meio do aluguel.

A pessoa física é isenta de IR sobre os aluguéis, pagando imposto apenas sobre o lucro obtido com a valorização das cotas quando estas forem vendidas, segundo a tabela regressiva do IR. Esses fundos geralmente investem em imóveis corporativos ou recebíveis imobiliários. Assim como no caso das ações pagadoras de dividendos, o atrativo aqui não é a possibilidade de valorização dos imóveis e das cotas, mas sim de se obter um bom lucro com aluguéis. Veja como escolher um bom fundo imobiliário.

Opte sempre pelo menor custo

Se a ideia é fazer o seu bolo crescer, fuja dos custos altos. Girar demais a carteira ou investir em fundos com altas taxas de administração pode comer boa parte dos lucros e dificultar ainda mais o processo de enriquecimento.

Tesouro Direto: prefira as corretoras que não cobram taxa de administração e carregue os títulos até o final, principalmente se forem prefixados ou atrelados à inflação.

Fundos de investimento: se o fundo for de renda fixa conservadora, fuja daqueles que cobram taxa de administração superior a 1% ao ano. No caso dos fundos de dividendos, prefira aqueles com taxa de administração em torno de 2% ao ano e que não cobrem taxa de performance.

Ações e fundos imobiliários: prefira as corretoras com a combinação mais barata entre taxa de corretagem e custódia. Para investimentos de longo prazo e com pouco giro de carteira, prefira as corretoras com isenção de taxa de custódia. Avalie se realmente vai sair mais barato concentrar todos os seus investimentos numa mesma corretora. E ao evitar girar muito a carteira, mesmo que os ativos sejam vendidos em um momento de baixa, a alta de todo o período do investimento pode, ainda assim, compensar.

IR: sempre que possível, permaneça em um título ou fundo de investimento até ter direito à menor alíquota de IR na hora de realizar o lucro. No caso das ações, use os eventuais prejuízos para abatimento do IR cobrado sobre os lucros superiores a 20.000 reais por mês nessa modalidade de investimento.

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