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Como a mulher deve investir em cada fase da vida

Economista defende estratégia específica para os investimentos femininos

Dinheiro do investimento deve ser o primeiro a sair da conta todo mês (Bo Hansen/SXC)
DR

Da Redação

Publicado em 23 de junho de 2011 às 10h23.

São Paulo – Investimentos devem fazer parte da rotina de todo mundo, homens e mulheres, certo? Mas não da mesma maneira, na opinião de Alexandra Almawi, economista da gestora de recursos Lerosa Investimentos. Ela considera que há especificidades na maneira de o homem e a mulher investirem, e traçou um passo-a-passo para sete diferentes etapas da vida da mulher. Veja a seguir:


Quem ainda mora com os pais

Esse é o melhor momento da vida para começar a investir. A mulher jovem e que mora com os pais ainda tem um longo tempo de acumulação pela frente e não possui as despesas de quem sustenta uma casa. Essa também é uma excelente hora para começar a pensar na aposentadoria. O mais importante aqui é dar início ao hábito de poupar, todo mês, um percentual fixo da sua renda.

Quanto maior o percentual melhor, desde que a mulher não sinta que está passando por privações. Afinal, o hábito terá de ser mantido dali para frente. Para Alexandra Almawi, não existe um percentual ideal, mas quando a renda é pequena, como no caso das mulheres jovens, pode ser algo entre 10% e 20%. “Aliás, 20% é uma fatia bem interessante. À medida que o salário aumenta, a mulher pode também aumentar seu percentual de poupança”, diz Alexandra.

Outra dica importante é separar os investimentos por objetivo. O dinheiro voltado para objetivos de curto prazo, como comprar um carro, fazer uma viagem ou mesmo casar, deve estar alocado em renda fixa, pois há liquidez imediata, sem risco de perdas. A renda variável só deve ser escolhida para os objetivos de longo prazo, como a aposentadoria, e mesmo assim por quem suporta observar as oscilações do mercado sem se desesperar.

Mulher que vive só

Em tese, a mulher que mora sozinha deveria ter uma folga maior nas finanças, já que não têm os mesmos gastos que as mães e as casadas. Mas nem sempre é assim. “A mulher que mora sozinha em geral é a que mais se enrola. Isso porque ela tem muitos gastos que giram em torno de si mesma. Ela costuma viajar e comprar mais roupas que a mulher casada, e presta uma atenção especial aos móveis e à decoração, pois deseja montar a casa dos sonhos”, diz Alexandra.


Quem leva uma vida autocentrada pode acabar, em alguns casos, se perdendo nas despesas, além de ter de suportar o peso de manter uma casa sozinha. Mas deveria ser o contrário. “Essa mulher tem potencial de acumulação muito bom. Ela pode inclusive investir com mais risco e no longo prazo”, diz a economista. O problema é a disciplina, para quem não tem disciplina. O primeiro passo é decidir investir. O segundo, estabelecer que a fatia da poupança deve ser a primeira a sair da conta todo mês, não importa o que aconteça.

Recém-casada

Como toda fase de transição, esta etapa implica muitos gastos extras e, muitas vezes, imprevisíveis. O mais importante é que essa mulher consiga, todos os meses, separar, antes de qualquer outro gasto, o percentual de poupança de sempre. Sem esse planejamento, os custos de montagem da casa, que muitas vezes crescem acima do esperado, podem até endividar a recém-casada.

Na hora de dividir as despesas da casa com o marido, a recém-casada deve primar pelo equilíbrio. Um dos maiores motivos do endividamento das mulheres no Brasil é o fato de elas normalmente ficarem com as despesas miúdas e variáveis, como supermercado, utilidades domésticas, gastos com beleza e roupas para família, de acordo com a percepção de Alexandra.

Já os homens, segundo a observação dela,  costumam arcar com despesas mais ou menos fixas, como os financiamentos e as contas de luz e telefone, por exemplo. Resultado, diz a economista: eles conseguem prever seus gastos e separar o percentual da poupança todo mês; elas, por outro lado, se perdem nas miudezas, e nem sempre conseguem poupar.

Por isso, o ideal, na hora de dividir as despesas com o marido,  é que cada um fique com algumas despesas fixas e algumas variáveis, para que ambos possam fazer o próprio planejamento.

Mãe de primeira viagem

Quem planeja ter o primeiro filho já deve ter iniciado os investimentos; se não, precisa iniciá-los o quanto antes. Vale a mesma regra dos perfis anteriores: o percentual destinado às reservas deve continuar a ser o primeiro dinheiro a sair da conta todos os meses. A poupança de curto prazo, agora, deve estar voltada para os primeiros gastos com a criança e aplicada em renda fixa bastante líquida, como Tesouro Direto, fundos de renda fixa e CDBs.

Para Alexandra Almawi, uma boa maneira de tentar estimar os gastos com a chegada do bebê é conversar com mães que tenham filhos de diferentes idades, para conhecer os reais custos em cada fase da vida. “Não adianta só ler livros e reportagens que estimem o custo de um filho. A futura mãe tem que conhecer os custos reais. Quanto se gasta em farmácia quando a criança é pequena? E nas festinhas, quando ela fica um pouco maior?”, sugere.

Na hora de dividir as despesas com o pai, vale a mesma regra da casa. Cada um deve cuidar tanto de gastos fixos como variáveis. E nada de abrir plano de previdência para o filho. “Primeiro a mãe tem que pensar na própria aposentadoria. Vai ser pior se, no futuro, ela passar por dificuldades financeiras e tiver que mexer nas reservas destinadas ao filho. A previdência infantil só deve ser aberta se a família puder, de fato, arcar com a aposentadoria de todos”, alerta a economista da Lerosa.


Recém-separada

O divórcio é um dos momentos de transição mais difíceis, pois costuma envolver muito desgaste emocional, principalmente se houver filhos menores de idade. Dependendo do perfil da mulher, pode haver também muito desgaste financeiro. Quem já tem os próprios investimentos desde jovem e sabe geri-los por conta própria só precisa se preocupar em manter os aportes mensais e em não corroer as reservas com os gastos do divórcio e do início da nova vida.

“É um bom momento para reavaliar todas as aplicações, a relação risco-retorno, as taxas. Às vezes é possível migrar para investimentos de rentabilidade maior e taxas menores”, aconselha Alexandra Almawi.

As mulheres que possuem patrimônio próprio ou ficaram com parte dos bens da família na partilha podem se sentir um tanto perdidas se não souberem gerir esses investimentos. Em certos casamentos, essa tarefa recai sobre o marido, o que deixa a mulher em desvantagem em caso de um eventual divórcio.

Para quem nunca se envolveu muito no assunto, o conselho da economista da Lerosa é começar a se informar pelos sites educacionais, para aprender, passo a passo, o que é uma ação, um CDB, um título público, e assim por diante. Depois, é bom conversar com mais de uma instituição financeira, comparar os investimentos e perguntar pelas desvantagens de cada um. “Também é legal levar alguém de confiança que já invista, como um irmão ou uma amiga”, diz Almawi.

A mulher que sair da relação sem investimentos próprios e sem bens da partilha é a que está em pior situação. Caso ela não trabalhe e receba pensão do marido, o ideal é mapear todos os gastos, mesmo os variáveis, para chegar a um valor de pensão condizente com a realidade e cuja necessidade possa ser comprovada judicialmente.

A que possui renda própria, por outro lado pode ter de mudar o padrão de vida. “É o mesmo que acontece quando a mulher abdica do salário para viver de frila. Ela precisa procurar um apartamento mais em conta, remodelar os gastos e, quem sabe, até descer um degrau no padrão de vida”, afirma Alexandra.

Quem já tem 1.000.000 de reais

Essa mulher já pode respirar com certa tranquilidade, mas não deve achar que pode sair esbanjando e desperdiçando. Seu foco deve ser não corroer seus investimentos. Ela jamais deve retirar uma quantia maior do que o rendimento do mês, mantendo o principal sempre investido. Por exemplo, se a rentabilidade líquida de impostos for 0,8% ao mês, o resgate mensal do bolo de 1.000.000 de reais não deve ultrapassar 8.000 reais.

“Parece fácil, mas eu mesma tenho que ‘brigar’ com algumas clientes para fazê-las entender que não podem tirar mais do que o rendimento do mês”, conta Alexandra. E lembra: é preciso também proteger o patrimônio da inflação, aplicando pelo menos parte dos recursos em investimentos atrelados aos índices de preços. “Se a mulher achar que pode sair consumindo seu patrimônio, aos 70 anos já não tem mais nada”, conclui.

As aposentadas

Para quem investiu durante toda a vida, agora é hora de usufruir o que foi acumulado. Mas isso não quer dizer consumir as reservas irresponsavelmente. Os investimentos devem ser focados em aplicações conservadoras e moderadas, já que o objetivo agora é preservar o capital, e não mais acumular. “Ela não tem mais por que arriscar seu capital”, diz Alexandra Almawi.

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São Paulo – Investimentos devem fazer parte da rotina de todo mundo, homens e mulheres, certo? Mas não da mesma maneira, na opinião de Alexandra Almawi, economista da gestora de recursos Lerosa Investimentos. Ela considera que há especificidades na maneira de o homem e a mulher investirem, e traçou um passo-a-passo para sete diferentes etapas da vida da mulher. Veja a seguir:


Quem ainda mora com os pais

Esse é o melhor momento da vida para começar a investir. A mulher jovem e que mora com os pais ainda tem um longo tempo de acumulação pela frente e não possui as despesas de quem sustenta uma casa. Essa também é uma excelente hora para começar a pensar na aposentadoria. O mais importante aqui é dar início ao hábito de poupar, todo mês, um percentual fixo da sua renda.

Quanto maior o percentual melhor, desde que a mulher não sinta que está passando por privações. Afinal, o hábito terá de ser mantido dali para frente. Para Alexandra Almawi, não existe um percentual ideal, mas quando a renda é pequena, como no caso das mulheres jovens, pode ser algo entre 10% e 20%. “Aliás, 20% é uma fatia bem interessante. À medida que o salário aumenta, a mulher pode também aumentar seu percentual de poupança”, diz Alexandra.

Outra dica importante é separar os investimentos por objetivo. O dinheiro voltado para objetivos de curto prazo, como comprar um carro, fazer uma viagem ou mesmo casar, deve estar alocado em renda fixa, pois há liquidez imediata, sem risco de perdas. A renda variável só deve ser escolhida para os objetivos de longo prazo, como a aposentadoria, e mesmo assim por quem suporta observar as oscilações do mercado sem se desesperar.

Mulher que vive só

Em tese, a mulher que mora sozinha deveria ter uma folga maior nas finanças, já que não têm os mesmos gastos que as mães e as casadas. Mas nem sempre é assim. “A mulher que mora sozinha em geral é a que mais se enrola. Isso porque ela tem muitos gastos que giram em torno de si mesma. Ela costuma viajar e comprar mais roupas que a mulher casada, e presta uma atenção especial aos móveis e à decoração, pois deseja montar a casa dos sonhos”, diz Alexandra.


Quem leva uma vida autocentrada pode acabar, em alguns casos, se perdendo nas despesas, além de ter de suportar o peso de manter uma casa sozinha. Mas deveria ser o contrário. “Essa mulher tem potencial de acumulação muito bom. Ela pode inclusive investir com mais risco e no longo prazo”, diz a economista. O problema é a disciplina, para quem não tem disciplina. O primeiro passo é decidir investir. O segundo, estabelecer que a fatia da poupança deve ser a primeira a sair da conta todo mês, não importa o que aconteça.

Recém-casada

Como toda fase de transição, esta etapa implica muitos gastos extras e, muitas vezes, imprevisíveis. O mais importante é que essa mulher consiga, todos os meses, separar, antes de qualquer outro gasto, o percentual de poupança de sempre. Sem esse planejamento, os custos de montagem da casa, que muitas vezes crescem acima do esperado, podem até endividar a recém-casada.

Na hora de dividir as despesas da casa com o marido, a recém-casada deve primar pelo equilíbrio. Um dos maiores motivos do endividamento das mulheres no Brasil é o fato de elas normalmente ficarem com as despesas miúdas e variáveis, como supermercado, utilidades domésticas, gastos com beleza e roupas para família, de acordo com a percepção de Alexandra.

Já os homens, segundo a observação dela,  costumam arcar com despesas mais ou menos fixas, como os financiamentos e as contas de luz e telefone, por exemplo. Resultado, diz a economista: eles conseguem prever seus gastos e separar o percentual da poupança todo mês; elas, por outro lado, se perdem nas miudezas, e nem sempre conseguem poupar.

Por isso, o ideal, na hora de dividir as despesas com o marido,  é que cada um fique com algumas despesas fixas e algumas variáveis, para que ambos possam fazer o próprio planejamento.

Mãe de primeira viagem

Quem planeja ter o primeiro filho já deve ter iniciado os investimentos; se não, precisa iniciá-los o quanto antes. Vale a mesma regra dos perfis anteriores: o percentual destinado às reservas deve continuar a ser o primeiro dinheiro a sair da conta todos os meses. A poupança de curto prazo, agora, deve estar voltada para os primeiros gastos com a criança e aplicada em renda fixa bastante líquida, como Tesouro Direto, fundos de renda fixa e CDBs.

Para Alexandra Almawi, uma boa maneira de tentar estimar os gastos com a chegada do bebê é conversar com mães que tenham filhos de diferentes idades, para conhecer os reais custos em cada fase da vida. “Não adianta só ler livros e reportagens que estimem o custo de um filho. A futura mãe tem que conhecer os custos reais. Quanto se gasta em farmácia quando a criança é pequena? E nas festinhas, quando ela fica um pouco maior?”, sugere.

Na hora de dividir as despesas com o pai, vale a mesma regra da casa. Cada um deve cuidar tanto de gastos fixos como variáveis. E nada de abrir plano de previdência para o filho. “Primeiro a mãe tem que pensar na própria aposentadoria. Vai ser pior se, no futuro, ela passar por dificuldades financeiras e tiver que mexer nas reservas destinadas ao filho. A previdência infantil só deve ser aberta se a família puder, de fato, arcar com a aposentadoria de todos”, alerta a economista da Lerosa.


Recém-separada

O divórcio é um dos momentos de transição mais difíceis, pois costuma envolver muito desgaste emocional, principalmente se houver filhos menores de idade. Dependendo do perfil da mulher, pode haver também muito desgaste financeiro. Quem já tem os próprios investimentos desde jovem e sabe geri-los por conta própria só precisa se preocupar em manter os aportes mensais e em não corroer as reservas com os gastos do divórcio e do início da nova vida.

“É um bom momento para reavaliar todas as aplicações, a relação risco-retorno, as taxas. Às vezes é possível migrar para investimentos de rentabilidade maior e taxas menores”, aconselha Alexandra Almawi.

As mulheres que possuem patrimônio próprio ou ficaram com parte dos bens da família na partilha podem se sentir um tanto perdidas se não souberem gerir esses investimentos. Em certos casamentos, essa tarefa recai sobre o marido, o que deixa a mulher em desvantagem em caso de um eventual divórcio.

Para quem nunca se envolveu muito no assunto, o conselho da economista da Lerosa é começar a se informar pelos sites educacionais, para aprender, passo a passo, o que é uma ação, um CDB, um título público, e assim por diante. Depois, é bom conversar com mais de uma instituição financeira, comparar os investimentos e perguntar pelas desvantagens de cada um. “Também é legal levar alguém de confiança que já invista, como um irmão ou uma amiga”, diz Almawi.

A mulher que sair da relação sem investimentos próprios e sem bens da partilha é a que está em pior situação. Caso ela não trabalhe e receba pensão do marido, o ideal é mapear todos os gastos, mesmo os variáveis, para chegar a um valor de pensão condizente com a realidade e cuja necessidade possa ser comprovada judicialmente.

A que possui renda própria, por outro lado pode ter de mudar o padrão de vida. “É o mesmo que acontece quando a mulher abdica do salário para viver de frila. Ela precisa procurar um apartamento mais em conta, remodelar os gastos e, quem sabe, até descer um degrau no padrão de vida”, afirma Alexandra.

Quem já tem 1.000.000 de reais

Essa mulher já pode respirar com certa tranquilidade, mas não deve achar que pode sair esbanjando e desperdiçando. Seu foco deve ser não corroer seus investimentos. Ela jamais deve retirar uma quantia maior do que o rendimento do mês, mantendo o principal sempre investido. Por exemplo, se a rentabilidade líquida de impostos for 0,8% ao mês, o resgate mensal do bolo de 1.000.000 de reais não deve ultrapassar 8.000 reais.

“Parece fácil, mas eu mesma tenho que ‘brigar’ com algumas clientes para fazê-las entender que não podem tirar mais do que o rendimento do mês”, conta Alexandra. E lembra: é preciso também proteger o patrimônio da inflação, aplicando pelo menos parte dos recursos em investimentos atrelados aos índices de preços. “Se a mulher achar que pode sair consumindo seu patrimônio, aos 70 anos já não tem mais nada”, conclui.

As aposentadas

Para quem investiu durante toda a vida, agora é hora de usufruir o que foi acumulado. Mas isso não quer dizer consumir as reservas irresponsavelmente. Os investimentos devem ser focados em aplicações conservadoras e moderadas, já que o objetivo agora é preservar o capital, e não mais acumular. “Ela não tem mais por que arriscar seu capital”, diz Alexandra Almawi.

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