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Commodities são mau negócio, diz fundo de US$ 270 bi

Economista-chefe da Principal Global Investors diz que o preço das matérias-primas está exageradamente elevado e que esse não é um bom investimento no longo prazo

Robert Baur, da Principal: preferimos as bolsas americanas às ações de países emergentes (Divulgação)
DR

Da Redação

Publicado em 17 de agosto de 2011 às 19h53.

São Paulo – Fundos de previdência são tradicionais investidores de longo prazo. Como captam dinheiro que não deverá ser resgatado durante vários anos, esses fundos podem comprar ativos e segurá-los em carteira até mesmo por décadas, até que os resultados apareçam. Quem cultiva essa mesma mentalidade de investimentos ao tratar com o próprio dinheiro tem razões de sobra para ouvir o que diz Robert Baur, economista-chefe global da Principal Global Investors, uma instituição responsável pela gestão de 270 bilhões de dólares de clientes de previdência privada e institucionais.

Em entrevista a EXAME.com, Baur mostrou algum otimismo com a economia americana e certo pessimismo com a bolsa brasileira. Ele acredita que a inflação deve continuar a atrapalhar quem compra ações em países emergentes por mais um ano e diz que os papéis de companhias americanas parecem mais atrativos neste momento. O economista também diz que os preços de commodities como o ouro, o petróleo e os produtos agrícolas não devem continuar em alta no longo prazo. Leia a seguir os principais trechos da entrevista:

EXAME.com – Vivemos momentos turbulentos nas bolsas mundiais. Onde é interessante investir?

Baur – Considerando nosso cenário-base de expansão gradual do ritmo de crescimento americano, acredito que é hora de rebalancear o portfólio e comprar mais ações. Se você tem algum dinheiro parado, é uma boa hora para botá-lo na bolsa. Nós preferimos ações de empresas americanas a papéis da maioria dos outros países. Gostamos dos mercados emergentes porque é onde está o crescimento no longo prazo, mas achamos que as altas das taxas de juros em muitos desses países devem ser um limitador dos ganhos bolsas. No longo prazo, conter a inflação na China, no Brasil e na Índia vai ser mais difícil do que as pessoas imaginam. É por isso que achamos que as bolsas dos EUA devem apresentar melhores resultados que a média dos emergentes. Isso já aconteceu nos últimos seis ou nove meses.

EXAME.com – Por quanto tempo a inflação deve prejudicar as bolsas do Brasil ou a China?

Baur – É difícil dizer, mas provavelmente por mais um ano. Se o mundo entrar em uma nova recessão, isso deve desaquecer os preços. O problema é que a origem da inflação nos países emergentes está nas taxas de câmbio praticadas nos últimos 20 anos. Nesse período, os governos de países em desenvolvimento buscaram manter a cotação de suas moedas atada ao dólar. A China é o grande exemplo, mas não é o único. Cingapura, Malásia, Tailândia, Hong Kong, Brasil, Argentina e Coreia do Sul atrelaram a taxa de câmbio ao dólar em algum momento. A maioria desses países tentou impor um câmbio subvalorizado para elevar a competitiva da produção interna. Mas para manter a credibilidade do câmbio, o Banco Central desses países precisou comprar dólares, colocando reais, por exemplo, no mercado. Em 15 anos, houve uma grande expansão monetária que gerou a inflação atual.

EXAME.com – Isso foi bom para os EUA?

Baur – Isso criou outros problemas. Os bancos centrais de todo o mundo usaram os dólares das reservas para comprar títulos do Tesouro americano, o que aumentou o valor desses papéis e reduziu a remuneração ao investidor. Os juros exageradamente baixos pagos pelos títulos americanos são uma distorção, e os investidores iniciaram uma grande busca por remunerações maiores. Houve então um aumento da especulação, das bolhas e das apostas nos mercados. A bolha imobiliária americana certamente tem esse fenômeno em sua origem. Provavelmente a especulação do momento seja com os preços das commodities.

EXAME.com – Existe uma bolha das commodities prestes a explodir?

Baur – Não acho que haja uma bolha ainda. Os preços das commodities certamente eram exagerados em 2008, mas não vejo uma bolha agora. Com exceção do ouro e do cobre, os preços estão bem mais baixos que há três anos. Mas não acho que há motivos para os preços das commodities continuarem em alta. Os preços atuais são altos o suficiente para motivar muitas empresas a elevar os investimentos na produção de commodities, o que contribuirá para equilibrar a oferta e a demanda.

EXAME.com – O que você acha especificamente sobre os preços do ouro?

Baur – Eu tenho errado tanto com o ouro [risos]. A verdade é que o ouro não me parece um investimento de longo prazo. É uma especulação. Há propagandas sobre ouro nos intervalos da CNN, CNBC ou Fox em horário nobre. Qualquer coisa que seja tão divulgada e anunciada na TV não me parece um bom investimento. É verdade que as cotações estão subindo. A propaganda diz que o ouro é “o único investimento que subiu em todos os anos desde 2001”. O que eles não dizem é que entre 1980 e 2000 a cotação caiu 85%. O ouro funciona como investimento quando o dólar está enfraquecendo. É isso que explica a alta da última década. Agora sinto que já haja uma bolha.


EXAME.com – O petróleo também está caro demais?

Baur – Acho que está um pouco caro a 90 dólares. Acredito que o barril a 75 ou 80 dólares seria mais justo.

EXAME.com – O preço das commodities agrícolas também está inflado?

Baur – A alta dos últimos anos reflete a melhoria nos padrões de vida da população mundial. A primeira coisa que as pessoas melhoram quando começam a ganhar mais é a dieta. Carne bovina, suína e frango são os itens que entram no cardápio. Mas é necessário plantar muita soja e milho para alimentar esses animais. Eu acredito que, se toda a terra cultivável do mundo fosse bem-aproveitada e se os agricultores utilizassem a tecnologia genética existente, poderia haver um salto da produtividade no campo que seria capaz de alimentar a população do planeta por mais 30 ou 40 anos. Até nos EUA há terras que podem ser aproveitadas caso a comida se torne muito cara. No século 18, Thomas Malthus já dizia que haveria uma grande fome mundial porque a produção de comida cresceria aritmeticamente enquanto a população cresceria geometricamente. Outros pensadores já previram a falta de alimentos no planeta. Tudo bobagem. No longo prazo, acho que a alimentação da população mundial não será um problema.

EXAME.com – O que você acha da renda fixa neste momento?

Baur – Não gostamos de títulos de renda fixa nos Estados Unidos. Gostamos dos títulos públicos brasileiros, que pagam taxas de juros bem atrativas. O problema é que o governo taxa investimentos estrangeiros nesses papéis [risos]. No mundo desenvolvido, só gostamos dos títulos australianos. O problema dos bônus americanos ou britânicos é que os juros estão muito baixos. Os títulos privados estão pagando uma taxa maior, mas ainda insuficiente. Enxergamos uma oportunidade apenas em papéis de empresas sem “investment grade” ou hipotecários. Em geral, não achamos que a renda fixa está interessante, a não ser para investimentos de curto prazo. Os juros dos títulos americanos precificam um crescimento muito baixo ou uma recessão no país. Não achamos que isso vá acontecer, mas não vamos lutar contra o mercado.

EXAME.com - Os EUA devem superar a atual crise?

Baur - O cenário mais provável é que os Estados Unidos tenham um crescimento modesto até o final de 2012. Achamos que a taxa anualizada de crescimento será de 2% neste trimestre, no próximo e no primeiro trimestre de 2012. Depois vai acelerar para algo em torno de 3%. Esse cenário-base tem 55% de chances de se materializar, segundo nossos modelos, e considera que os mercados globais estão passando apenas por uma correção cíclica neste momento. Outra premissa é que, se houver um “default” desorganizado em alguns países da Europa, isso não vai afetar em cheio os EUA. Também supomos que os países emergentes como a China e o Brasil continuarão a crescer em um ritmo robusto.

EXAME.com – Por que a recuperação dos EUA tem sido mais lenta que o esperado?

Baur – O país estava no caminho certo. A crise das últimas semanas foi originada por três fatores: 1) a deterioração da situação na Grécia devido ao tamanho reduzido do fundo europeu destinado a socorrer os países em dificuldade, que gerou preocupações também sobre a saúde da Itália e da Espanha; 2) a revisão do crescimento dos EUA, que rebaixou as taxas para quase nada no primeiro trimestre e para 1,3% no segundo; e 3) o rebaixamento da classificação de risco dos EUA pela Standard & Poor’s, que levou ao grande colapso dos mercados na segunda-feira da semana passada. Mas não foi só isso. Desde a Segunda Guerra Mundial, todas as recuperações dos EUA foram geradas pelo aumento nas vendas de imóveis e carros. Mas isso não aconteceu desta vez. Os EUA estavam se recuperando com base nas exportações. Muito pouco estava relacionado aos gastos do consumidor, apesar de as taxas de juros serem bastante favoráveis para ir às compras.


EXAME.com – Falta confiança ao consumidor americano?

Baur – Isso é parte do problema. O consumidor não está comprando casas e carros porque está muito endividado. As pessoas têm usado o que conseguem poupar para reduzir as dívidas – e não para fazer novas compras. Acreditamos que esse processo já começa a se esgotar e que as vendas de imóveis e veículos vão se recuperar até 2012. Qual é a chance de isso não acontecer? Acreditamos que há uma possibilidade de 35% a 40% de os EUA registrarem um crescimento de apenas 1% ao ano ou até mesmo entrarem em uma recessão suave. Esse cenário se materializaria se as bolsas continuarem em baixa devido a um calote desorganizado na Europa e devido a uma desaceleração nos países emergentes. Nesse caso, a falta de confiança dos consumidores levaria as empresas a cortar funcionários e investimentos, em um círculo vicioso.

EXAME.com – Qual é a sua visão para o mercado de trabalho nos EUA?

Baur – Achamos que está melhorando modestamente. A geração de vagas teve um pequeno aumento enquanto os pedidos de seguro-desemprego diminuíram levemente. Essa é uma tendência positiva.

EXAME.com – O que você achou da decisão da Fitch de manter o rating AAA para a dívida americana?

Baur – Acho que eles tomaram a decisão correta. A Standard & Poor’s decidiu de forma política. Não acho que isso seja apropriado para uma agência de rating.

EXAME.com – A economia americana precisa de mais estímulos do governo?

Baur – Não, isso seria ruim. O governo americano já está muito endividado e isso só elevaria os débitos. O governo não sabe melhor que os consumidores como gastar dinheiro. Então não é uma boa ideia aumentar impostos para elevar os gastos públicos.

EXAME.com – E se o estímulo vier na forma de redução de impostos?

Baur – O melhor estímulo seria uma grande reforma tributária que reduza os impostos sobre as empresas. A perda de arrecadação seria compensada com o fim de isenções fiscais, com impacto neutro ou levemente negativo para o orçamento. Isso criaria um ambiente mais positivo de negócios.

EXAME.com – Isso não poderia aumentar ainda mais o déficit público?

Baur – É difícil pensar em uma situação pior que a dos últimos dois anos e meio. Se os impostos caírem, achamos que os empresários voltarão a contratar. O dinamismo da economia vai compensar os impostos menores.

EXAME.com – Onde os EUA poderiam cortar gastos?

Baur – O gasto público cresceu mais de 25% nos últimos três anos. O problema não são os gastos militares. Foram os gastos com saúde e previdência social que subiram muito. Muitos servidores público foram contratados. São gastos correntes que vão continuar a pesar em orçamentos futuros.


EXAME.com – Como o presidente Obama poderia cortar despesas pouco mais de um ano antes das eleições?

Baur- Acho que a popularidade do presidente cresceria se ele fizesse um acordo com os congressistas do Partido Republicano para cortar os gastos públicos em 5 a 6 trilhões de dólares nos próximos 10 anos. Parte desse corte entraria imediatamente em vigor.

EXAME.com – Republicamos e democratas podem chegar a um acordo sobre o orçamento depois de todo o desgaste ocorrido antes da votação da elevação do teto da dívida?

Baur – É possível, mas não sei se eles vão fazer. Há um lado que quer um governo maior que tome conta de muitos cidadãos e um grupo de pessoas que quer um governo menor que seja um juiz – e não um motorista. Mas essa é uma coisa boa da democracia. As coisas estão acontecendo na frente de câmeras e microfones. Não há sangue nem armas como em outros lugares. Os eleitores americanos vão decidir em 2012 para que lado o governo deve ir.

EXAME.com – Em sua opinião, qual é o caminho correto a seguir?

Baur – Acredito que as coisas estariam melhores com um governo menor e mais liberdade para as pessoas e empresas decidirem como querem gastar dinheiro ou investir.

EXAME.com – O Federal Reserve tomou a decisão certa ao prometer juros baixos nos EUA até 2013?

Baur – Foi a primeira vez que eles estabeleceram uma data para a manutenção de uma política monetária branda. Não sei o quanto isso vai ajudar quem poupa dinheiro. Os poupadores de curto prazo não estão sendo remunerados quando compram títulos públicos que oferecem uma taxa próxima de zero. Acho que juros um pouco mais altos também poderiam ajudar. Não vejo ninguém que não esteja comprando uma casa nos EUA porque acha que os juros estão muito altos. Não há empresa americana que não esteja investindo porque o custo de capital é muito elevado. A liquidez é enorme, o crédito é acessível. Grandes empresas estão oferecendo títulos ao mercado que pagam juros muito baixos, e a demanda é grande. Então não acho que os juros tenham de ser tão baixos. Novas medidas de relaxamento monetário, que vem sendo chamadas de QE3 (“quantitative easing”) pelo mercado, tampouco seriam parte da solução. O QE2 elevou os preços das commodities e não acho que ajudou em nada.

EXAME.com – E qual é a sua visão para a Europa?

Baur – Alguns países têm um problema de solvência. A dívida grega é insolvente. Não vejo nenhum jeito de eles pagarem tudo o que devem. Há algumas semanas, muitos detentores de títulos aceitaram um desconto de 21% sobre o valor dos papéis para continuar a receber. Não acho que o deságio foi grande o suficiente. Eles precisavam de um desconto de 40% a 60% para voltarem a ser solventes. Os bancos irlandeses provavelmente não terão dinheiro para arcar com todas suas obrigações, apesar de o governo irlandês ter uma dívida ainda sob controle. O problema de Portugal é que se trata de uma economia que cresce pouco, não é muito eficiente e está endividada demais. Na Espanha, o problema não são as dívidas do governo Zapatero. Algumas províncias e caixas de depósitos é que estão endividadas demais, mas ainda podem ser capazes de superar as dificuldades. A Itália não tem um déficit público muito alto, mas o país cresce pouco e a relação entre dívida e PIB é muito elevada. Com exceção da Alemanha, da Bélgica e dos países nórdicos, o que os países europeus precisam é ser mais competitivos do ponto de vista do custo de produção. A Alemanha Oriental passou rapidamente por esse processo logo após a integração com a Alemanha Ocidental e hoje é bastante eficiente. Eles terão de passar por um processo doloroso.

EXAME.com – O que você quer dizer com doloroso?

Baur – Os salários terão de cair. Eles terão de trabalhar mais e ser mais produtivos. Alguns benefícios sociais e previdenciários terão de ser extintos.


EXAME.com – A França e a Alemanha acabam de anunciar a intenção de criar um imposto sobre as operações financeiras. Isso ajudará?

Baur – Acredito que seja mais uma forma de levantar mais dinheiro. Mas o problema que precisa ser resolvido é o da redução dos custos. Nos Estados Unidos, os funcionários públicos estão pagando mais para custear a aposentadoria e a saúde. De certa forma, isso diminui os gastos públicos com os servidores. Acho que esse é o caminho que a Europa deve seguir.

EXAME.com – Mas como a Europa pode lidar com a crise de confiança no curto prazo?

Baur – É difícil. O ideal é que eles cheguem a acordos com os credores para que haja um desconto no pagamento das dívidas. Os bancos deveriam assumir esses prejuízos. Alguns bancos terão de fechar ou ser vendidos. Os ativos das instituições quebradas iriam para um fundo que seria responsável pela liquidação. Os EUA fizeram isso na década de 1990. O fundo ficou com ativos de 300 bilhões de dólares e posteriormente leiloou esses créditos. Quanto mais rápido isso acontecer na Europa, maior a chance de eles recuperarem a confiança dos investidores.

EXAME.com – Se os bancos assumirem essas perdas enormes, não pode haver um novo Lehman Brothers na Europa?

Baur – É possível. Mas se os governos reconhecerem que o problema é dos bancos, e não dos países, e se eles selecionarem os bancos que podem continuar a funcionar, provavelmente será possível salvar as grandes instituições. Os EUA fizeram isso em 2008. O fundo europeu pode assumir parte das perdas, assim como os credores que detêm títulos desses países. É preciso distribuir as perdas entre todos.

EXAME.com – A proposta de criação de um “eurobônus” que seria emitido por todos os países da região é viável?

Baur – É difícil dizer como isso poderia funcionar sem uma união fiscal entre os países. Talvez lá na frente isso seja possível, mas não sei se é necessário. Nos EUA, temos 50 estados que são responsáveis por suas próprias dívidas. Então faz sentido que Indiana pague juros menores que a Califórnia. Da mesma forma, acho que a Alemanha tem o direito de pagar menos juros que a Grécia. O que quero dizer é que não sei se é justo com o contribuinte alemão que ele pague a mesma taxa de juros que o de um estado com maior risco de calote.

EXAME.com – Qual é a atual situação da economia chinesa?

Baur – A China é um mercado maravilhoso, além de ser o maior parceiro comercial do Brasil. Achamos que a China vai continuar a crescer a uma taxa anual entre 8% e 9%. Eles aumentaram os juros e desaceleraram a economia. Mas, como no Brasil, eles têm registrado um crescimento muito forte no consumo interno. A classe média tem elevado o padrão de vida. O que pode deixar de beneficiar a China é o fator demográfico. Em dois ou três anos, o número de trabalhadores que chegam ao mercado de trabalho com 15 a 24 anos deve atingir o pico e começar a cair. Na verdade, a China já não tem o mesmo excedente de mão de obra que tinha há alguns anos. Algumas empresas que estão instaladas na costa chinesa já enfrentam até falta de mão de obra. O governo está tentando transformar cidades do interior em novas áreas de desenvolvimento para aproveitar os excedentes de trabalhadores dessas regiões. Mas ainda acredito em um forte crescimento da China por mais dois ou três anos. A renda continua a subir muito rápido, o que mantém as vendas do varejo em alta de 18%. Isso ajuda o Brasil, o Japão e todo o mundo.

EXAME.com – Especificamente sobre o Brasil, qual é sua perspectiva para o longo prazo?

Baur – O Brasil depende de seus políticos. As coisas melhoraram recentemente. Mas se o governo gastar dinheiro demais com o bem-estar social, mais gente vai ser dependente do estado e haverá menos incentivos para a busca de empregos ou a abertura de negócios. O mais importante é os políticos incentivarem o crescimento. É necessário melhorar a estrutura tributária, o controle sobre os gastos e a regulação dos negócios. Abrir uma empresa na Califórnia demora mais de 100 dias. É por isso que muitos negócios estão se mudando para o Texas, onde esse prazo cai para um dia. O Texas criou 40% de todas as vagas nos EUA desde o início da recessão de 2008. O estado não cobra imposto de renda e favorece a abertura de empresas.

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Em entrevista a EXAME.com, Baur mostrou algum otimismo com a economia americana e certo pessimismo com a bolsa brasileira. Ele acredita que a inflação deve continuar a atrapalhar quem compra ações em países emergentes por mais um ano e diz que os papéis de companhias americanas parecem mais atrativos neste momento. O economista também diz que os preços de commodities como o ouro, o petróleo e os produtos agrícolas não devem continuar em alta no longo prazo. Leia a seguir os principais trechos da entrevista:

EXAME.com – Vivemos momentos turbulentos nas bolsas mundiais. Onde é interessante investir?

Baur – Considerando nosso cenário-base de expansão gradual do ritmo de crescimento americano, acredito que é hora de rebalancear o portfólio e comprar mais ações. Se você tem algum dinheiro parado, é uma boa hora para botá-lo na bolsa. Nós preferimos ações de empresas americanas a papéis da maioria dos outros países. Gostamos dos mercados emergentes porque é onde está o crescimento no longo prazo, mas achamos que as altas das taxas de juros em muitos desses países devem ser um limitador dos ganhos bolsas. No longo prazo, conter a inflação na China, no Brasil e na Índia vai ser mais difícil do que as pessoas imaginam. É por isso que achamos que as bolsas dos EUA devem apresentar melhores resultados que a média dos emergentes. Isso já aconteceu nos últimos seis ou nove meses.

EXAME.com – Por quanto tempo a inflação deve prejudicar as bolsas do Brasil ou a China?

Baur – É difícil dizer, mas provavelmente por mais um ano. Se o mundo entrar em uma nova recessão, isso deve desaquecer os preços. O problema é que a origem da inflação nos países emergentes está nas taxas de câmbio praticadas nos últimos 20 anos. Nesse período, os governos de países em desenvolvimento buscaram manter a cotação de suas moedas atada ao dólar. A China é o grande exemplo, mas não é o único. Cingapura, Malásia, Tailândia, Hong Kong, Brasil, Argentina e Coreia do Sul atrelaram a taxa de câmbio ao dólar em algum momento. A maioria desses países tentou impor um câmbio subvalorizado para elevar a competitiva da produção interna. Mas para manter a credibilidade do câmbio, o Banco Central desses países precisou comprar dólares, colocando reais, por exemplo, no mercado. Em 15 anos, houve uma grande expansão monetária que gerou a inflação atual.

EXAME.com – Isso foi bom para os EUA?

Baur – Isso criou outros problemas. Os bancos centrais de todo o mundo usaram os dólares das reservas para comprar títulos do Tesouro americano, o que aumentou o valor desses papéis e reduziu a remuneração ao investidor. Os juros exageradamente baixos pagos pelos títulos americanos são uma distorção, e os investidores iniciaram uma grande busca por remunerações maiores. Houve então um aumento da especulação, das bolhas e das apostas nos mercados. A bolha imobiliária americana certamente tem esse fenômeno em sua origem. Provavelmente a especulação do momento seja com os preços das commodities.

EXAME.com – Existe uma bolha das commodities prestes a explodir?

Baur – Não acho que haja uma bolha ainda. Os preços das commodities certamente eram exagerados em 2008, mas não vejo uma bolha agora. Com exceção do ouro e do cobre, os preços estão bem mais baixos que há três anos. Mas não acho que há motivos para os preços das commodities continuarem em alta. Os preços atuais são altos o suficiente para motivar muitas empresas a elevar os investimentos na produção de commodities, o que contribuirá para equilibrar a oferta e a demanda.

EXAME.com – O que você acha especificamente sobre os preços do ouro?

Baur – Eu tenho errado tanto com o ouro [risos]. A verdade é que o ouro não me parece um investimento de longo prazo. É uma especulação. Há propagandas sobre ouro nos intervalos da CNN, CNBC ou Fox em horário nobre. Qualquer coisa que seja tão divulgada e anunciada na TV não me parece um bom investimento. É verdade que as cotações estão subindo. A propaganda diz que o ouro é “o único investimento que subiu em todos os anos desde 2001”. O que eles não dizem é que entre 1980 e 2000 a cotação caiu 85%. O ouro funciona como investimento quando o dólar está enfraquecendo. É isso que explica a alta da última década. Agora sinto que já haja uma bolha.


EXAME.com – O petróleo também está caro demais?

Baur – Acho que está um pouco caro a 90 dólares. Acredito que o barril a 75 ou 80 dólares seria mais justo.

EXAME.com – O preço das commodities agrícolas também está inflado?

Baur – A alta dos últimos anos reflete a melhoria nos padrões de vida da população mundial. A primeira coisa que as pessoas melhoram quando começam a ganhar mais é a dieta. Carne bovina, suína e frango são os itens que entram no cardápio. Mas é necessário plantar muita soja e milho para alimentar esses animais. Eu acredito que, se toda a terra cultivável do mundo fosse bem-aproveitada e se os agricultores utilizassem a tecnologia genética existente, poderia haver um salto da produtividade no campo que seria capaz de alimentar a população do planeta por mais 30 ou 40 anos. Até nos EUA há terras que podem ser aproveitadas caso a comida se torne muito cara. No século 18, Thomas Malthus já dizia que haveria uma grande fome mundial porque a produção de comida cresceria aritmeticamente enquanto a população cresceria geometricamente. Outros pensadores já previram a falta de alimentos no planeta. Tudo bobagem. No longo prazo, acho que a alimentação da população mundial não será um problema.

EXAME.com – O que você acha da renda fixa neste momento?

Baur – Não gostamos de títulos de renda fixa nos Estados Unidos. Gostamos dos títulos públicos brasileiros, que pagam taxas de juros bem atrativas. O problema é que o governo taxa investimentos estrangeiros nesses papéis [risos]. No mundo desenvolvido, só gostamos dos títulos australianos. O problema dos bônus americanos ou britânicos é que os juros estão muito baixos. Os títulos privados estão pagando uma taxa maior, mas ainda insuficiente. Enxergamos uma oportunidade apenas em papéis de empresas sem “investment grade” ou hipotecários. Em geral, não achamos que a renda fixa está interessante, a não ser para investimentos de curto prazo. Os juros dos títulos americanos precificam um crescimento muito baixo ou uma recessão no país. Não achamos que isso vá acontecer, mas não vamos lutar contra o mercado.

EXAME.com - Os EUA devem superar a atual crise?

Baur - O cenário mais provável é que os Estados Unidos tenham um crescimento modesto até o final de 2012. Achamos que a taxa anualizada de crescimento será de 2% neste trimestre, no próximo e no primeiro trimestre de 2012. Depois vai acelerar para algo em torno de 3%. Esse cenário-base tem 55% de chances de se materializar, segundo nossos modelos, e considera que os mercados globais estão passando apenas por uma correção cíclica neste momento. Outra premissa é que, se houver um “default” desorganizado em alguns países da Europa, isso não vai afetar em cheio os EUA. Também supomos que os países emergentes como a China e o Brasil continuarão a crescer em um ritmo robusto.

EXAME.com – Por que a recuperação dos EUA tem sido mais lenta que o esperado?

Baur – O país estava no caminho certo. A crise das últimas semanas foi originada por três fatores: 1) a deterioração da situação na Grécia devido ao tamanho reduzido do fundo europeu destinado a socorrer os países em dificuldade, que gerou preocupações também sobre a saúde da Itália e da Espanha; 2) a revisão do crescimento dos EUA, que rebaixou as taxas para quase nada no primeiro trimestre e para 1,3% no segundo; e 3) o rebaixamento da classificação de risco dos EUA pela Standard & Poor’s, que levou ao grande colapso dos mercados na segunda-feira da semana passada. Mas não foi só isso. Desde a Segunda Guerra Mundial, todas as recuperações dos EUA foram geradas pelo aumento nas vendas de imóveis e carros. Mas isso não aconteceu desta vez. Os EUA estavam se recuperando com base nas exportações. Muito pouco estava relacionado aos gastos do consumidor, apesar de as taxas de juros serem bastante favoráveis para ir às compras.


EXAME.com – Falta confiança ao consumidor americano?

Baur – Isso é parte do problema. O consumidor não está comprando casas e carros porque está muito endividado. As pessoas têm usado o que conseguem poupar para reduzir as dívidas – e não para fazer novas compras. Acreditamos que esse processo já começa a se esgotar e que as vendas de imóveis e veículos vão se recuperar até 2012. Qual é a chance de isso não acontecer? Acreditamos que há uma possibilidade de 35% a 40% de os EUA registrarem um crescimento de apenas 1% ao ano ou até mesmo entrarem em uma recessão suave. Esse cenário se materializaria se as bolsas continuarem em baixa devido a um calote desorganizado na Europa e devido a uma desaceleração nos países emergentes. Nesse caso, a falta de confiança dos consumidores levaria as empresas a cortar funcionários e investimentos, em um círculo vicioso.

EXAME.com – Qual é a sua visão para o mercado de trabalho nos EUA?

Baur – Achamos que está melhorando modestamente. A geração de vagas teve um pequeno aumento enquanto os pedidos de seguro-desemprego diminuíram levemente. Essa é uma tendência positiva.

EXAME.com – O que você achou da decisão da Fitch de manter o rating AAA para a dívida americana?

Baur – Acho que eles tomaram a decisão correta. A Standard & Poor’s decidiu de forma política. Não acho que isso seja apropriado para uma agência de rating.

EXAME.com – A economia americana precisa de mais estímulos do governo?

Baur – Não, isso seria ruim. O governo americano já está muito endividado e isso só elevaria os débitos. O governo não sabe melhor que os consumidores como gastar dinheiro. Então não é uma boa ideia aumentar impostos para elevar os gastos públicos.

EXAME.com – E se o estímulo vier na forma de redução de impostos?

Baur – O melhor estímulo seria uma grande reforma tributária que reduza os impostos sobre as empresas. A perda de arrecadação seria compensada com o fim de isenções fiscais, com impacto neutro ou levemente negativo para o orçamento. Isso criaria um ambiente mais positivo de negócios.

EXAME.com – Isso não poderia aumentar ainda mais o déficit público?

Baur – É difícil pensar em uma situação pior que a dos últimos dois anos e meio. Se os impostos caírem, achamos que os empresários voltarão a contratar. O dinamismo da economia vai compensar os impostos menores.

EXAME.com – Onde os EUA poderiam cortar gastos?

Baur – O gasto público cresceu mais de 25% nos últimos três anos. O problema não são os gastos militares. Foram os gastos com saúde e previdência social que subiram muito. Muitos servidores público foram contratados. São gastos correntes que vão continuar a pesar em orçamentos futuros.


EXAME.com – Como o presidente Obama poderia cortar despesas pouco mais de um ano antes das eleições?

Baur- Acho que a popularidade do presidente cresceria se ele fizesse um acordo com os congressistas do Partido Republicano para cortar os gastos públicos em 5 a 6 trilhões de dólares nos próximos 10 anos. Parte desse corte entraria imediatamente em vigor.

EXAME.com – Republicamos e democratas podem chegar a um acordo sobre o orçamento depois de todo o desgaste ocorrido antes da votação da elevação do teto da dívida?

Baur – É possível, mas não sei se eles vão fazer. Há um lado que quer um governo maior que tome conta de muitos cidadãos e um grupo de pessoas que quer um governo menor que seja um juiz – e não um motorista. Mas essa é uma coisa boa da democracia. As coisas estão acontecendo na frente de câmeras e microfones. Não há sangue nem armas como em outros lugares. Os eleitores americanos vão decidir em 2012 para que lado o governo deve ir.

EXAME.com – Em sua opinião, qual é o caminho correto a seguir?

Baur – Acredito que as coisas estariam melhores com um governo menor e mais liberdade para as pessoas e empresas decidirem como querem gastar dinheiro ou investir.

EXAME.com – O Federal Reserve tomou a decisão certa ao prometer juros baixos nos EUA até 2013?

Baur – Foi a primeira vez que eles estabeleceram uma data para a manutenção de uma política monetária branda. Não sei o quanto isso vai ajudar quem poupa dinheiro. Os poupadores de curto prazo não estão sendo remunerados quando compram títulos públicos que oferecem uma taxa próxima de zero. Acho que juros um pouco mais altos também poderiam ajudar. Não vejo ninguém que não esteja comprando uma casa nos EUA porque acha que os juros estão muito altos. Não há empresa americana que não esteja investindo porque o custo de capital é muito elevado. A liquidez é enorme, o crédito é acessível. Grandes empresas estão oferecendo títulos ao mercado que pagam juros muito baixos, e a demanda é grande. Então não acho que os juros tenham de ser tão baixos. Novas medidas de relaxamento monetário, que vem sendo chamadas de QE3 (“quantitative easing”) pelo mercado, tampouco seriam parte da solução. O QE2 elevou os preços das commodities e não acho que ajudou em nada.

EXAME.com – E qual é a sua visão para a Europa?

Baur – Alguns países têm um problema de solvência. A dívida grega é insolvente. Não vejo nenhum jeito de eles pagarem tudo o que devem. Há algumas semanas, muitos detentores de títulos aceitaram um desconto de 21% sobre o valor dos papéis para continuar a receber. Não acho que o deságio foi grande o suficiente. Eles precisavam de um desconto de 40% a 60% para voltarem a ser solventes. Os bancos irlandeses provavelmente não terão dinheiro para arcar com todas suas obrigações, apesar de o governo irlandês ter uma dívida ainda sob controle. O problema de Portugal é que se trata de uma economia que cresce pouco, não é muito eficiente e está endividada demais. Na Espanha, o problema não são as dívidas do governo Zapatero. Algumas províncias e caixas de depósitos é que estão endividadas demais, mas ainda podem ser capazes de superar as dificuldades. A Itália não tem um déficit público muito alto, mas o país cresce pouco e a relação entre dívida e PIB é muito elevada. Com exceção da Alemanha, da Bélgica e dos países nórdicos, o que os países europeus precisam é ser mais competitivos do ponto de vista do custo de produção. A Alemanha Oriental passou rapidamente por esse processo logo após a integração com a Alemanha Ocidental e hoje é bastante eficiente. Eles terão de passar por um processo doloroso.

EXAME.com – O que você quer dizer com doloroso?

Baur – Os salários terão de cair. Eles terão de trabalhar mais e ser mais produtivos. Alguns benefícios sociais e previdenciários terão de ser extintos.


EXAME.com – A França e a Alemanha acabam de anunciar a intenção de criar um imposto sobre as operações financeiras. Isso ajudará?

Baur – Acredito que seja mais uma forma de levantar mais dinheiro. Mas o problema que precisa ser resolvido é o da redução dos custos. Nos Estados Unidos, os funcionários públicos estão pagando mais para custear a aposentadoria e a saúde. De certa forma, isso diminui os gastos públicos com os servidores. Acho que esse é o caminho que a Europa deve seguir.

EXAME.com – Mas como a Europa pode lidar com a crise de confiança no curto prazo?

Baur – É difícil. O ideal é que eles cheguem a acordos com os credores para que haja um desconto no pagamento das dívidas. Os bancos deveriam assumir esses prejuízos. Alguns bancos terão de fechar ou ser vendidos. Os ativos das instituições quebradas iriam para um fundo que seria responsável pela liquidação. Os EUA fizeram isso na década de 1990. O fundo ficou com ativos de 300 bilhões de dólares e posteriormente leiloou esses créditos. Quanto mais rápido isso acontecer na Europa, maior a chance de eles recuperarem a confiança dos investidores.

EXAME.com – Se os bancos assumirem essas perdas enormes, não pode haver um novo Lehman Brothers na Europa?

Baur – É possível. Mas se os governos reconhecerem que o problema é dos bancos, e não dos países, e se eles selecionarem os bancos que podem continuar a funcionar, provavelmente será possível salvar as grandes instituições. Os EUA fizeram isso em 2008. O fundo europeu pode assumir parte das perdas, assim como os credores que detêm títulos desses países. É preciso distribuir as perdas entre todos.

EXAME.com – A proposta de criação de um “eurobônus” que seria emitido por todos os países da região é viável?

Baur – É difícil dizer como isso poderia funcionar sem uma união fiscal entre os países. Talvez lá na frente isso seja possível, mas não sei se é necessário. Nos EUA, temos 50 estados que são responsáveis por suas próprias dívidas. Então faz sentido que Indiana pague juros menores que a Califórnia. Da mesma forma, acho que a Alemanha tem o direito de pagar menos juros que a Grécia. O que quero dizer é que não sei se é justo com o contribuinte alemão que ele pague a mesma taxa de juros que o de um estado com maior risco de calote.

EXAME.com – Qual é a atual situação da economia chinesa?

Baur – A China é um mercado maravilhoso, além de ser o maior parceiro comercial do Brasil. Achamos que a China vai continuar a crescer a uma taxa anual entre 8% e 9%. Eles aumentaram os juros e desaceleraram a economia. Mas, como no Brasil, eles têm registrado um crescimento muito forte no consumo interno. A classe média tem elevado o padrão de vida. O que pode deixar de beneficiar a China é o fator demográfico. Em dois ou três anos, o número de trabalhadores que chegam ao mercado de trabalho com 15 a 24 anos deve atingir o pico e começar a cair. Na verdade, a China já não tem o mesmo excedente de mão de obra que tinha há alguns anos. Algumas empresas que estão instaladas na costa chinesa já enfrentam até falta de mão de obra. O governo está tentando transformar cidades do interior em novas áreas de desenvolvimento para aproveitar os excedentes de trabalhadores dessas regiões. Mas ainda acredito em um forte crescimento da China por mais dois ou três anos. A renda continua a subir muito rápido, o que mantém as vendas do varejo em alta de 18%. Isso ajuda o Brasil, o Japão e todo o mundo.

EXAME.com – Especificamente sobre o Brasil, qual é sua perspectiva para o longo prazo?

Baur – O Brasil depende de seus políticos. As coisas melhoraram recentemente. Mas se o governo gastar dinheiro demais com o bem-estar social, mais gente vai ser dependente do estado e haverá menos incentivos para a busca de empregos ou a abertura de negócios. O mais importante é os políticos incentivarem o crescimento. É necessário melhorar a estrutura tributária, o controle sobre os gastos e a regulação dos negócios. Abrir uma empresa na Califórnia demora mais de 100 dias. É por isso que muitos negócios estão se mudando para o Texas, onde esse prazo cai para um dia. O Texas criou 40% de todas as vagas nos EUA desde o início da recessão de 2008. O estado não cobra imposto de renda e favorece a abertura de empresas.

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