Exame Logo

Com o dólar em alta, fique atento na hora de viajar

Ante as recentes oscilações no mercado de câmbio, especialistas dão dicas a quem pretende viajar ao exterior

Evite endividar-se para adquirir moedas estrangeiras, pois o custo do empréstimo também pesará em seu bolso (Stock.XCHNG)
DR

Da Redação

Publicado em 21 de setembro de 2011 às 20h40.

São Paulo - Quem planeja viajar para o exterior nos próximos meses enfrenta hoje um dilema. Nesta quarta-feira, a moeda americana registrou valorização de 2,84%, para 1,845 real, após atingir a máxima de 1,85 real no meio da tarde. Em setembro, o real já perdeu 15,75% de seu valor ante o dólar. Diante deste quadro, o brasileiro deve comprar dólar ou euro antecipadamente, ante o temor de que as cotações aumentem ainda mais, ou deixar para mais tarde, apostando em uma eventual queda das moedas internacionais?

A resposta não é mesmo simples, haja vista que volatilidade e imprevisibilidade são características inerentes do mercado de câmbio, ainda mais em momentos de turbulência econômica como o atual. Tentar prever o comportamento das moedas é tarefa das mais complicadas, e ingratas, inclusive para os especialistas. Contudo, as pessoas podem por levar em consideração algumas dicas que podem ajudá-las a, pelo menos, minimizar perdas.

Compre à vista – Um primeiro conselho é comprar à vista. Assim que souber da data da viagem, comece as aquisições. Evite endividar-se para adquirir moedas estrangeiras, pois o custo do empréstimo também pesará em seu bolso. Além disso, ao realizar transações à vista, o comprador sabe exatamente quanto está pagando. “É ruim utilizar cartões de crédito nestes casos porque o cliente pode se surpreender depois ao receber a fatura com uma cotação diferente do dia em que a compra foi feita”, explica Rodrigo Macedo, vice-presidente do Grupo Fitta, que possui lojas de câmbio em diversas capitais brasileiras. “Em alguns casos, o orçamento da viagem pode estourar”, alerta.

Aquisição fracionada – Uma segunda dica é organizar-se e comprar aos poucos na tentativa de observar melhor o mercado e tentar diluir eventuais perdas ao longo do tempo. “Nós orientamos os viajantes a se organizarem. Em épocas de oscilação, o melhor a fazer é comprar aos poucos”, disse Macedo.

As agências de viagens não descartam a cautela, mas se mostram otimistas com a trajetória da moeda americana. “As pessoas têm medo de o dólar subir demasiadamente, mas acredito que dificilmente isso irá acontecer. O mais provável é que suba um pouco mais, mas com uma cotação ainda boa para os brasileiros”, ponderou Leonel Rossi, diretor de assuntos internacionais da Associação Brasileira das Agências de Viagem (Abav).


Já no mercado financeiro, a história muda um pouco de figura. Todos os principais bancos e consultorias econômicas estão, neste momento, revendo suas estimativas para o dólar no final do ano. Por ora, conforme o último boletim Focus do Banco Central, que traz a média das projeções dos economistas, as expectativas apontam para o dólar cotado a 1,67 real no final de outubro e 1,65 real no fim do ano – uma previsão distante da cotação atual, acima dos 1,80 real.

Comprar na moeda corrente – Outra forma de economizar é sempre tentar fazer o câmbio pela moeda corrente do país a ser visitado, e de preferência ainda no Brasil. Quem vai ao Reino Unido, por exemplo, poupa mais ao comprar libras diretamente, em vez de levar dólares, para depois novamente converter a moeda.

Cuidados com o IOF – Os especialistas ouvidos pelo site de VEJA chamam ainda a atenção para cuidados adicionais. Em março deste ano, o governo aumentou a carga tributária sobre transações realizadas no exterior. Assim, subiu de 2,38% para 6,38% o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) que incide sobre as compras realizadas com cartão de crédito em outros países. O consumidor tem de ficar atento a este fato, pois pagará em reais mais caro do que uma simples conta de conversão de moedas poderia indicar.

A medida, por enquanto, não inibiu o consumo. Dados do Banco Central apontam que foram gastos 8,33 bilhões de dólares por turistas brasileiros no exterior de janeiro a maio. O volume representa uma alta de 45% ante o apurado no mesmo período do ano passado (5,72 bilhões de dólares).

Pagando menos imposto – Por outro lado, caiu a participação do cartão de crédito no total de transações, enquanto outras formas de pagamento ganharam força. É que as operadoras de cartão, em uma tentativa de tentar reparar esta desvantagem, criaram mecanismos mais modernos, que implicam uma tributação menor. O melhor exemplo são os cartões de crédito internacional pré-pagos, como o Visa Travel Money, o MasterCard Cash Passport e o American Express Global Travel Card, oferecidos por diversos bancos e corretoras.


Este tipo de produto permite que se carregue o cartão de qualquer lugar com diversas moedas, como dólar, euro, libra, peso argentino, iene, franco suíço, entre outros. No momento do carregamento, o consumidor será tributado com um IOF de 0,38% sobre o valor total – seis pontos porcentuais a menos que o cartão tradicional. Traveller checks (na hora da compra) e dinheiro vivo (na hora da conversão) pagam a mesma alíquota do pré-pago.

Especialistas dizem que os cartões ainda são uma opção mais segura e conveniente, apesar das taxas para emissão do plástico, que variam de 10 a 15 reais, e dos pagamentos para saque de moeda estrangeira em caixas eletrônicos. Na corretora Confidence, por exemplo, são debitados, em média, 2,50 dólares nos EUA e 2,50 euros na Europa diretamente do saldo do cartão para cada vez que o portador vai até um ATM sacar.

Pequenos depósitos – Realizar pequenos depósitos neste tipo de cartão nos meses que antecedem a viagem também pode ser uma opção para quem quer se desligar das oscilações do mercado financeiro. “Viajar ao exterior é um momento de férias, de descontração. Não é a hora de se preocupar em pegar um dólar mais caro ou mais barato. Até porque ainda está barato fazer compras no exterior”, disse Luiz Henrique Didier, sócio do banco Bexs, especializado em câmbio. “E mais, moeda forte é sinal de saúde econômica”.

É claro que ainda é recomendável levar o cartão de crédito tradicional para casos de emergência, além de ter um pouco de dinheiro trocado em moeda local. Mas cada vez menos gente viaja como antigamente, com muitos dólares escondidos na roupa por questões de segurança. Traveler cheques, apesar de seguros, também estão sendo aos poucos aposentados pelo fato de serem aceitos em poucos locais se comparado aos cartões.

Veja também

São Paulo - Quem planeja viajar para o exterior nos próximos meses enfrenta hoje um dilema. Nesta quarta-feira, a moeda americana registrou valorização de 2,84%, para 1,845 real, após atingir a máxima de 1,85 real no meio da tarde. Em setembro, o real já perdeu 15,75% de seu valor ante o dólar. Diante deste quadro, o brasileiro deve comprar dólar ou euro antecipadamente, ante o temor de que as cotações aumentem ainda mais, ou deixar para mais tarde, apostando em uma eventual queda das moedas internacionais?

A resposta não é mesmo simples, haja vista que volatilidade e imprevisibilidade são características inerentes do mercado de câmbio, ainda mais em momentos de turbulência econômica como o atual. Tentar prever o comportamento das moedas é tarefa das mais complicadas, e ingratas, inclusive para os especialistas. Contudo, as pessoas podem por levar em consideração algumas dicas que podem ajudá-las a, pelo menos, minimizar perdas.

Compre à vista – Um primeiro conselho é comprar à vista. Assim que souber da data da viagem, comece as aquisições. Evite endividar-se para adquirir moedas estrangeiras, pois o custo do empréstimo também pesará em seu bolso. Além disso, ao realizar transações à vista, o comprador sabe exatamente quanto está pagando. “É ruim utilizar cartões de crédito nestes casos porque o cliente pode se surpreender depois ao receber a fatura com uma cotação diferente do dia em que a compra foi feita”, explica Rodrigo Macedo, vice-presidente do Grupo Fitta, que possui lojas de câmbio em diversas capitais brasileiras. “Em alguns casos, o orçamento da viagem pode estourar”, alerta.

Aquisição fracionada – Uma segunda dica é organizar-se e comprar aos poucos na tentativa de observar melhor o mercado e tentar diluir eventuais perdas ao longo do tempo. “Nós orientamos os viajantes a se organizarem. Em épocas de oscilação, o melhor a fazer é comprar aos poucos”, disse Macedo.

As agências de viagens não descartam a cautela, mas se mostram otimistas com a trajetória da moeda americana. “As pessoas têm medo de o dólar subir demasiadamente, mas acredito que dificilmente isso irá acontecer. O mais provável é que suba um pouco mais, mas com uma cotação ainda boa para os brasileiros”, ponderou Leonel Rossi, diretor de assuntos internacionais da Associação Brasileira das Agências de Viagem (Abav).


Já no mercado financeiro, a história muda um pouco de figura. Todos os principais bancos e consultorias econômicas estão, neste momento, revendo suas estimativas para o dólar no final do ano. Por ora, conforme o último boletim Focus do Banco Central, que traz a média das projeções dos economistas, as expectativas apontam para o dólar cotado a 1,67 real no final de outubro e 1,65 real no fim do ano – uma previsão distante da cotação atual, acima dos 1,80 real.

Comprar na moeda corrente – Outra forma de economizar é sempre tentar fazer o câmbio pela moeda corrente do país a ser visitado, e de preferência ainda no Brasil. Quem vai ao Reino Unido, por exemplo, poupa mais ao comprar libras diretamente, em vez de levar dólares, para depois novamente converter a moeda.

Cuidados com o IOF – Os especialistas ouvidos pelo site de VEJA chamam ainda a atenção para cuidados adicionais. Em março deste ano, o governo aumentou a carga tributária sobre transações realizadas no exterior. Assim, subiu de 2,38% para 6,38% o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) que incide sobre as compras realizadas com cartão de crédito em outros países. O consumidor tem de ficar atento a este fato, pois pagará em reais mais caro do que uma simples conta de conversão de moedas poderia indicar.

A medida, por enquanto, não inibiu o consumo. Dados do Banco Central apontam que foram gastos 8,33 bilhões de dólares por turistas brasileiros no exterior de janeiro a maio. O volume representa uma alta de 45% ante o apurado no mesmo período do ano passado (5,72 bilhões de dólares).

Pagando menos imposto – Por outro lado, caiu a participação do cartão de crédito no total de transações, enquanto outras formas de pagamento ganharam força. É que as operadoras de cartão, em uma tentativa de tentar reparar esta desvantagem, criaram mecanismos mais modernos, que implicam uma tributação menor. O melhor exemplo são os cartões de crédito internacional pré-pagos, como o Visa Travel Money, o MasterCard Cash Passport e o American Express Global Travel Card, oferecidos por diversos bancos e corretoras.


Este tipo de produto permite que se carregue o cartão de qualquer lugar com diversas moedas, como dólar, euro, libra, peso argentino, iene, franco suíço, entre outros. No momento do carregamento, o consumidor será tributado com um IOF de 0,38% sobre o valor total – seis pontos porcentuais a menos que o cartão tradicional. Traveller checks (na hora da compra) e dinheiro vivo (na hora da conversão) pagam a mesma alíquota do pré-pago.

Especialistas dizem que os cartões ainda são uma opção mais segura e conveniente, apesar das taxas para emissão do plástico, que variam de 10 a 15 reais, e dos pagamentos para saque de moeda estrangeira em caixas eletrônicos. Na corretora Confidence, por exemplo, são debitados, em média, 2,50 dólares nos EUA e 2,50 euros na Europa diretamente do saldo do cartão para cada vez que o portador vai até um ATM sacar.

Pequenos depósitos – Realizar pequenos depósitos neste tipo de cartão nos meses que antecedem a viagem também pode ser uma opção para quem quer se desligar das oscilações do mercado financeiro. “Viajar ao exterior é um momento de férias, de descontração. Não é a hora de se preocupar em pegar um dólar mais caro ou mais barato. Até porque ainda está barato fazer compras no exterior”, disse Luiz Henrique Didier, sócio do banco Bexs, especializado em câmbio. “E mais, moeda forte é sinal de saúde econômica”.

É claro que ainda é recomendável levar o cartão de crédito tradicional para casos de emergência, além de ter um pouco de dinheiro trocado em moeda local. Mas cada vez menos gente viaja como antigamente, com muitos dólares escondidos na roupa por questões de segurança. Traveler cheques, apesar de seguros, também estão sendo aos poucos aposentados pelo fato de serem aceitos em poucos locais se comparado aos cartões.

Acompanhe tudo sobre:Câmbioorcamento-pessoalTurismo

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Minhas Finanças

Mais na Exame