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Com juros subindo, qual título do Tesouro Direto devo comprar?

Dos 27 títulos disponíveis no mercado, somente 8 acumulam rendimento positivo desde o início do ano. Com a projeção de alta da inflação e dos juros, taxas devem ficar ainda mais voláteis

 (Artisteer/Getty Images)

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BA

Bianca Alvarenga

Publicado em 3 de agosto de 2021 às 17h19.

Última atualização em 3 de agosto de 2021 às 17h40.

A mudança do cenário de inflação e juros tem levado os títulos do Tesouro Direto a uma sequência de resultados ruins. No ano, a maioria dos títulos acumula taxas negativas — no caso do Tesouro IPCA+ com vencimento em 2045, as perdas chegam a 15%.

É sempre importante lembrar que essa volatilidade só é válida para a venda dos títulos antes do vencimento. Quem carrega a aplicação até a data de resgate recebe o retorno combinado — seja ele medido pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), pela Selic ou prefixado.

Isso explica por que os títulos mais longos, com vencimento após 2025, têm sido mais penalizados. A alta da inflação e a consequente correção dos juros básicos, a taxa Selic, também adicionaram mais volatilidade à equação.

"O Tesouro prefixado e as NTN-B (Tesouro IPCA+) sofreram mais, devido à piora no cenário inflacionário do Brasil e aos juros mais altos. Além disso, algumas questões de ordem fiscal que envolvem gastos adicionais do governo e que também acabam batendo na curva longa de juros", explica André Perfeito, economista-chefe da corretora Necton.

Veja abaixo o rendimento do Tesouro Direto em julho:

TítuloRendimento em julho (em %)Rendimento em 2021 (em %)
Tesouro Selic 20270,49-
Tesouro Selic 20240,44-
Tesouro Selic 20250,441,44
Tesouro Selic 20230,341,69
Tesouro Prefixado 20220,160,17
Tesouro IPCA+ com juros semestrais 2024-0,320,02
Tesouro IPCA+ 2024-0,42-0,54
Tesouro Prefixado com juros semestrais 2023-0,46-2,10
Tesouro Prefixado 2023-0,48-2,44
Tesouro IPCA+ com juros semestrais 2026-0,70-1,62
Tesouro IPCA+ 2026-0,86-2,60
Tesouro IGP-M+ com juros semestrais 2031-0,9813,60
Tesouro Prefixado 2024-1,12-
Tesouro Prefixado com juros semestrais 2025-1,12-5,79
Tesouro IPCA+ com juros semestrais 2030-1,13-3,97
Tesouro Prefixado 2025-1,36-6,46
Tesouro Prefixado com juros semestrais 2027-1,44-7,83
Tesouro IPCA+ com juros semestrais 2045-1,72-3,05
Tesouro Prefixado 2026-1,73-8,00
Tesouro Prefixado com juros semestrais 2029-1,77-9,48
Tesouro IPCA+ com juros semestrais 2050-1,85-4,22
Tesouro IPCA+ com juros semestrais 2035-1,87-4,49
Tesouro IPCA+ com juros semestrais 2040-1,93-4,21
Tesouro Prefixado com juros semestrais 2031-1,98-11,14
Tesouro IPCA+ com juros semestrais 2055-2,25-6,11
Tesouro IPCA+ 2035-2,73-6,50
Tesouro IPCA+ 2045-5,39-15,21

Tesouro Selic acima do CDI

Dos cinco títulos que conseguiram marcar um rendimento positivo, quatro fazem parte do Tesouro Selic, as antigas LFT. No mês, todas as aplicações desse grupo tiveram rendimento acima do CDI, o índice de referência para a renda fixa.

Isso porque o CDI reflete a Selic passada, e os títulos do Tesouro olham mais para a taxa futura. Em momentos de aumento significativo da taxa básica de juro, como o atual, a tendência é que as LFT fiquem mais atrativas do que os títulos que remuneram com base no IPCA ou os prefixados.

"Minha sugestão de alocação para agosto é de 75% em Tesouro Selic e 25% em NTN-B. Se tudo der errado e os preços continuarem a cair, a porção de títulos Selic vai ajudar a manter o resultado acima da linha d'água. Por outro lado, se o cenário macro melhorar, a parte de NTN-B pode ajudar a rentabilizar a carteira", recomenda Perfeito, da Necton.

Ele adverte, no entanto, que as alocações em títulos públicos devem mirar o horizonte no médio e longo prazo, dada a volatilidade da chamada marcação a mercado (precificação dos títulos no mercado secundário).

"A queda de preço é uma oportunidade de compra, mas existem riscos relevantes no médio e longo prazo. Por isso, não é recomendável que os investidores fiquem 'operando' com títulos públicos", explica o economista-chefe da Necton.

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