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Citi poderia vender ações da Redecard para a própria empresa

Em crise, Citigroup busca formas de levantar capital e seu ativo mais líquido no Brasil seria a participação de 17% das ações da Redecard

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

Muito já se falou sobre a possível saída do Citigroup do Brasil. Nos últimos 15 meses, o banco americano, que já foi o maior conglomerado financeiro do mundo, teve baixas contábeis de 92 bilhões de dólares devido a empréstimos de difícil recebimento. Após cinco trimestres seguidos de prejuízo, o valor de mercado do banco despencou para pouco mais de 18 bilhões de dólares - ou menos do que valem bancos brasileiros como Bradesco e Itaú. O Citi, no entanto, sempre desmentiu prontamente todos os rumores de desinvestimento no Brasil.

Após o agravamento da crise bancária nos Estados Unidos, a divisão do Citigroup em duas unidades e a venda de ativos antes considerados estratégicos, no entanto, os boatos envolvendo a instituição voltaram a circular com grande intensidade. Muitos ativos do Citi são cobiçados por rivais que estão mais bem capitalizados. A versão mais disseminada é de que o Bradesco, que viu seus principais concorrentes (Itaú e Banco do Brasil) avançarem nos últimos meses com fusões e aquisições, poderia comprar as operações bancárias do Citi no Brasil.

 Para a corretora do Itaú, entretanto, haveria outro negócio mais fácil de ser fechado. O ativo mais líquido - ou seja, mais fácil de ser vendido - do Citi no Brasil é sua participação de 17% das ações da Redecard, empresa que processa transações com cartão das bandeiras Mastercard e Diners.

 A Redecard é controlada pelo Citi, Itaú e Unibanco. Pelo atual acordo de acionistas, o Citi não poderia reduzir sua participação de 17% na Redecard por meio da venda das ações ao mercado com uma oferta pública. Para a corretora do Itaú, a forma mais racional de o Citi vender o ativo seria por meio de uma recompra de 114,4 milhões de ações promovida pela própria Redecard. Os papéis poderiam ser comprados, por exemplo, com base na média das cotações nos últimos 30 ou 90 dias (24,40 reais e 25,10 reais, respectivamente).

 Posteriormente, as ações seriam canceladas. Dessa forma, o Citi levantaria cerca de 2,9 bilhões de reais, que lhe ajudariam a se recuperar. O Itaú e o Unibanco manteriam o controle do negócio, elevando sua participação de 46,4% para 56% do capital, e não teriam de fazer uma oferta pública de recompra dos papéis em circulação no mercado. Já os minoritários veriam sua participação na empresa elevada de 36,6% para 44,1% do capital, com uma provável valorização das ações gerada pelo menor número de papéis existentes. Por último, para a Redecard, o desembolso de 2,9 bilhões de reais elevaria sua dívida líquida de 20% do Ebitda para 150% do Ebtida - ou seja, ainda em nível bastante confortável.

 Procurado, o Citi voltou a negar negociações para a venda de ativos no Brasil. A Redecard informou que não comenta assuntos que envolvem planos de acionistas. No próprio relatório divulgado aos clientes, o Itaú deixa bem claro que considera a decisão do Citi de vender ativos no Brasil pouco provável. Até porque neste mês o Citi deu um sinal concreto de que não planeja diminuir de tamanho no país ao anunciar a fusão de sua financeira CitiFinancial com a divisão de cartão de crédito Credicard. O movimento foi enxergado pelo mercado como uma forma de o Citi evitar a venda da CitiFinancial.

 Vale lembrar que ao fazer uma análise sobre a Redecard, a corretora do Itaú avalia apenas o potencial do investimento nas ações da empresa. Para evitar um possível conflito de interesses e o vazamento de informações privilegiadas ao mercado, os analistas da corretora do Itaú estão impedidos de entrar em contato com a diretoria do Itaú para sondar o interesse do Citi em manter ou se desfazer do investimento na Redecard - separação que é chamada de "chinese wall" no mercado. Mesmo sendo apenas um exercício hipotético, esse tipo de avaliação só deve deixar de circular no mercado quando o Citigroup tiver levantando capital suficiente para se reerguer. O que parece pouco provável sem a venda de alguns ativos, por mais que o governo americano já tenha mostrado disposição em ajudar.

 

 

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