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Campanha ibérica

Portugueses e Espanhóis pelo microcrédito

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

Empresários portugueses e espanhóis, que nunca se destacaram por uma atuação especialmente vigorosa na área social na América Latina, aderiram à agenda do bem. Mais especificamente, à concessão de pequenos créditos à população de baixa renda. A Fundação Atrio, formada no início do ano por empresários e personalidades da Espanha e de Portugal, tem como seu primeiro projeto ampliar a cultura do microcrédito no Brasil e em países vizinhos. Com patrocínio de dez empresas de capital ibérico, como Iberdrola, Repsol, Banco Espírito Santo e Vivo, a Atrio realizou em Brasília, no início do mês, um fórum sobre o assunto. "Estamos discutindo agora a possibilidade de esse grupo de empresas constituir um fundo de combate à pobreza", diz Rafael Ansón, secretário-geral da fundação. Esse fundo viria se juntar a outro com a mesma finalidade, no valor de 20 milhões de reais, criado pela Agência de Cooperação Internacional do governo espanhol. Eis alguns dos principais tópicos de uma entrevista concedida por Ansón a EXAME:

O MICROCRÉDITO NO MUNDO

É um dos projetos mais importantes do século 21. Há 39 milhões de beneficiários espalhados por 45 países. Desses, só cerca de 3% são inadimplentes. Em geral, são homens. As mulheres mostram ser melhores pagadoras. Os modelos adotados são diferentes, mas todos respondem ao mesmo objetivo, que é substituir a esmola e o assistencialismo pelo crédito barato. A beneficência e a caridade não criam riqueza, não dignificam a pessoa nem geram espírito empreendedor. Mas, com um pequeno empréstimo, o pobre tem a chance de sair da situação de miséria que estrangula por completo sua capacidade de iniciativa. Numa comunidade de 100 ou 150 pessoas, sempre há um ou dois que acabam se transformando em miniempresários.

O IMPACTO DO PROGRAMA

A Women Together, ONG ligada à Unesco, está finalizando um estudo para verificar o real alcance do microcrédito nas comunidades onde foi aplicado. Sabe-se que a fórmula funciona muito bem na Ásia, não tão bem na América Latina e muito mal na África. Por força de uma estrutura social em que o chefe é o encarregado de todas as decisões, os africanos não se atrevem a tomar um microcrédito a título pessoal. Além disso, são mais passivos e com uma mentalidade muito mais conformista. Isso não ocorre no Brasil. Aqui as pessoas que estão mal querem melhorar de vida.

A ADEQUAÇÃO DO MICROCRÉDITO

ÀS CARACTERISTICAS LOCAIS


Na Ásia, por exemplo, existe um sentido muito forte de família. Nessas comunidades de base, prevalece um sentido muito grande de solidariedade. Se um dos participantes do programa não conseguir honrar o empréstimo, os demais o socorrem. Esse tipo de arranjo não funciona nos países americanos, mais individualistas. Por isso, pensamos em adotar no Brasil um sistema pelo qual metade do valor virá na forma de implementos e matérias-primas para a produção -- palhas, telas, linhas, tecidos, tintas, máquinas de costura etc. Havendo inadimplência, a entidade repassa o material a outra pessoa.

A PROPRIEDADE COMO GARANTIA

Aproximadamente dois terços das propriedades na América Latina, especialmente em favelas, não estão regularizados. Sem títulos de posse, não são ativos econômicos e, portanto, não podem ser utilizados pelos moradores como garantia para obtenção de crédito. Nos Estados Unidos, 80% dos recursos usados para iniciar um negócio próprio são obtidos em operações nas quais a casa do tomador do empréstimo foi dada em hipoteca. Com um bom sistema de registro da propriedade, o nível de incerteza diminui, resultando em juros mais baixos e prazos de amortização mais longos.

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