O BNDES Par, braço de investimentos do banco estatal BNDES, comprou 21,975 milhões de ações ordinárias (ON, com direito a voto) da Marfrig, como parte da operação de aumento de capital do frigorífico, já anunciada no começo de agosto.

O banco optou por exercer e integralizar 100% do seu direito de preferência na subscrição de ações, o que garantiu 1,883 milhão de papéis. O BNDES Par tinha essa garantia por já ser acionista da Marfrig, com 2,94% do capital votante, até então. Já o volume restante, de 20,093 milhão de ações, passou para o controle da empresa pela cessão de parte dos direitos de subscrição do acionista controlador, a MMS Participações. Ao todo, os papéis equivalem a um montante de 472,5 milhões de reais.

O volume de ações adquiridas pelo BNDES acabou ficando abaixo do valor total cogitado no mês passado, quando se levantou a possibilidade de o banco comprar também os 11,376 milhões de papéis que sobrariam, se os demais acionistas não exercessem seus direitos de preferência. Nesse caso, a aquisição seria de 31,469 milhões de papéis, o que corresponderia a um montante de 677 milhões de reais.

Segundo as regras definidas pela Marfrig, os acionistas da empresa poderiam comprar 0,3137795 ação ordinária para cada papel que já possuíssem em 12 de agosto, num aumento de capital que somaria 63,995 milhões de ações e poderia alcançar 1,376 bilhões de reais..

Com o negócio, o frigorífico planeja pagar a aquisição de 15 fábricas do grupo OSI, que faturou 2 bilhões de dólares no ano passado e é o maior fornecedor de carne para o McDonald';s. Na operação de aumento de capital, o grupo OSI vai adquirir 20 milhões de ações ordinárias, que fazem parte do acordo fechado.

A aquisição é a maior já realizada pela empresa brasileira e também é seu maior passo rumo à internacionalização. A Marfrig espera concluir a aquisição do grupo OSI neste semestre. A operação poderá envolver um pagamento adicional de 220 milhões de dólares caso os negócios comprados atinjam determinadas metas de desempenho no futuro.

Aposta no setor é antiga

Da parte do BNDES, o interesse no setor de carne bovina não é novidade. O banco já possui participações acionárias em outros dois gigantes do mercado brasileiro - o JBS-Friboi e o Bertin - e aposta que essas empresas poderão ganhar valor a partir da consolidação. Assim como já fez com outros setores da economia, o BNDES tenta favorecer a criação de gigantes brasileiros com escala global no setor de carne. No ano passado, após a compra da americana Swift, o BNDES apoiou o JBS-Friboi com a aquisição de 1,46 bilhões de reais em ações do frigorífico brasileiro. Em abril, o BNDES aprovou a compra de 27,5% do Bertin por 2,5 bilhões de reais. O negócio deverá permitir futuras aquisições do Bertin, que já comprou a fabricante de alimentos lácteos Vigor por 400 milhões de reais no ano passado.