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Bancos médios tropeçam em estréia na Bovespa

Excesso de IPOs em curto espaço de tempo e poucas informações sobre o setor impedem valorização das ações, apesar da boa fase da Bolsa

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

Devido aos juros altos e aos lucros extraordinários dos últimos anos, criou-se a impressão de que, no Brasil, banco é sempre um bom negócio. A maioria dos investidores que acreditaram nesse histórico e decidiram aplicar recursos nos bancos médios que abriram o capital neste ano, entretanto, amargam prejuízo apesar da boa fase da Bovespa. Em média, os cinco bancos que ingressaram na Bolsa nos últimos três meses tiveram desvalorização de 0,5%. No mesmo período, o Ibovespa, principal índice do mercado brasileiro, teve valorização de impressionantes 21,6%.

Pine, Sofisa, Paraná Banco, Cruzeiro do Sul e Daycoval são as instituições financeiras que entre abril e junho abriram capital e listaram suas ações na Bolsa em busca de recursos para financiar seus planos de expansão. Desde o IPO (sigla em inglês para oferta pública inicial), os papéis dos bancos Pine, Paraná e Cruzeiro do Sul acumulam desvalorização de 6,84%, 7,14% e 6,45%, respectivamente. O Daycoval registra alta modesta, de 1,47%. Apenas o Sofisa apresenta valorização mais consistente, de 16,7%, mas as ações saíram na oferta inicial por um preço abaixo do previsto.

O motivo desse tropeço, dizem os especialistas, se apóia em dois fatores: o excesso de IPOs em um curto período de tempo - o que acaba por dispersar a atenção dos investidores - e a falta de informações sobre o setor, que limita a análise dos investimentos.

"As ações desses bancos saíram com um preço elevado, o que por si só já reduz o espaço para ganhos. Algumas apresentam pouca liquidez. O resultado é que os investidores, vendo que o IPO não traria imediatamente a rentabilidade esperada, decidiram vender os papéis e, na falta de compradores, acabaram fechando a venda por um baixo valor ", explica o analista da corretora Alpes, Fausto Gouveia.

Dos cinco bancos, apenas o Sofisa teve o preço inicial de suas ações fixado abaixo do esperado pelos coordenadores da oferta pública. Enquanto a previsão era de que os papéis fossem vendidos por um valor entre 13 reais e 17 reais, o preço efetivo ficou em 12 reais por ação. "Isso justifica a valorização", diz Gouveia.

Diante desse cenário, fica a dúvida: seriam essas ações um mico? Para os especialistas, ainda é cedo para tirar qualquer conclusão. "Não dá para dizer que o desempenho dessas ações está ruim. É fato que houve uma desvalorização, mas isso não significa necessariamente uma tendência. O mercado ainda está se acostumando com o setor e creio que só será possível afirmar se esses bancos trarão ou não retorno para o acionista daqui um ano", diz o gerente de análise da Prosper Corretora, André Segadilha.

O que fazer? Na opinião dos analistas, o melhor é esperar. Como esses bancos acabaram de abrir capital, as informações disponíveis para análise ainda são escassas. Para os especialistas, o setor deve passar por ajustes, como aconteceu com o setor imobiliário meses atrás, quando várias construtoras fizeram IPO na mesma época.

A maioria dos analistas, no entanto, vê perspectivas favoráveis para os bancos médios, que atuam principalmente com crédito consignado e empréstimos para médias empresas. O dinheiro obtido com o IPO vai engordar o patrimônio líquido dessas instituições, o que permitirá o crescimento da carteira de crédito. "Enquanto houver aumento de renda e emprego, a demanda por crédito deverá continuar crescendo e os bancos serão beneficiados com isso", diz Max Bueno, analista de Investimentos da Spinelli Corretora.

 Mais IPO´s

A onda de ofertas públicas iniciais de ações de instituições financeiras de médio porte ainda não acabou. No dia 12 de julho, é a vez do Banco Indusval iniciar suas operações na Bovespa. As estimativas do banco Credit Suisse, coordenador do IPO, é de que as ações tenham seu preço inicial fixado entre 16 reais e 19 reais. O valor será anunciado no dia 11 de julho.

Além do Indusval, mais três bancos médios estão com pedido de registro de oferta pública em análise na Comissão de Valores Mobiliários (CVM): Bonsucesso, ABC Brasil e Bic Banco. Todos eles com o mesmo foco de atuação. "Após o IPO, esses bancos deverão concorrer fortemente entre si na conquista de clientes, já que terão recursos para investir. A questão é ver se haverá espaço para todos", diz Eduardo Roche, gerente de análise da Modal Asset Management.

O desempenho dos bancos médios
  Pine (PINE4) Sofisa (SFSA4) Paraná Banco
(PRBC4)

Cruzeiro do Sul
(CZRS4)

Daycoval (DAYC4)
Estimativas para fixação do preço inicial
R$ 19,00 a R$ 24,00
R$ 13,00 a R$ 17,00
R$ 14,00 a R$ 18,00
R$ 13,50 a
R$ 17,50
R$ 14,50 a R$ 19,50
Preço inicial
R$ 19,00
R$ 12,00
R$ 14,00
R$ 15,50
R$ 17,00
Cotação em 3 de julho
R$ 17,70
R$ 14,00
R$ 13,00
R$ 14,50
R$ 17,25
Variação
- 6,84%
16,7%
- 7,14%
- 6,45%
1,47%
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