Minhas Finanças

Bancos financiam pouco a produção no Brasil

No Brasil, o crédito bancário supre especialmente o capital de giro do comércio e o consumo das famílias, diz Octávio de Barros, economista-chefe do Bradesco, em seminário promovido pela Febraban

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

O sistema financeiro brasileiro é saudável, ajustado e distante de riscos sistêmicos, mas não é o ideal porque não financia a produção. A avaliação foi feita por Octávio de Barros, economista-chefe do Bradesco, durante seminário promovido pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) nesta terça-feira (30/11). Em sua análise, os bancos no Brasil se limitam a financiar o consumo das famílias e o capital de giro do comércio em operações com prazo médio de 6,57 meses.

A fraca presença dos bancos no financiamento à produção só será um problema menor no Brasil se as empresas conseguirem financiamento no mercado de capitais, na avaliação de Barros. Segundo o economista, o crédito bancário clássico só é importante onde é pequena a possibilidade de as empresas venderem papéis de dívida (debêntures) no mercado. Mas isso não faz parte da realidade brasileira. "O financiamento das empresas pelo mercado de capitais responde apenas por 9,1% do total", diz.

Depósito compulsório

Essas insuficiências sistêmicas acabam se refletindo na necessidade de as companhias se autofinanciarem (leia reportagem de EXAME sobre as dificuldades que as empresas encontram com a falta de crédito no país). Segundo o padrão dos países desenvolvidos, para cada unidade de capital próprio há 1,5 a 2 unidades de capital de terceiros. "No Brasil, a relação é de 1 para 0,65", diz Barros.

O economista também apontou a necessidade de uma operação desmonte dos compulsórios. "Hoje, 21% dos recursos que poderiam ser emprestados ao setor produtivo são recolhidos pelo Banco Central", diz Barros, que aponta os compulsórios aplicados no Brasil como os mais altos do mundo. Ele também acredita que o alongamento voluntário da dívida interna deve entrar na agenda de prioridades da economia brasileira nos próximos dois anos. Para Edward Amadeo, da consultoria Tendências, é preciso obter uma redução mais rápida da relação dívida/Produto Interno Bruto (PIB). "Deve-se aproveitar os bons momentos para aumentar o superávit primário."

Segundo Gustavo Franco, ex-presidente do BC e sócio da Rio Bravo Investimentos, além do peso da tributação sobre a intermediação financeira e dos compulsórios e direcionamentos legais, as instituições financeiras devem levar em conta um problema mais sutil. "Com a 'cunha prudencial', uma regulamentação excessivamente rigorosa, vamos excluir clientes demais", afirma Franco. "A (informalidade está aí e ainda estará por um bom tempo. Se continuar assim, o setor bancário vai encolher, em detrimento de outros setores."

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais de Minhas Finanças

Como os seguros entram no jogo? Cobertura nas Olimpíadas 2024 vai de lesões até desastre climático

Veja o resultado da Mega-Sena concurso 2757; prêmio acumulado é de R$ 7,1 milhões

Veja o resultado da Mega-Sena concurso 2756; prêmio acumulado é de R$ 2,8 milhões

Endividamento das famílias brasileiras cai para 78,5% em julho

Mais na Exame