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Bancos aumentam juros em linhas de crédito para empresas

Mesmo com queda da Selic, as taxas do cheque especial e de capital de giro eram menores há dois anos do que hoje

Edifício-Sede do Banco Central do Brasil em Brasília (Agência Brasil/Agência Brasil)

Edifício-Sede do Banco Central do Brasil em Brasília (Agência Brasil/Agência Brasil)

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Natália Flach

Publicado em 16 de março de 2020 às 17h14.

Última atualização em 16 de março de 2020 às 18h03.

São Paulo - Está se transformando em algo usual. Os maiores bancos brasileiros anunciam redução de juros assim que o Comitê de Políticas Monetária (Copom) divulga corte da taxa básica da economia, que hoje está em 4,25% ao ano. É possível que esse movimento se repita nesta semana quando a autoridade monetária volta a se reunir para decidir se mantém ou reduz novamente a taxa Selic. Apesar dos cortes nos juros bancários, os percentuais cobrados pelas instituições estão muito acima do patamar da Selic. Mas não é só isso. Nem todas as linhas de crédito são contempladas com reduções - na verdade, há casos em que a trajetória de juros é ascendente.

É o caso da linha de capital de giro prefixada de 365 dias para empresas do Santander. Há dois anos, a taxa era de 25,82%, passou para 35,34% e atualmente está em 49,71%. Nessa categoria, os juros mais baratos dentre as cinco maiores instituições são do Banco do Brasil, que cobra 13,11% ao ano, de acordo com dados do Banco Central. Mas no ano passado essa taxa era mais baixa, de 13,05%. O Itaú vem em seguida com 13,57%, o Bradesco com 21,18% e depois a Caixa com 34,30%.

Taxa de capital de giro até 365 dias (em %)

Bancomar/18mar/19mar/20
BB19,6113,0513,11
Bradesco26,3321,8221,18
Caixa46,8240,3234,30
Itaú Unibanco22,9123,8813,57
Santander25,8235,3449,71

Especialistas recomendam que os empresários negociem com os gerentes melhores condições de pagamento, especialmente agora que a pandemia de coronavírus pode afetar vários setores econômicos. Foi pensando em ajudá-los, inclusive, que os cinco maiores do bancos do país anunciaram nesta segunda-feira (16) que podem prorrogar a cobrança dos empréstimos em até 60 dias. A iniciativa é voltada apenas para quem está em dia com os pagamentos e para aqueles que já contrataram a linha de crédito. Ou seja, não vale para novos empréstimos.

A medida joga a favor do consumidor. Mesmo assim, segundo especialistas em finanças pessoais, é imprescindível fazer pesquisa de preço. Afinal, juro é um custo e quanto menor melhor. Vale até mesmo pedir portabilidade para instituições seguras que cobram menos taxas e dão melhores condições de pagamento.

"O banco de origem não pode se negar a fazer essa operação, mas nada impede que ele ofereça melhores condições de crédito para seu cliente. Do lado do cliente, é importante pesquisar para achar a proposta que lhe for mais vantajosa", diz o BC, em documento. "Para ter direito ao benefício de isenção de imposto e de tarifa na operação, é preciso que o cliente (correntista) informe ao banco que originalmente concedeu o crédito que se trata de uma operação de portabilidade. Se o cliente simplesmente fizer a quitação antecipada com os recursos tomados de outra instituição, pagará imposto sobre operações financeiras e tarifa."

Mas não é somente na linha de capital de giro que bancos aumentaram as taxas, apesar da queda da Selic. Isso também acontece com o cheque especial, que é muito usado por micro e pequenos empreendedores. Com exceção dos bancos públicos (BB e Caixa), os privados aumentaram os preços cobrados das empresas nos últimos dois anos.

Taxa de cheque especial (em %)

Bancosmar/18mar/19mar/20
BB358,43363,2683,75
Bradesco309,24375,63392,31
Caixa361,99353,00206,72
Itaú Unibanco341,23356,98358,28
Santander364,22371,42375,28

Veja também as taxas cobradas de desconto de cheque e desconto de duplicata.

Taxa de desconto de cheques (em %)

Bancosmar/18mar/19mar/20
BB42,1636,4231,91
Bradesco35,7436,5533,28
Caixa 48,1839,0131,26
Itaú Unibanco40,2533,4127,73
Santander35,8932,3031,57

 

Taxa de desconto de duplicata (em %)

Bancosmar/18mar/19mar/20
BB21,5125,0219,66
Bradesco19,8319,4012,01
Caixa 52,2638,0331,85
Itaú Unibanco22,5421,6817,48
Santander19,6918,9215,21

 

Procurados, os bancos não se manifestaram até a publicação dessa matéria.

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