Minhas Finanças

Banco lança cartão de crédito com limite de R$ 1 milhão

Banco Bari cobra juros de 1,99% ao mês no parcelamento da fatura, ante média de 8,8% em cartões de crédito comuns, mas perder a casa é um risco

Bari: cartão de crédito oferece limite de até R$ 1 milhão, vinculado ao valor do imóvel (Banco Bari/Divulgação)

Bari: cartão de crédito oferece limite de até R$ 1 milhão, vinculado ao valor do imóvel (Banco Bari/Divulgação)

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Juliana Elias

Publicado em 9 de julho de 2019 às 08h55.

Última atualização em 9 de julho de 2019 às 08h55.

São Paulo - O banco Bari (antigo Barigui) lança um produto inédito no país: um cartão de crédito com limite de 1 milhão de reais. O cartão usa o imóvel como garantia em troca de taxas mais baixas que as do mercado hoje. Este tipo de empréstimo, que tem como lastro um imóvel, é chamado "home equity".  O setor ainda é pequeno no país, mas o banco está otimista com as perspectivas.

O cartão pode ser solicitado por qualquer pessoa proprietária de um imóvel. O limite de crédito será definido de acordo com o valor do bem. Isso viabilizou a criação do cartão de crédito que, de acordo com o Bari, tem o maior limite do mercado: ele pode ser de até 1 milhão de reais, limitado a 50% do valor do imóvel.

Quer dizer, uma pessoa que dê como garantia um imóvel avaliado em 2 milhões de reais ou mais, pode ter o direito de gastar até 1 milhão de reais na fatura do cartão. O limite final, entretanto, não pode ser superior a 17 vezes a renda mensal do cliente, ou algo próximo de 59 mil reais por mês para chegar ao limite máximo de 1 milhão.

“Parece muito, mas grande parte dos nossos clientes é de pequenas e médias empresas, e, nesses casos, consideramos a renda do negócio”, diz o presidente do Bari, Rodrigo Pinheiro.

O cartão está disponível tanto para a pessoa física quanto jurídica. Neste caso, o imóvel a ser dado como garantia pode ser da empresa, como salas e conjuntos comerciais, bem como de um sócio ou outra pessoa envolvida. O Bari só não aceita imóveis industriais, como fábricas e galpões.

O processo para solicitação do cartão é online e já está disponível no site do banco. Os primeiros cartões começarão a ser emitidos em setembro, com a bandeira Elo, para clientes nas regiões sul, sudeste e centro-oeste, com planos de expansão para o restante do país mais à frente. Por ora, não há cobrança de anuidade.

Juros abaixo da média

É nos juros mais baixos que está o grande diferencial da concessão de crédito com garantia, já que os empréstimos são lastreados em um bem que passa automaticamente para o banco em caso de inadimplência e o risco, para a instituição, fica bem menor.

No caso do cartão de crédito do Bari, os clientes poderão parcelar seu saldo em até 120 meses – 10 anos. Para parcelar valores inferiores a 30 mil reais, os juros cobrados são de 1,99% ao mês, o equivalente a 26% ao ano. Para o parcelamento de saldos superiores, o cliente tem a opção de fazer um empréstimo junto ao Bari para quitar a fatura, usando o mesmo imóvel como garantia, e pagando 1,09% de juros por mês, acrescidos da inflação do período, medida pelo IPCA.

Para se ter uma ideia, os juros médios cobrados em parcelamentos no cartão de crédito da pessoa física no país, de acordo com o Banco Central (BC), estavam em 8,8% ao mês em maio, e 174,1% em um ano. Um empréstimo comum cobrava 6,8% ao mês (120,1% ao ano), e o consignado para servidores públicos, o mais barato do país, cobrava 1,6% mensais (21,1% ao ano).

Risco mais alto e cuidados

O grande risco para as pessoas que entram nas operações de crédito dando o imóvel como garantia é o de perder o bem no caso de não pagar e nem renegociar suas prestações atrasadas, o que inspira cautela em muitos especialistas em finanças pessoais e direito do consumidor.

“É um mecanismo comum em países desenvolvidos, mas o Brasil tem ainda um problema crônico de educação financeira e de baixo nível de escolaridade”, disse Ione Amorim, economista do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).

Diferentemente de um empréstimo comum em que é necessária uma ação na Justiça para tomar os bens do devedor e que conta com diversas leis de proteção aos bens essenciais do consumidor, como a casa onde mora, no home equity o imóvel já foi voluntariamente concedido em contrato como garantia. Isso faz com que sua tomada pelo banco seja quase automática e muito mais rápida no caso de inadimplência.

Ter a renda comprometida com outras dívidas e imprevistos que podem acontecer ao longo dos anos, como perder o emprego, são alguns elementos que podem comprometer o pagamento do empréstimo em questão e que, muitas vezes, não estão na análise feita pelo banco ao aprovar a concessão daquele crédito.

A economista destaca que caso a pessoa opte por dar esse uso ao seu imóvel, é importante que ela tenha realmente conhecimento e disciplina com suas finanças, para ser capaz de avaliar se será vantajoso ou não.

"[Tomar o imóvel] é uma situação extrema e que evitamos a todo custo, depois de esgotadas todas as possibilidade de renegociação ou reparcelamento desta dívida", disse o presidente do Bari. "Por isso a concessão do limite é sempre pautada pela capacidade de pagamento do consumidor, como se não houvesse imóvel de garantia."

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