Aviões "no chão" representam melhor momento para acumular milhas
Segundo fundador do maior site de milhas aéreas da Índia, oportunidade de viajar diminuiu, mas de ganhar milhas não
Marília Almeida
Publicado em 19 de outubro de 2020 às 17h32.
Última atualização em 20 de outubro de 2020 às 13h57.
A pandemia aterrou quase 30% dos jatos comerciais do mundo, mas gurus como Ajay Awtaney, fundador do maior site de milhas aéreas da Índia, dizem que este pode ser o melhor momento para membros de programas de fidelidade gastarem ou acumularem pontos.
“Não entrem em pânico! A oportunidade de viajar diminuiu, mas de ganhar milhas não”, disse Awtaney, que fundou o LiveFromALounge.com em 2011. “As companhias aéreas têm oferecido maiores incentivos, e as pessoas deveriam aproveitar esta oportunidade porque as milhas não perderam valor.”
Mesmo com passageiros presos em casa, as operadoras têm feito ofertas para o acúmulo de milhas de forma mais barata ou resgate com grandes descontos.
A British Airways ofereceu recentemente uma promoção com voos por 50% das milhas normalmente exigidas. Muitas estenderam a validade do status de elite, reduziram os requisitos de qualificação para subir um nível ou eliminaram a expiração de pontos, pois países restringiram a entrada ou tornam as viagens menos atraentes com quarentenas obrigatórias.
O motivo: as companhias aéreas precisam desesperadamente de caixa para sobreviver à crise de coronavírus, e os programas de fidelidade são uma grande fonte de receita, por isso fazem novas ofertas aos membros e tentam trazer novos a bordo.
Esses programas se tornaram uma muleta vital para as operadoras, que precisam tanto de fundos que agora convertem jatos aterrados em restaurantes, vendem carrinhos de bebidas e organizam voos turísticos para lugar nenhum. Os melhores planos têm exércitos de seguidores ansiosos por voos de recompensa e upgrades, e podem gerar centenas de milhões de dólares por ano para as companhias aéreas.
Nesta crise do setor sem precedentes, a IAG, dona British Airways, conseguiu levantar quase US$ 1 bilhão com a venda de pontos para a American Express, enquanto outras como Delta Air Lines e United Airlines ofereceram seus programas como garantia para bilhões de dólares em empréstimos e títulos.
Algumas companhias aéreas estão ganhando mais com programas de fidelidade do que com voos, uma tábua de salvação útil com a queda do número de viagens aéreas globais pela metade. A divisão de fidelidade da Qantas Airways foi a maior fonte de receita da companhia aérea no ano encerrado em junho. A operadora australiana espera que a unidade registre lucro de 600 milhões de dólares australianos (US$ 430 milhões) até junho de 2024, quase o dobro do valor atual.
Singapore Airlines, Cathay Pacific Airways, Qantas e as principais companhias aéreas dos Estados Unidos estão entre as cerca de uma dúzia do setor com os programas de milhas mais valiosos, graças à força das marcas e parcerias com cartões de crédito, de acordo com a OAG Aviation Worldwide.