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As principais bobagens feitas com dinheiro na virada do ano

De sacar todo o dinheiro da conta para tentar burlar o Leão a ignorar o hiato entre os salários de dezembro e janeiro, veja os erros mais comuns nessa época


	Consumidores na Black Friday nos EUA: o clima consumista do fim do ano pode levar você a se sentir pressionado a comprar presentes
 (Getty Images)

Consumidores na Black Friday nos EUA: o clima consumista do fim do ano pode levar você a se sentir pressionado a comprar presentes (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 13 de dezembro de 2013 às 05h00.

São Paulo – A virada do ano é um momento crítico para a vida financeira da maioria das pessoas. Os gastos com festas, viagens, férias, presentes, impostos e, para quem tem filhos, matrícula e material escolar, pesam no bolso de quem não se planeja e podem facilmente gerar dívidas. A declaração de imposto de renda no início do ano seguinte também gera uma série de erros e confusões. E não é difícil se perder em meio à agitação, ao consumismo e às inúmeras despesas da época.

Veja a seguir quais são os 8 erros mais comuns durante essa época do ano, os quais você deve evitar:

1 Esquecer que existe um período maior entre o último salário de um ano e o primeiro do outro

Segundo o CFP, planejador financeiro certificado pelo Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros (IBCPF), Syllas Ramos, muita gente se esquece de que existe um grande hiato entre o último salário do ano - que cai por volta do dia 20 de dezembro, junto com a segunda parcela do 13º salário – e o primeiro salário do ano seguinte, que vai vir lá para o dia 30 de janeiro.

“Nesse período já começam a vir as despesas com IPTU e IPVA em alguns estados. Quem quer aproveitar o desconto à vista, já deve ter esse dinheiro dos impostos separado”, diz Ramos. Além disso, é preciso ter ainda mais cuidado para não sobrar mês no final do seu salário.

2 Aceitar preços absurdos para viajar

Para Syllas Ramos, viajar nesta época do ano pode ser uma grande cilada. Para muita gente, é o momento de aproveitar as férias com os filhos. Mas se não for o seu caso, viajar no Réveillon ou tirar férias nessa época pode ser um grande erro. Aos gastos de presentes e impostos se somam despesas com hotéis, aluguéis de temporada, restaurantes, casas noturnas, festas e passagens aéreas, cujos preços chegam às alturas.

“Os brasileiros aceitam preços absurdos para viajar e passear, ainda mais nessa época. Se a pessoa puder frequentar um clube, se reunir com os amigos e ficar pela cidade onde mora, é melhor. A alta temporada é a temporada das penalidades”, observa Ramos.

3 Resgatar todo o dinheiro da conta achando que vai enganar o Leão

O planejador financeiro lembra que ainda há pessoas que retiram quantias maiores da conta corrente em dezembro, para não ter de declarar o dinheiro ao Fisco no ano seguinte. “Mas os resgates também são passíveis de análise pela Receita Federal. Um resgate de 50 mil reais aparece nas análises quando a Receita assim o quiser”, diz o especialista.


4 Deixar um saldo devedor na conta corrente sem necessidade

Ainda segundo Ramos, ao movimentar a conta corrente no fim do ano, muita gente acaba deixando sem querer, nos últimos dias de dezembro, um saldo devedor em conta corrente, mesmo tendo dinheiro em aplicações financeiras. Esse é um momento crítico para cometer esse erro, e não apenas porque o correntista fica sujeito ao pagamento de juros no cheque especial (como em qualquer outro mês do ano, aliás).

Se o saldo em 31 de dezembro estiver negativo, esse débito terá de ser informado na declaração de imposto de renda do ano seguinte. Acontece que saldos negativos não devem ser declarados no mesmo campo dos saldos positivos em conta corrente, e sim na ficha de Dívidas e Ônus Reais. Só que muita gente não sabe ou se esquece disso na hora de preencher a declaração. “A pessoa fica com uma diferença contábil no patrimônio que não consegue entender”, diz o CFP.

5 Não estabelecer o total que será gasto em presentes

Na hora de presentear os entes queridos, o ideal é primeiro definir o valor máximo total que deve ser gasto, e só depois comprar os presentes, respeitando aquele limite. Mas, segundo Syllas Ramos, as pessoas não costumam fazer esse planejamento simples. “Ao olhar presente por presente e não analisar o total, a pessoa acaba tendo gastos incoerentes com sua renda”, alerta o planejador financeiro.

6 Consumir acima das possibilidades, levado pelo clima da época

Trocar presentes pode ser um ato prazeroso e de confraternização, ou uma atividade contaminada por cobranças e altas expectativas. Muita gente se sente obrigada a presentear determinadas pessoas, mesmo que seu orçamento não dê para isso; outras se empolgam com o clima festivo do mês de dezembro e acabam perdendo o controle; há ainda aquelas que sentem que devem atender às expectativas dos entes queridos, dando o que eles pediram ou então dando presentes caros por ter uma situação confortável de vida.

Acontece que até mesmo quem tem as finanças saudáveis pode facilmente se descontrolar e entrar no vermelho se consumir acima das suas possibilidades. Um passo é o suficiente para se desequilibrar. O economista e educador financeiro Richard Rytenband critica a atitude de consumir sem planejamento como forma de ter status.


“Todo mundo sabe que nessa época há mais despesas. É preciso haver um planejamento razoável do seu fluxo de caixa e não cair em tentações. A pessoa vê todo mundo consumindo e viajando e acaba se sentindo forçada a também ter esse padrão de vida”, diz Rytenband.

Para ele, nessa época é preciso esquecer essas obrigatoriedades e estereótipos e ser franco com as pessoas que podem ter expectativas em relação a presentes e viagens. “É preciso abrir o jogo e ter diálogo com a família e os amigos, deixando o orgulho de lado. Muitos problemas financeiros vêm da teimosia e do orgulho”, diz o economista.

Rytenband lembra ainda que, para ter uma vida financeira saudável e enriquecer, é preciso dar mais importância à geração de renda, e menos ao consumo. “Antes de consumir como um rico, produza como um rico. As pessoas gastam sem ter noção de sua própria situação financeira e acabam endividadas”, observa.

7 Esquecer-se de destinar o total dedutível à previdência privada

Quem faz a declaração completa do imposto de renda pode destinar até 12% de sua renda anual a um plano de previdência privada tipo Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL) e abater o percentual na declaração de imposto de renda do ano seguinte. Acontece que para o benefício fiscal valer para um ano, é preciso que a destinação dos recursos ao PGBL seja feito até 31 de dezembro do ano anterior. Mas muita gente se esquece de fazê-lo.

“Em dezembro, a pessoa deve analisar quanto falta para completar o montante de 12% e depositar os recursos no PGBL. Se só se lembrar disso em março, o benefício só valerá para o ano seguinte”, diz Syllas Ramos.

8 Doar dinheiro para uma instituição não incentivada achando que vai poder abater a contribuição do IR

É claro que você pode doar para a instituição filantrópica que quiser, independentemente de poder abater a doação do imposto de renda ou não. Mas se você quiser fazer uma doação incentivada, dedutível da base de cálculo do IR, você deve prestar atenção se a instituição é beneficiada por alguma lei de incentivos fiscais. Segundo Syllas Ramos, é muito comum as pessoas se confundirem e acharem que podem deduzir qualquer doação feita a instituições que ajudem crianças, por exemplo.

Mas apenas são dedutíveis as doações feitas aos fundos que se enquadram no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA); aos fundos municipais, estaduais, distrital e nacional do idoso; aos projetos aprovados pelo Ministério da Cultura e enquadrados na Lei de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet); aos projetos aprovados pelo Ministério da Cultura ou pela Agência Nacional de Cinema (Ancine) e enquadrados na Lei de Incentivo à Atividade Audiovisual; aos projetos aprovados pelo Ministério do Esporte e enquadrados na Lei de Incentivo ao Esporte; e aos projetos aprovados pelo Ministério da Saúde no âmbito do Programa Nacional de Apoio à Atenção da Saúde da Pessoa com Deficiência (Pronas) ou do Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica (Pronon). 

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