As dicas de Gustavo Cerbasi sobre como investir na crise
Veja indicações de aplicações se você não teve perda relevante de renda ou manteve o salário na crise
Marília Almeida
Publicado em 28 de abril de 2020 às 18h33.
Última atualização em 29 de abril de 2020 às 10h59.
Na visão do consultor financeiro Gustavo Cerbasi, é desafiador manter o cronograma de investimentos na crise provocada pela pandemia do novo coronavirus. Isso porque ninguém sabe ao certo o quanto ela vai durar.
O cenário afetou em maior ou menor grau todos os brasileiros. Por exemplo, quem viu sua renda ir a zero com a paralisação do comércio e serviços tem pouco a fazer agora além de criar um orçamento "de guerra" e cortar o máximo de gastos que pode.
Contudo, para quem viu sua renda reduzir um pouco por conta de corte de salário ou jornada, ou quem pôde trabalhar de forma remota e manter a renda, é importante continuar a rotina de aplicações mensais.
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Mas no que investir agora? Em live transmitida pelo BTG Digital, o consultor financeiro deu dicas sobre o que deve mudar na estratégia agora, e como aproveitar oportunidades conforme o perfil de risco. Confira:
Perfil conservador
Para quem não admite perdas e está assustado com o cenário atual, Cerbasi indica aplicar em CDBs que paguem um porcentual próximo ao CDI ou em fundos de renda fixa do tipo DI, especialmente aqueles nos quais a cota se desvalorizaram muito desde o início da crise.
"Esse movimento aconteceu apenas porque o governo emitiu títulos mais vantajosos no curto prazo. Mas isso não significa que esses fundos são ruins. Os ativos que carregam na carteira, como títulos públicos e privados, vão continuar a pagar o retorno aos investidores no vencimento. Nada mudou. Então, quem quer começar a aplicar agora pode aproveitar a recuperação do valor dessas cotas no médio prazo. Não é uma perda de valor definitiva".
Perfil moderado
Já aplica em fundos multimercados? Para Cerbasi, você deve continuar a realizar aplicações ou começar, especialmente se a cota do fundo perdeu muito valor e o fundo tem bom histórico de desempenho em crises passadas.
Já no caso de aplicações ligadas a setores mais afetados pela pandemia, como fundos imobiliários, ações do setor de entretenimento, turismo e ligados à cadeia do petróleo, é hora de rever aplicações. "Fundos imobiliários, por exemplo, devem ser olhados com mais cuidado agora. Talvez não seja uma boa hora para investir em fundos de shopping, que estão cortando dividendos distribuídos aos cotistas, mas fundos de logística podem trazer bons rendimentos com o crescimento do e-commerce".
Perfil arrojado
Para investidores com perfil agressivo, a dica é conter a euforia. "Usar a reserva de emergência para comprar ações na bolsa ou aproveitar oportunidades especulativas? Nem pensar. Não sabemos quando a quarentena vai acabar, e esse dinheiro pode ser necessário. É muito arriscado especular agora. Se houver crescimento, a retomada será lenta".
Para quem investe em ações, Cerbasi aponta que não se deve fazer preço médio, mas sim analisar uma por uma, de forma individual. "Se atenha aos fundamentos: de que forma cada empresa é impactada pela crise, e como devem se recuperar".
Issso porque mesmo setores defensivos, como bancos, não são à prova de problemas. "Há bancos com menor e maior capacidade de se adaptar ao cenário. Os com maior capacidade são mais defensivos agora. Já bancos muito expostos a operaçõescomo financiamento de veículos que diminuíram muito, têm mais dificuldade de adaptar e mobilizar capital para outros segmentos".
Não é hora de sair do investimento
Uma dica serve para todos os tipos de investidores: não é hora de resgatar investimentos por conta de perdas, principalmente os que têm como objetivo o longo prazo, como fundos de previdência. "Caso ele seja balanceado, vai se recuperar ainda mais rápido da queda recente.
O mesmo vale para os fundos multimercados. "O gestor certamente já está se mobilizando e adequando a carteira para o novo cenário. As perdas devem ser reduzidas agora. Caso o investidor resgate sua cota, para onde vai correr? E ainda vai pagar imposto. A decisão exige muita cautela. É mais recomendável montar uma proteção contra perdas, por exemplo comprar e vender opções, do que vender a cota ou título".
Aliás, se a ansiedade com a carteira diante do cenário atual está alta, Cerbasi aponta que isso pode indicar que as aplicações financeiras não estao de acordo com o perfil de risco. "Nesse caso, vale readequar o risco a partir de agora e optar por aplicações menos arriscadas".
Para quem continua em dúvida sobre onde colocar o dinheiro agora e se pode precisar dele no curto prazo, a dica é reforçar a reserva de emergência, Para esse objetivo, investir em títulos Tesouro Selic, que têm liquidez diária, continua sendo a melhor opção. "Esses títulos não são afetados pela crise", conclui Cerbasi.