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Alta do dólar irá conter corte da Selic, dizem analistas

Cautela de investidores diante de possível aumento de juros dos Estados Unidos e da saída de estrangeiros dos emergentes pode ter como resultado uma redução menor da taxa básica de juros pelo Copom

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h33.

Faltam cinco dias para a próxima reunião do governo que vai decidir o novo patamar da taxa básica de juros brasileira, e desta vez a "tensão pré-Copom", chamada assim em referência ao Comitê de Política Monetária, pegou o mercado já em clima nervoso. Quedas sucessivas da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) e a recente escalada da cotação do dólar fizeram os analistas perderem os parâmetros de qualquer previsão para os negócios a curto prazo, e deixaram apenas uma certeza: aos olhos de quem comanda os rumos da Selic, o sinal que vem de pregões e corretoras é de atenção.
Desencadeado pelo medo mundial de novos   aumentos nos juros dos Estados Unidos, o movimento de venda de ações e compra de dólares deve se manter por alguns dias, até semanas, sinaliza  o mercado. A migração dos investimentos se sustenta por quem prefere tirar o dinheiro de mercados emergentes e mais arriscados, como o Brasil, e colocá-lo em títulos americanos, considerados mais seguros. O encarecimento da moeda americana vai gerar aumento no preço de produtos importados e daqueles fabricados no país com componentes vindos do exterior. Ou seja: inflação em alta à vista. Daí a crença generalizada de que o Copom não deixará tamanha "ameaça" à estabilidade monetária passar incólume na sua próxima reunião, marcada para os dias 30 e 31 de maio.

Austin Ratings e Itaú Corretora, por exemplo, apostavam que a Selic, hoje em 15,75% ao ano, encerraria maio com um corte de 0,75 ponto percentual, mas já revisaram a perspectiva para uma redução de 0,5 ponto. E não foram só eles: o relatório de mercado  do Banco Central da última semana apurou que as instituições financeiras do país também reviram sua expectativa de queda da taxa básica de juros de 0,75 para 0,5 ponto percentual.

O principal temor do mercado é com relação às previsões de inflação. Segundo Hugo Penteado, economista-chefe da empresa de gestão de recursos do banco ABN Amro, caso o dólar permaneça em 2,40 reais até o fim do ano, isso vai significar um impacto de 1,16 ponto percentual na inflação, elevando o IPCA previsto de 4,5% para 5,66%.

"Vale lembrar que 67% dos itens dos IGPs [índices de inflação apurados pelo Fundação Getúlio Vargas] e aproximadamente 30% dos itens do IPCA [índice de inflação usado como referência pelo governo] são extremamente sensíveis à variação cambial", afirmou a Austin Ratings em relatório.

Na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), os investidores também mudaram a percepção que tinham a respeito da taxa nos próximos meses. Na sexta-feira (19/5), os contratos de juros para janeiro de 2008, os mais negociados, fecharam o dia em 15,10% - taxa que aumentou para 16,6% hoje. "Pode ser um sinal de que o mercado está apostando que os juros vão cair menos", diz Alex Agostini, economista-chefe da Austin.  

Bolsa ainda é barata

Guilherme da Nóbrega, economista-chefe da Itaú Corretora, vê o momento pelo qual passa o mercado brasileiro apenas como um "solavanco" em um caminho positivo, que ele ainda prevê para o Brasil em 2006, com valorização das ações e fortalecimento do real frente ao dólar. Ele acredita que, uma vez passada a turbulência, os avanços que a economia vem exibindo recolocarão os negócios no rumo certo, que pode levar inclusive a recordes de pontos na Bovespa. "A bolsa brasileira ainda é barata", diz. Até a crise que gerou a onda de venda de papéis, a Itaú Corretora previa que a Bovespa poderia chegar aos 50 mil pontos em 2006 - por enquanto, esta previsão está suspensa, mas o cenário futuro ainda mostra níveis acima de 40 mil pontos, diz Nóbrega.

Para Fábio Watanabe, diretor de asset management do Banco Fibra, são os avanços exibidos pela economia brasileira que trarão de volta os investidores: "Os fundamentos macroeconômicos são sólidos, as reservas brasileiras são confortáveis, com um lastro bem mais pesado no ano passado. E ninguém pode dizer que existe um descontrole fiscal", afirma, destacando aspectos que, em sua opinião, tornam o país mais seguro para o investidor. Já a balança comercial, mantidas as fortes exportações, dará conta de domar o dólar, diz Watanabe: "O que faz o dólar cair é o fluxo positivo por conta das vendas. Eu não imagino o dólar batendo 2,60 reais".

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