A expectativa da Embraer de vender e faturar menos neste ano do que inicialmente previsto fez com que a corretora Ágora rebaixasse sua recomendação para as ações da companhia (EMBR3). A corretora alterou de "compra para o longo prazo" para "manter" a sua indicação para os papéis, que tiveram o preço-alvo posto em revisão.

A Embraer informou ao mercado que estima para esse ano uma receita de 5,5 bilhões de dólares, 12,7% a menos que a projeção anterior, de 6,3 bilhões de dólares. Essa é a segunda revisão para baixo que a companhia faz em suas projeções em pouco mais de três meses e, para a Ágora, não estão descartadas novas reduções nos próximos meses.

A estimativa de entregas dos modelos Legacy e Lineage foi cortada pela metade, passando de 35 para 17 unidades. Os dois modelos, juntamente com o Phenom, constituem o principal segmento da Embraer - o de jatos executivos. Em relatório, a Ágora destaca que o novo guidance (previsão de resultados feita pela própria empresa), juntamente com a forte redução de pessoal, "nos leva a acreditar que o nível de visibilidade para o mercado de aviação executiva encontra-se em patamares extremamente limitados".

Na última quinta-feira (20/2), a companhia anunciou o corte de 4.300 funcionários devido à crise internacional. A redução equivale a 20% da força de trabalho da empresa e atinge funcionários operacionais, administrativos e gerenciais. A expectativa de entrega de aeronaves neste ano caiu de 270 para 242 unidades, o que corresponde a uma redução de 10,4%.

Os números provocaram alterações também nas previsões de outras corretoras. O Bank of America (BofA) cortou pela metade o preço-justo das ADRs (American Depositary Receipts, títulos que representam ações de empresas brasileiras no exterior) da Embraer negociadas na Bolsa de Nova York. Em relatório assinado por Ronald Epstein e divulgado pela agência de notícias Bloomberg, o BofA reduziu as projeções de 27 dólares por ADR para 13 dólares. A instituição rebaixou a recomendação dos papéis para "underperform", o que significa que seu desempenho deve ficar abaixo da média do mercado.

Já a corretora Socopa estima que a Embraer será prejudicada neste ano pelas más condições do mercado, mas acredita que as perspectivas para o longo prazo ainda são favoráveis. "O término da crise possibilitará uma expansão da linha de transportes por aeronaves, principalmente as economias em desenvolvimento, que apresentam uma demanda contraída, com forte potencial de expansão", diz em relatório. A corretora mantém sua recomendação de compra para as ações, com preço justo de 15,20 reais.