7 formas de se proteger da volatilidade do mercado
Analistas e gestores comentam sobre como equilibrar os riscos na carteira
Guilherme Guilherme
Publicado em 26 de agosto de 2021 às 08h40.
Assumir riscos faz parte do mundo dos investimentos. Mas sustos constantes podem ser sinal de que o portfólio precisa de ajustes. Para ajudar a atravessar esse período de maior incertezas no mercado, a Exame Invest compilou sete maneiras simples de reduzir a volatilidade da carteira, segundo profissionais do mercado.
Diversificação
Princípio número um de qualquer manual de finanças, a diversificação se mostra ainda mais importante em períodos de volatilidade, já que mitiga o efeito dos piores resultados da carteira - que, assim como o período, é incerto.
Com crises políticas e fiscais e a aproximação das eleições, Rodrigo Barros, analista-chefe da gestora Âmago Capital, acredita que esta seja a melhor maneira de atravessar o cenário atual.
“Um portfólio diversificado é muito importante neste momento, porque fazer previsão sobre se a crise política vai piorar ou não e qual vai ser o resultado da eleição é um trabalho de futurologia muito em vão”, afirma Barros.
ETF
Na busca pela diversificação, o ETF pode ser uma resposta. Atrelados sempre a algum índice, os ETFs são compostos por um conjunto de ativos, que podem abarcar tanto o mercado de renda fixa quanto o de variável, que costumam ser os mais negociados.
O principal ETF da bolsa é o BOVA11, que segue o Índice Bovespa, formado por mais de 80 ações. Embora esta seja uma porta de entrada de muitos investidores estrangeiros que querem investir no mercado brasileiro de maneira diversificada, é preciso ficar atento à participação das empresas nos índices.
Ações defensivas
Uma outra opção para quem já tem um portfólio de ações montado à dedo é adicionar ações consideradas “defensivas” por terem maior previsibilidade de geração de caixa. Um exemplo seriam as do setor de utilidade pública.
Porém, devido às incertezas relacionadas ao clima e o nível de chuvas, Bruno Lima, analista-chefe de ações do BTG Pactual Digital, alerta que, para quem pensa em proteção, é melhor ficar de fora de ações de saneamento e geração de energia hídrica. “Empresas com foco em distribuição e, principalmente, transmissão de energia têm menos risco”, diz.
Dólar
Um dos principais instrumentos para se proteger contra os riscos locais, o dólar costuma ter desempenho inversamente proporcional ao mercado de ações, ajudando a contrabalançar as perdas e diminuir a volatilidade do portfólio.
Uma das maneiras mais simples de aumentar sua posição em dólar é por meio de fundos cambiais, que costumam acompanhar a variação da moeda americana. As opções no mercado são grandes, então é importante ficar atento aos custos de administração, período de resgate e aplicação inicial.
Ativos internacionais
Outra forma de diversificar o portfólio e aumentar sua exposição - ainda que indiretamente - ao dólar é por meio de ativos atrelados ao mercado internacional. Livres dos riscos domésticos, eles estão disponíveis em diversos formatos para o investidor.
Uma das formas mais comuns de investir em um mercado estrangeiro é por meio de ETFs disponíveis na B3. O IVVB11, que é atrelado ao desempenho do S&P 500 (e do dólar/real), tem o maior número de investidores, com mais de 160.000 pessoas físicas. Também é possível investir em ETF atrelados ao índice de tecnologia Nasdaq, à China e à Europa. Por meio de BDRs, é possível investir até na Índia.
Como são negociados na B3 ativos listados no exterior, os BDRs também possibilita investimentos diretos em algumas das maiores companhias do mundo, como Apple, Microsoft e Coca-Cola. Mas ainda que possam servir para equilibrar os riscos, Bernardo Carneiro, analista de BDRs do BTG Pactual Digital, remonda maior atenção na seleção do BDR do que na variação do dólar, especialmente para quem investe para o longo prazo.
“Diversas ações dos Estados Unidos, China e outros países triplicaram de preço ou até mesmo quintuplicaram. O dólar não faz esses movimentos, então não deve ser uma preocupação para quem investe por anos. O dólar pode fazer o investidor ganhar pouco ou perder pouco. O verdadeiro ganho está na habilidade de escolher boas empresas”, afirma Carneiro.
Ouro
Embora os BDRs contribuam com a diversificação regional, nenhuma ação está blindada contra um movimento de aversão ao risco global. Para isso, muitos investidores procuram a proteção do ouro.
Ainda que não gere renda, o ouro costuma sempre entrar no radar em momentos de tensão. Em março de 2020, por exemplo, o metal precioso chegou a fechar o mês em alta, enquanto as bolsas caíam mais de 20%. O ativo também é uma alternativa contra a inflação e abundância de dinheiro na economia.
“Os investidores tomam ouro para proteger o valor do dinheiro. Então, com mais estímulos nos Estados Unidos, seu preço tende a subir”, explica Jefferson Laatus, estrategista-chefe e sócio-proprietário do Grupo Laatus.
Ainda no início do ano passado, quando a impressão de dólares já estava em níveis considerados elevados, o megainvestidor Ray Dalio chegou a comparar cédulas com “lixo” e recomendou ter parcela de ouro no portfólio. A maneira mais fácil de colocá-lo na carteira é por meio de fundos de ouro, embora também esteja disponível no mercado de futuros.
Títulos
As recentes incertezas do mercado têm aumentado a volatilidade, inclusive, do mercado de renda fixa, onde os títulos pré-fixados são atingidos pela chamada “marcação à mercado”, questões como expectativas de juros futuros e nível da demanda. Segundo Odilon Costa, analista de renda fixa e crédito privado do BTG Pactual digital, uma forma de reduzir a volatilidade da renda fixa é por meio de títulos pós-fixados e atrelados à inflação (IPCA+).
Para Costa, as melhores oportunidades estão em títulos IPCA+ com duração de até 5 anos e nos pós-fixados com vencimento entre 3 e 5 anos. Este, por sinal, é o melhor momento para investir nos títulos pós-fixados, de acordo com o analista.
“Tem gente que espera o ciclo de alta da Selic terminar para passar a investir nos pós-fixados. Mas quando chegar lá, o percentual do CDI pago deve ser reduzido dos atuais 110% para cerca de 100% do CDI. Investindo agora, o investidor deve conseguir um percentual maior quando a Selic estiver no pico”, diz.
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