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5 dicas da Moda para deixar investimentos em alta

Descubra na relação entre um tailleur e ações da Petrobras importantes dicas para administrar as finanças

Algumas roupas e investimentos alternativos podem se revelar verdadeiros micos (Pascal Le Segretain/Getty Images)

Algumas roupas e investimentos alternativos podem se revelar verdadeiros micos (Pascal Le Segretain/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 11 de julho de 2012 às 09h53.

São Paulo - Tendência, estilo pessoal e micos são alguns dos conceitos que estão presentes tanto no mundo da moda quanto no das finanças pessoais. O modelo "tailleur" de Coco Chanel não sai de moda assim como as ações da Petrobras, e as roupas de marcas alternativas podem ser um “achado” tão bom quanto as small caps.

A EXAME.com conversou com uma consultora de moda e dois especialistas em finanças pessoais e selecionou cinco dicas básicas de moda que podem ajudar a acertar tanto no visual, quanto nos investimentos. Veja a seguir:

1) As roupas de marcas alternativas podem ser verdadeiros "achados"...

Ana Cury, consultora de moda e autora do livro “Manual de Estilo”, diz que é possível encontrar boas roupas em lojas de marcas menos famosas ou iniciantes. “Como em todo mercado, na moda existem empresas muito boas que são pequenas e estão começando. Muitas delas inclusive vendem suas roupas em lojas de marcas grandes”, diz Ana. 

Nos investimentos também nem sempre o maior é sinônimo de melhor. Neste ano, por exemplo, o índice que mede a performance das empresas menos negociadas em bolsa, o BM&FBovespa Small Cap, teve rendimento de 8,91% (de janeiro até o fechamento do dia 6 de julho), enquanto o índice que mede o desempenho das empresas mais negociadas, o Ibovespa, teve queda de 2,40% no mesmo período. Como a maior parte das empresas small caps são voltadas para o mercado interno, elas não sofreram tanto com a crise do mercado internacional como as grandes empresas, como a Vale e a Petrobras. 

Apesar do bom desempenho recente, as small caps são empresas em fase de crescimento, de médio e pequeno porte, com partimônio de até 5 bilhões de reais e têm mais risco de sofrer prejuízos. Por isso, são ações que podem ter menos procura e chegar a ficar dias sem ser negociadas, portanto são indicadas para investidores mais experientes ou como uma forma de diversificação dos investimentos. 

Assim como para encontrar boas roupas em lojas alternativas é preciso ter um "faro aguçado", para encontrar bons rendimentos nas small caps é preciso fazer um trabalho de "garimpo" para encontrar as empresas com boas perspectivas de crescimento. 

2) ...ou podem ser dinheiro jogado no lixo.

Comprar uma roupa em uma loja desconhecida, sem recomendações, pode se revelar tanto um achado, quanto um dinheiro gasto à toa. “É óbvio que uma roupa que custa 2.000 reais e uma que custa 125 reais não têm a mesma tecnologia de tecido. Elas podem ser visualmente iguais, mas a mais barata vai ter mais poliéster, pode não cair tão bem e ter menos qualidade”, avalia Ana Cury.

Um investimento sem histórico pode ser também muito arriscado. “Pode-se ganhar muito ou perder muito com o que não está na moda”, diz Samy Dana, professor de finanças da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas (FGV-EAESP). 

Ele explica que certas aplicações são apresentadas como grandes oportunidades, mas se mostram péssimos investimentos. “Por trás de grandes promessas existem grandes riscos. E se alguém arriscar usar uma roupa diferente em uma festa e passar vergonha, isso passa, mas um investimento errado, em micos, pode assolar um patrimônio e comprometer o futuro”, explica Dana. 


As próprias small caps são apelidadas de "micos" no mercado de ações por serem papéis de pouca liquidez, geralmente baratos. Alguns investidores iniciantes aplicam neste tipo de papel sem discernimento, apenas pensando em comprar um grande volume de ações que valem centavos, e o negócio acaba se convertendo em prejuízos. 

Se o perfil do investidor for arrojado e ele quiser assumir algum investimento sem históricos, de alto risco, a dica dos especialistas é estudar quais podem ser os prejuízos máximos que ele pode ter e usar o investimento como forma de diversificação do portfólio. Também é recomendado manter parte da renda investida em produtos de menor risco, e parte dos recursos em um investimento de alta liquidez, para que exista uma reserva financeira sempre à disposição para emergências. 

3) As roupas que não saem de moda nem sempre são infalíveis

Os clássicos "tailleurs", criados por Coco Chanel, são referência da moda mundial há décadas, mas mesmo o que parece mais básico e certo, em algumas ocasiões pode não cair bem. E até mesmo um tailleur pode ficar “over” em um ambiente descontraído. 

Nos investimentos, alguns produtos financeiros e ações também sempre estão na mira dos investidores. A poupança, por exemplo, é o investimento mais querido dos brasileiros. Apenas no primeiro semestre, captou 14,857 bilhões de reais, mais do que o total captado em todo o ano de 2011: 14,186 bilhões de reais.

A alta captação ocorre mesmo com o início das regras que diminuem o rendimento da poupança, que antes era de 0,5% ao mês mais a Taxa Referencial (TR) e passou a ser de 70% da Taxa Selic mais TR, quando a taxa básica de juros estiver menor ou igual a 8,5%. Mesmo que agora seja menos vantajosa em alguns casos, a poupança está em alta, o que comprova a tese de que um investimento que sempre está na moda, nem sempre é o mais adequado.

Paulo Bittencourt, diretor técnico da Apogeo Investimentos, também ressalta que mesmo os mais tradicionais investimentos podem deixar de ser tendência.  “Mesmo depois de séculos na moda, os chapéus caíram em desuso. Por mais longevo que seja um investimento, uma hora ele pode cair em desuso. É como as ações da Philip Morris: quem poderia imaginar que sairiam de moda ações de tabaco?”, afirma  Bittencourt. A empresa americana, fabricante de cigarros, já não é mais tão recomendada por especialistas por conta de medidas de responsabilidade social tomadas pelo governo dos Estados Unidos que devem prejudicar os lucros da indústria de tabaco no longo prazo.

Bittencourt também comenta que as ações de empresas petrolíferas normalmente estão na moda porque são empresas muito rentáveis. Mas, mesmo estas companhias não conseguem se desvencilhar de alguns riscos. A Petrobras, por exemplo, uma das ações mais negociadas na bolsa, no período de 4 de junho de 2008 a 4 de junho de 2012 teve perdas de quase 51%. A empresa foi afetada pela crise global de 2008 porque seus resultados se relacionam diretamente aos preços mundiais do barril do petróleo e à atividade econômica internacional. 

4) É bom acompanhar as tendências, mas sem deixá-las interferir demais no estilo pessoal 

Ana Cury diz que as tendências não devem se sobrepor ao estilo pessoal. “Não adianta seguir à risca o que é tendência, tem que ter a ver com a sua vida. Se alguém tem um estilo 'clean', não adianta se vestir ao estilo barroco. Tem que adaptar, coloca pitadas de barroco, uma echarpe com estampa mais concentrada”, diz Ana.


Paulo Bittencourt estabelece um paralelo dizendo que muitos produtos financeiros novos são lançados e viram moda, atraindo muitos investidores, mesmo não sendo condizentes aos seus perfis. “Não se deveria investir porque alguém falou, deve-se avaliar se o produto é adequado levando em conta o horizonte do investimento, o objetivo, e o perfil de risco individual”, diz.

Bittencourt usa como exemplo os fundos imobiliários, que, segundo ele, estão “na moda”. Ele explica que não se trata de um mau investimento, mas como qualquer outro produto, tem um lado bom e um lado ruim que devem ser avaliados de acordo com o perfil do investidor. “Sob o ângulo de ser isento de tributação, é um produto bom, mas, por outro lado, é um fundo fechado. Para alguém entrar, outro tem que sair, por isso é menos líquido. Alguém que nunca investiu em um fundo fechado pode ficar angustiado se ficar uma semana sem conseguir vender a cota”, explica.

Um levantamento feito pela Economatica mostrou que, no primeiro semestre de 2012, a maioria dos fundos imobiliários mais líquidos teve desempenho superior ao Ibovespa, ao CDI e até mesmo ao ouro e ao dólar, que foram os dois ativos que mais se valorizaram no período. Isto pode justificar, de certa forma, o fato de a aplicação estar em moda. Mas para um investidor que tem um objetivo de curto prazo e precisa de um investimento com alta liquidez, esta pode não ser a melhor opção. Este tipo de fundo pode ter liquidez menor do que investimentos em ações. Ao vender suas cotas, o investidor leva três dias para receber o dinheiro e quem tem um investimento alto pode levar mais de uma semana para se desfazer de todas as cotas. 

5) As tendências saem das passarelas para as lojas em um piscar de olhos

Ana Cury lembra que, há alguns anos, para que as tendências chegassem às lojas, os estilistas viajavam a outros países para assistir a desfiles internacionais e só depois de alguns meses as peças das novas coleções poderiam ser compradas. “Hoje, com apenas um clique é possível copiar uma peça, a tendência viaja digitalmente muito rápido”, conta.

A internet também revolucionou a relação com o dinheiro em vários aspectos, desde a rapidez em uma transferência de valor - que pode ser feita em poucos segundos, mesmo a grandes distâncias - até nas formas de investir. 

Da mesma forma que a internet possibilitou na moda a proliferação de tendências, nos investimentos ela tornou as informações mais acessíveis. Existem aspectos positivos na questão, como o fato de as notícias chegarem a diversos investidores simultaneamente, evitando que existam informações privilegiadas. Mas também há fatores negativos, como o excesso de informações. “Hoje há uma grande dificuldade em saber qual peso dar para cada informação. Tem semanas que uma mesma notícia é divulgada sob cinco ângulos diferentes e isso confunde o investidor”, avalia o diretor da Apogeo.

Bittencourt acredita que acompanhar sistematicamente as notícias e mudar de opinião várias vezes em uma semana pode prejudicar os investimentos e dá a dica: “Reserve tempo para digerir as informações no final de semana, porque aí as notícias irrelevantes já morreram. É preferível fazer isso do que ficar todos os dias assimilando "pedaços" de informações, que podem resultar em um viés errado para os investimentos”, diz.

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