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10 coisas que seu gerente nunca vai dizer

Todo mundo que tem algum dinheiro precisa lidar com um gerente de banco. Torne essa relação menos desigual

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 13 de outubro de 2010 às 20h52.

Ele resolve todos os seus problemas. É diligente quando você liga e pede uma ajuda. Parece estar sempre atento a possíveis problemas. Mas há coisas que o seu gerente de banco não revela. Um exemplo? O fato de ele ver em você uma ótima oportunidade para cumprir as metas de vendas do mês. Independente do que esteja sendo vendido.

Saiba as 10 coisas que seu gerente nunca vai dizer.

"O que eu ofereço é sempre bom para o banco, mas não para você"
Quem pensar no gerente do banco como um consultor financeiro pessoal corre o risco de acabar fazendo péssimos negócios. Quase todas as recomendações dos gerentes atendem aos interesses do banco, não aos do cliente. Não é desonestidade pessoal, mas o resultado da forma como os bancos trabalham. O gerente é um vendedor que tem metas a cumprir para os principais produtos -- cheque especial, títulos de capitalização, seguros, poupança --, e seu emprego depende de atin gir essas metas todos os meses. Obviamente, as metas são estabelecidas de modo que os produtos mais oferecidos sejam aqueles que fazem o banco lucrar mais e, portanto, custam mais para o cliente. O resultado é que, em um determinado mês, o gerente vai jurar para você que os títulos de capitalização serão o melhor negócio do mundo. No mês seguinte, será a vez da poupança e, depois disso, virão os seguros. O principal problema é que essas recomendações não costumam levar em conta nem o perfil de risco nem as necessidades individuais de cada cliente. "Seja firme na hora de dialogar sobre seus investimentos", diz Sérgio Galvão Bueno, sócio da consultoria paulista LLA, especializada em finanças pessoais. "Por mais persuasivos que sejam os argumentos, não compre o que o seu gerente quer vender, a menos que o produto seja adequado a seu perfil de investidor."

"Vou cobrar diversas tarifas sem avisar"
Muitas vezes os bancos escondem tarifas em seus serviços, que somente serão notadas bem mais tarde, quando chegar a conta. O analista de sistemas Delman Ferreira, de Brasília, imaginava que financiar a compra de seu Polo zero-quilômetro em um banco seria melhor do que parcelar na concessionária. As taxas costumam ser menores, e é possível -- pensava Ferreira -- evitar gastos como a taxa de abertura de crédito (TAC) cobrada pela financeira da concessionária, normalmente muito superior àquela dos bancos. Por isso, em fevereiro de 2006, Ferreira parcelou a compra em 60 prestações de 943 reais. Para pagar a primeira parcela, o analista de sistemas abriu uma conta no banco e depositou 1 000 reais. Ao consultar a instituição, dias depois, o analista teve a desagradável surpresa de ver um saldo negativo de quase 300 reais. Além de descontar de uma vez a contribuição provisória sobre movimentação financeira (CPMF) referente ao valor total do carro, o banco cobrou para manter o limite do cheque especial e a conta aberta. A emissão de extratos também foi cobrada.


"O juro dobra se você estourar o cheque especial"

O cheque especial está entre os seis produtos mais rentáveis de qualquer banco. Não é para menos. Em junho, segundo o Banco Central (BC), os juros cobrados eram de 7,8% ao mês ou mais de 145% ao ano. É uma taxa altíssima. O que poucos clientes sabem é que a conta fica -- se é que isso é possível -- ainda mais salgada se os gastos ultrapassarem o limite estipulado pelo banco. Nesse caso, o cliente entra numa linha de crédito específica chamada Adiantamento a Depositante, que tem uma taxa de juro de cerca de 15% ao mês, o que representa estratosféricos 435% ao ano. O cliente também paga uma tarifa média de 20 reais para cada cheque emitido nessas circunstâncias. O peso disso em qualquer empréstimo pode ser demonstrado por um cálculo simples. Imagine um cliente com limite de cheque especial de 1 000 reais e que custa 7,8% ao mês. Se, por um descuido, ele passar a dever 1 500 reais no cheque especial, terá de pagar por mês 78 reais sobre o limite, 75 reais sobre o excesso de limite e mais 20 reais referentes à tarifa. Contabilizando impostos e CPMF, a fatura, só com os juros, vai para mais de 177 reais por mês. Se cair mais um cheque, além dos juros, o banco vai cobrar novamente a tarifa de 20 reais. São taxas elevadíssimas, mas sua aplicação pelos bancos é perfeitamente legal. Por isso, a recomendação é evitar ao máximo usar o cheque especial e nunca, nunca superar o limite.


"Sacar dinheiro com o cartão de crédito é caro"

O cartão de crédito funciona como meio de pagamentos e como forma de o banco emprestar dinheiro automaticamente para o cliente. Por isso, quase todo cartão de crédito permite ao usuário sacar dinheiro em caixas automáticos. Pouca gente sabe, porém, que os encargos que incidem sobre essa operação são salgados. O saque é um empréstimo no cartão, e as taxas médias são de 8% ao mês. Além disso, o usuário paga de 1,95 a 8 reais por saque. O cliente que fizer três saques de 10 reais vai levar 30 em dinheiro e terá de pagar 24 em juros e tarifas, 80% do total sacado. Esses detalhes constam do contrato do cartão de crédito, mas poucas pessoas se preocupam em lê-lo.


"Não conheço bem os produtos do banco"

Em fevereiro de 2006, o engenheiro mecânico paulista e Ph.D. em finanças Marcos Crivelaro decidiu investir 10 000 reais em um dos fundos do banco onde tinha conta. Saiu da agência de mãos abanando. Ele havia escolhido um fundo, mas seu gerente não conhecia o produto -- e, portanto, ignorava que só está aberto para captação em quatro dias no ano, das 10 às 15 horas. "Até pouco tempo atrás, o fundo não constava nem da tabela de rentabilidade que o banco envia aos clientes", diz Crivelaro.


"Os juros do crédito imobiliário são o dobro do que parecem"

Comprar um imóvel com financiamento do Sistema Financeiro da Habitação (SFH) parece ser um ótimo negócio. Os juros variam de 6% a 12% ao ano, mais a variação da Taxa Referencial (TR), que costuma ser menor que 3% ao ano. Aparentemente, são taxas muito mais amigáveis do que a média das cobradas pelos bancos. Na prática, porém, outros custos farão o mutuário pagar quase o dobro de juros. Além dos juros, os bancos costumam cobrar uma taxa de administração do contrato que varia de 12 a 80 reais. Além disso, o mutuário geralmente tem de pagar dois seguros, um por morte ou invalidez permanente e outro por danos físicos ao imóvel. Juntos, eles representam cerca de 9% do valor da prestação, segundo cálculos do professor Rafael Paschoarelli, doutor em finanças pela Universidade de São Paulo e autor do livro A Regra do Jogo (Editora Saraiva, 180 págs.). Há mais duas taxas no financiamento: a de vistoria do imóvel e a de verificação da documentação. Além disso, o mutuário deve pagar o imposto de transmissão de bens intervivos (ITBI), equivalente a 2% do valor do imóvel, para que o dinheiro do financiamento seja liberado. Para ter idéia do peso desses adicionais, Paschoarelli simulou um empréstimo de 150 000 reais com taxa de 12% ao ano mais TR. "O comprador paga cerca de 15 000 reais a mais nesses penduricalhos, além dos juros", diz ele. Sua recomendação é fazer as contas com cuidado.

"Pagar dívidas antes do prazo custa dinheiro"
O cliente endividado que resolver quitar seu débito com o banco fará um mau negócio. Nesse caso, o banco deverá cobrar uma Tarifa de Antecipação de Crédito, que, na média, é igual a 10% do valor a ser quitado. "Para o banco, não é interessante que você pague a dívida antecipadamente porque, nesse caso, ele não vai receber os juros das parcelas restantes", diz Ricardo Almeida, professor do Ibmec São Paulo. "Se o cliente antecipar o pagamento, o contrato tem de ser revisto, o que gera custo para o banco." Segundo ele, o cliente tem direito de obter desconto na taxa de juro, mas dificilmente deixará de pagar a Tarifa de Antecipação de Crédito.

"Meus fundos de varejo conservadores rendem pouco"
Quando oferecem um fundo de investimento conservador a seus clientes, muitos gerentes comparam a rentabilidade do fundo com a da caderneta de poupança. "Como a poupança rende muito pouco, um fundo ruim parece ser um excelente investimento quando comparado a ela", diz William Eid Júnior, diretor do Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getulio Vargas de São Paulo, que realizou a avaliação dos fundos no Guia EXAME de Investimentos Pessoais. Para evitar ser enganado por essa distorção, o cliente deve tomar um cuidado específico na hora de investir. Nesse momento, a rentabilidade dos fundos DI ou de renda fixa -- os mais conservadores do mercado -- deve ser comparada à variação das taxas do Certificado de Depósito Interbancário (CDI), que balizam as operações realizadas entre bancos. Outro cuidado é prestar atenção na taxa de administração, que é a remuneração cobrada pelo gestor do fundo para administrar o dinheiro. Essa taxa é um percentual do total investido, e será cobrada todos os dias, independentemente do desempenho do fundo. Vale aqui uma velha regra do sistema bancário: quem tem menos dinheiro paga mais caro. Fundos de investimento mais populares, aqueles com depóstivo inicial mínimo de até 1 000 reais, costumam cobrar as taxas de administração mais altas, que podem chegar a 5% ao ano. Nesses casos, sempre vale a pena perguntar ao gerente qual é a taxa de juro paga para aplicações em renda fixa, como os Certificados de Depósito Bancário (CDB), e compará-la com o desempenho do fundo.

"A previdência privada custa mais do que você imagina"
Responda rapidamente: qual é a taxa de administração de seu plano de previdência privada? E a taxa de carregamento? Não se sinta mal por não saber o que esses nomes significam. Milhares de investidores ignoram que os bancos cobram um percentual do patrimônio para gerir o dinheiro (a taxa de administração) e um "pedágio" sobre cada nova aplicação, para cobrir os custos operacionais (a taxa de carregamento). A taxa de administração oscila entre 1% e 4% do total investido, sendo que a média é de 2,3% ao ano. A taxa de carregamento pode variar de 0,5% a 10% de cada aplicação. Sua média, atualmente, é de 3,3%. Os planos de previdência também podem cobrar uma taxa de saída, que incide sobre os valores resgatados e, na maioria das vezes, é de 0,38% sobre o montante resgatado. "Juntas, essas três taxas, mais o imposto de renda sobre os rendimentos ou sobre o total resgatado, que oscila de 10% a 35%, podem corroer a rentabilidade do plano", diz Marcelo D'Agosto, consultor da Investmate, consultoria especializada em finanças pessoais, de São Paulo. Como a previdência privada é uma aplicação de longo prazo por excelência, vale muito a pena procurar as menores taxas: a diferença é brutal depois de 15 ou 20 anos. Por exemplo, o investidor que tiver 1 milhão de reais aplicado vai pagar aproximadamente 10 000 reais por ano a mais a cada ponto percentual suplementar de taxas cobrado pelo banco.

"Capitalização é um péssimo negócio"
Um cliente que precise elevar seu limite de cheque especial pode ser "convidado" a comprar um título de capitalização para oferecer "reciprocidade" ao banco. "Os títulos de capitalização são a pior besteira que você pode fazer com seu dinheiro", diz o professor Rafael Paschoarelli. A capitalização mistura poupança com loteria, em que o investidor tem a chance de ganhar prêmios em dinheiro sorteados entre os clientes. "A capitalização é um investimento ruim e um jogo ineficiente, pois quem administra essa loteria cobra caro", afirma Paschoarelli. "É melhor arriscar na Megasena."

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