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Quem é William Li, o Elon Musk chinês que desafia a Tesla (TSLA34) com a Nio

A empresa chinesa já vendeu cerca de 25 mil carros elétricos no segundo trimestre do ano, ante os 32.165 comercializados pela montadora americana

Loja da chinesa Nio (Nio/Exame)

Loja da chinesa Nio (Nio/Exame)

Quando se fala em uma possível "Tesla (TSLA34) chinesa", todo mundo pensa logo na BYD, empresa automotiva de Shenzhen onde até Warren Buffett investiu em 2008.

Entretanto, existe outro grande rival asiático da Tesla, que poderia ser até mais perigoso para as ambições globais da fabricante de carros elétricos liderada por Elon Musk: a Nio.

Fundada e liderada por William Li, executivo de 48 anos, a Nio comercializou cerca de 25 mil carros elétricos no segundo trimestre do ano, ante os 32.165 vendidos pela Tesla.

Não por acaso, na China, Li é chamado de "Elon Musk chinês". E em 2017 ele chegou a declarar que "Sim, a Telsa é nossa rival no mercado".

Um mercado disputadíssimo e gigantesco: a previsão é que 2022 acabe com 2 milhões de veículos elétricos vendidos na China, chegando em 6,2 milhões em 2025, segundo a Bloomberg.

Elon Musk chinês com origens humildes (e um diploma em sociologia)

Nascido em 1974 em um sítio na província de Anhui, perto de Xangai, Li vem de uma família de camponeses.

Seu nome real é Li Bin. O William foi acrescentado após se formar em sociologia, informática e direito na renomada Universidade de Pequim.

Para garantir o sustento do filho durante os estudos, seus pais começaram a juntar dinheiro quando Li era ainda um bebê.

Hoje, a ambição desse executivo que veio do nada se tornou global. Típica de um líder da indústria chinesa.

Em 1996, com apenas 21 anos, fundou sua primeira startup na área da tecnologia da informação.

Em 2000 lançou a Bitauto, fornecedora de conteúdo web e marketing para a indústria automobilística chinesa, que estava prestes a conhecer um crescimento explosivo.

Vendeu a empresa em 2013 obtendo US$ 1 bilhão, capital com o qual o ano seguinte fundou sua própria montadora de veículos elétricos que conseguiu listar em Wall Street em 2018.

Entretanto, para criar uma montadora do zero, especialmente de carros elétricos, são necessários enormes volumes de capital.

Li decidiu então aproveitar bem os contatos acumulados ao longo dos anos da Bitauto. E os "amigos" que financiaram o começo da Nio foram gigantes da tecnologia chinesa do calibre da Tencent, Baidu e Lenovo.

Nio no exterior, Weilai na China

Nio é o nome escolhido para a montadora em suas operações no exterior. Na China a marca chama-se Weilai, que significa "futuro brilhante", mas que também tem a assonância com as palavras que identificam um céu claro e limpo.

Uma imagem adequada para uma empresa que quer livrar o mundo dos gases de escape dos carros a combustão.

A Nio tem sua sede em Xangai, uma fábrica nas proximidades de Hefei com 2,3 funcionários e 310 robôs para uma linha de montagem de alta tecnologia.

Sua capacidade produtiva é de cem mil carros elétricos por ano.

Atualmente, a rival chinesa da Tesla já comercializou seis modelos no segmento de SUVs premium.

Seu faturamento aumentou 122% em 2021, com uma margem bruta de 18,9%. Entretanto, a empresa continua no prejuízo, e a promessa de Li é chegar ao equilíbrio das contas até 2024.

Apresentações pirotécnicas de novos modelos

William Li gosta de apresentações pirotécnicas para a estreia de seus veículos elétricos.

Para ter uma ideia, em 2016, o lançamento do primeiro carro modelo da Nio, o EP9, aconteceu na Saatchi Gallery em Londres, uma refinada galera de obras de arte.

As primeiras seis unidades foram vendidas por US$ 3 milhões cada uma para investidores do mercado financeiro londrino.

Outro episódio icônico ocorreu quando um EP9 quebrou o recorde de velocidade dando voltas na pista do Nurburgring, na Alemanha.

Li quer que seus carros sejam elétricos e, ao mesmo tempo, ultrarrápidos. Não por acaso, é patrocinador de uma equipe no campeonato mundial de Fórmula E.

Mas o objetivo do empresário é se tornar referência no mercado dos veículos comerciais, distinguindo-se da empresa que considera como concorrente natural: a Tesla.

E para vencer esta corrida, tem um plano claro: os potenciais compradores de carros elétricos devem ser ajudados a superar a "ansiedade provocada por autonomia e pelo reabastecimento”.

Como carregar um carro elétrico de forma rápida e prática?

Hoje, na maioria das cidades do mundo, os pontos de carregamento elétrico são verdadeiros oásis no deserto.

Além disso, para conseguir carregar completamente as baterias de arros elétricos é necessária mais de 1 hora.

A Nio está tentando resolver o problema não mais carregando e sim trocando rapidamente a bateria.

Por isso lançou as “Nio House”, um serviço de assinatura onde a empresa instala estações para a substituição da bateria diretamente na casa do cliente. Tempo necessário para a troca: 5 minutos e 100% automatizado.

Já existem mais de 500 pontos equipados para esse serviço na rede de autoestradas chinesas, com capacidade de trocar 20 mil baterias por dia. Outros 4 mil pontos de substituição estão sendo planejados nos próximos meses.

A autonomia dos carros elétricos da Nio já está por volta de 500-600 quilômetros. Mas a empresa está trabalhando para superar os mil, com um batalhão de 400 engenheiros que estão desenvolvendo uma bateria de 800 volts. O dobro da potência das atuais baterias montadas na maioria dos carros elétricos do mundo.

Com esses números e esses projetos, o mercado já se pergunta como essa corrida entre a Nio e a Tesla vai acabar. Considerando a determinação em vencer dos chineses, cada vez mais gente está olhando para eles como os vencedores dessa "guerra dos carros elétricos".

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