Volkswagen estuda transferir suas plantas por causa da crise do gás na Europa
A montadora tem fábricas na Alemanha, República Checa e Eslováquia, alguns dos países europeus mais dependentes do gás russo
Carlo Cauti
Publicado em 23 de setembro de 2022 às 18h07.
Última atualização em 23 de setembro de 2022 às 18h41.
A Volkswagen, maior montadora de carros da Europa, está avaliando como enfrentar a escassez de gás natural que está deixando insustentável a produção de veículos.
Entre as hipóteses, o gigante alemão estaria estudando deslocar no médio prazo a produção de suas fábricas em outros países. Uma demonstração clara de como a crise energética desencadeada pela invasão russa da Ucrânia se tornou uma ameaça para a indústria europeia.
A empresa tem suas fábricas na Alemanha, República Checa e Eslováquia, entre os países europeus mais dependentes do gás russo.
"Como alternativas de médio prazo, estamos focando em maior realocação de capacidade ou alternativas técnicas", informou Geng Wu, gerente de compras da Volkswagen, em comunicado.
A decisão da Rússia de reduzir o fornecimento de gás para a Europa levantou preocupações de que a Alemanha possa ser forçada a racionar combustível. As notícias recentes de que os níveis de armazenamento de gás atingiram 90% mais cedo do que o esperado reduziram os temores de escassez aguda neste inverno, mas a Alemanha enfrenta o desafio de reabastecer as reservas esgotadas no próximo verão sem a contribuição da Rússia.
O sudoeste da Europa ou as áreas costeiras do norte do Velho Continente, onde existe um melhor acesso a cargas de gás natural liquefeito (GNL) por mar, podem ser os beneficiários de eventuais mudanças de produção.
Mudança para outros países europeus onde há fábricas da Volkswagen
O grupo Volkswagen já opera fábricas de automóveis em Portugal, Espanha e Bélgica, que abrigam terminais de GNL e que poderiam ser os países onde a montadora alemã deslocaria suas produções.
Entretanto, qualquer mudança de produção da maior economia europeia enfrentaria obstáculos significativos. A Volkswagen tem cerca de 295 mil funcionários na Alemanha e os representantes sindicais representam cerca de metade do Conselho da montadora, composto de 20 membros. Portanto, é muito provável que mudança na produção resulte em um número limitado de veículos em vez do fechamento total das fábricas na Europa central e oriental.
Embora tenha esclarecido que fez os "melhores preparativos possíveis" para fazer frente a escassez de gás neste inverno, a Volkswagen salientou estar preocupada com o efeito que os altos preços do gás podem ter sobre os fornecedores.
"Os políticos também devem conter a explosão dos preços”, explicou Thomas Steg, gerente de relações externas da Volkswagen, "Caso contrário, as pequenas e médias empresas particularmente intensivas em energia terão grandes problemas na cadeia de abastecimento e terão de reduzir ou interromper a produção".