Salão do vinho: evento acontece anualmente no balneário uruguaio (Tim Martin/Getty Images)
Não é um momento fácil para os investidores do mundo todo. Com juros em alta, inflação fora de controle e guerra na Ucrânia, as Bolsas de Valores estão sofrendo.
Nos últimos 12 meses, o S&P 500, principal índice dos EUA, perdeu 14,51%, os títulos da dívida global perderam 20% de seu valor de face e até o ouro, considerado o porto seguro por excelência nos momentos mais difíceis, perdeu -5,3%.
Por isso, os investidores estão cada vez mais de olho em alternativas mais rentáveis, e uma delas são os vinhos finos. Com retornos cada vez mais interessantes.
As tendências confirmam que os vinhos finos são uma alternativa de investimento capaz de equilibrar a oscilação do mercado. Um relatório recente do Credit Suisse em colaboração com a Deloitte Private, que analisa as perspectivas de cobrança em mercados incertos, indica os vinhos finos como ativos moderadamente voláteis, assim como os carros clássicos, nos mesmos moldes de títulos da dívida e fundos de hedge.
O Liv-ex 1000, benchmark do mercado secundário global, registrou uma alta de 11,7% entre agosto de 2021 e agosto deste ano.
Em um prazo mais longo, de 2004 até hoje, o Liv-ex aumentou quase 5 vezes seu valor, em um crescendo constante.
O Liv-ex 1000 é considerado a medida mais ampla do mercado, sendo composto por mil vinhos do mundo todo, nos mesmos moldes da composição de índices como o S&P 500 e o FTSE 100.
O índice Liv-ex 1000 é medido em libra esterlina, e a fraqueza da moeda britânica acabou empurrando os preços para cima. Uma situação que já havia ocorrido em 2017, quando, paradoxalmente, o mercado do vinho recebeu um impulso considerável pelo Brexit.
O Liv-ex 1000 reflete a tendência do preço médio de negociação de 600 compradores mundiais. Um mercado enorme, dominado durante muitos anos pelos famosos vinhos franceses, aos quais se juntaram gradualmente marcas de prestígio de outros países do mundo.
O mercado está em grande efervescência e novidades estão surgindo com foco principalmente nos subíndices.
Entre as mudanças, pela primeira vez o Borgonha ultrapassou o Bordeaux - historicamente protagonista do índice - como o vinho fino mais negociado.
Os Supertuscans das safras 2016 e 2017 estiveram entre os melhores vinhos do índice Liv-ex 100 em agosto, com destaque para os vinhos:
Continua o rali do Champagne 50, que desde o ano passado está em alta, com suas cotações subindo 2,1% somente em agosto.
Perrier Jouët Belle Epoque 2012, Dom Pérignon 2005 e Louis Roederer Cristal 2013 foram os maiores da região.
Os vinhos espanhóis e californianos ajudaram a derrubar o índice Resto do Mundo 60, que registrou -2,2%, o único com sinal negativo. Sinal que, diferente das ações "tradicionais", o investimento em vinhos depende muito do gosto de cada investidor.