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Vale supera BHP e Rio Tinto em renda fixa com lucro recorde

Mineradora brasileira deve conseguir implementar seu plano de investimentos de US$24 bilhões sem aumentar seu nível de endividamento

Planta de Carajás: mina sustentou a expansão da produção de minério de ferro (Divulgação/Agência Vale)

Planta de Carajás: mina sustentou a expansão da produção de minério de ferro (Divulgação/Agência Vale)

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Da Redação

Publicado em 19 de maio de 2011 às 14h06.

Londres/Nova York - A Vale SA, maior produtora mundial de minério de ferro, está ganhando de BHP Billiton Ltd. e Rio Tinto Group no mercado de renda fixa. Para analistas, o lucro recorde da Vale vai permitir que a empresa faça investimentos sem aumentar o endividamento.

Os títulos em dólares da Vale com vencimento em 2019 tiveram uma rentabilidade de 2,2 por cento desde 27 de outubro, quando a mineradora divulgou lucro líquido de R$ 10,6 bilhões no 3º trimestre. Com isso, a rentabilidade acumulada pelos papéis este ano aumentou para 17,4 por cento, de acordo com dados da Bloomberg.

Os bônus da Rio Tinto tiveram uma rentabilidade de 1,5 por cento desde 27 de outubro e os da BHP, 1,3 por cento.

A Vale tem caixa suficiente para tocar o programa de investimento de US$ 24 bilhões sem elevar o nível de endividamento, disse Christopher Buck, analista de dívida corporativa do Barclays Plc. O presidente da companhia, Roger Agnelli, disse que o plano de investimento será recorde para o setor de mineração.

A Vale tinha dívida líquida de US$ 15,5 bilhões no fim de setembro, contra US$ 8,1 bilhões um ano antes.

“Parece que a empresa quer operar com um pouco menos de alavancagem do que tem agora”, disse Buck numa entrevista por telefone de Nova York. Isso “deve ser positivo para os bônus.”

A valorização nos títulos da Vale com cupom 5,625 por cento desde 27 de outubro se compara a uma rentabilidade de 1,2 por cento para os bônus corporativos do Brasil e de 0,9 por cento para os de mercados emergentes, de acordo com os índices CEMBI do JPMorgan Chase & Co.


A Vale planeja financiar seu plano de investimento com a geração de caixa e só vai acessar o mercado de títulos se perceber uma oportunidade para reduzir os pagamentos de juros ou estender o prazo da dívida, disse o diretor financeiro Guilherme Cavalcanti numa entrevista em 20 de outubro.

Otimismo

“A não-emissão de novos títulos é um fator de otimismo para a dívida da Vale”, de acordo com Eduardo Suarez, estrategista de mercados emergentes da RBC Capital Markets em Toronto. “Há um prêmio de escassez para empresas que têm menos dívida enquanto o risco de oferta coloca pressão sobre os spreads.”

A Vale emitiu US$ 2,78 bilhões em títulos no mercado internacional este ano, a maior quantia para uma empresa brasileira, segundo dados compilados pela Bloomberg.

A empresa também vai usar linhas de crédito do Export- Import Bank of China, do Bank of China Ltd., do Export Development Canada e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social para financiar parte do programa de investimento, afirmou Cavalcanti.

“A Vale pode reduzir o peso da dívida fazendo uma oferta pelos títulos de curto prazo e estendo seu perfil de vencimentos com papéis mais novos e mais baratos”, disse Gonzalo Borja, que administra cerca de 500 milhões de euros (US$ 710 milhões) em ativos de renda fixa, incluindo bônus da Vale, na Clariden Leu em Zurique. “Eles podem seguir a tendência recente do mercado de títulos corporativos, na qual as empresas estão aproveitando os níveis de rendimento historicamente baixos para substituir papéis de curto prazo.”

Ruban Yogarajah, porta-voz da BHP em Londres, não quis fazer comentários para esta reportagem. O porta-voz da Rio Tinto, Tony Shaffer, também em Londres, se recusou a comentar. A assessoria de imprensa da Vale disse que a empresa não tinha comentários.

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