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Troca de marcha: EcoRodovias e CCR puxam altas do Ibovespa, mas juros podem travar avanço

Analistas do Credit Suisse e do Itaú BBA revêm teses de investimentos e chamam a atenção para a alavancagem das companhias no curto prazo

Rodovias: inflação, que afetou os custos de construção, é outro fator a ser observado (Paulo Fridman/Getty Images)

Rodovias: inflação, que afetou os custos de construção, é outro fator a ser observado (Paulo Fridman/Getty Images)

Em 2022, as administradoras de rodovias EcoRodovias (ECOR3) e CCR (CCRO3) fizeram importantes movimentos para adequar e ampliar seus portfólios. "Agora, o que deve vir em 2023?", pergunta a equipe do Credit Suisse.

Em novo relatório, o banco atualizou suas projeções para os dois papéis, mantendo recomendação de compra para ambos, mas dando preferência para as ações da CCR, com preço-alvo de R$ 15,50. Já o preço-alvo para a ação da EcoRodovias ficou em R$ 6,50. Nesta terça-feira, os papéis das duas companhias valorizaram e ficaram entre as maiores altas do Ibovespa: a CCRO3 subia 4,08% nos minutos finais do pregão, encerrando a R$ 11,48, enquanto a ECOR3 avançava 6,70%, para R$ 4,26. 

A EcoRodovias também teve sua tese de investimentos revisitada pelos analistas do Itaú BBA, com recomendação neutra e preço-alvo de R$ 5,50. Com uma visão mais conservadora do que a do banco europeu, a equipe do Itaú BBA diz que o papel tem uma taxa interna de retorno atraente, em cerca de 18%, mas alguns pontos levam a um olhar mais cético, como a alta alavancagem em 4,6 vezes e a falta de alavancas capazes de melhorar o negócio no curto prazo.

Taxa de juro e inflação

Para os analistas do Credit Suisse, é importante observar as taxas de juro e a inflação de capex, ou seja, de investimentos nos ativos."Estas duas variáveis aumentaram de forma muito significativa no último ano. Há dúvidas agora sobre se eles continuarão em uma tendência ascendente ou se reverterão o curso", observam os analistas.

As taxas de juro desempenham um papel duplo. Rodovias com pedágio são ativos semelhantes a títulos — elas não repassam o custo de capital mais alto por meio de tarifas — portanto, são particularmente sensíveis a mudanças nas taxas de desconto.

Além disso, aumentam alavancagem à medida que alocam capital e executam o trabalho de construção exigido pelos contratos de concessão. Essa alavancagem fica mais cara com taxas de juro mais altas. Nesse caso, a EcoRodovias é particularmente mais afetada pelas taxas de juro altas devido à maior alavancagem de 4,6 vezes (CCR tem alavancagem de 2,8 vezes) e ao ciclo de investimento mais substancial à frente.

Por essa razão, a equipe do Itaú BBA se diz menos otimista com a ação da EcoRodovias. Embora vejam o papel como um "bom nome para surfar" a tendência de reversão de ciclo, isso ainda não deve ser obtido no curto prazo, segundo eles. "Dadas as grandes incertezas que persistem em torno do cenário macro, acreditamos que é muito cedo para ficarmos otimistas", escrevem.

Outro fator observado pela Credit Suisse é a inflação, que afetou os custos de construção. "Os custos das matérias-primas aumentaram substancialmente, aumentando os compromissos de capex exigidos tanto pela CCR quanto pela ECOR. Esse ainda é um risco a ser monitorado daqui para a frente, principalmente considerando o momento do ciclo de investimentos em que ambas as empresas se encontram", escrevem os analistas do banco suíço.

Esse risco é particularmente mais relevante para EcoRodovias, segundo eles, que estimam R$ 42 bilhões de capex em termos reais a serem realizados até 2056. "Em comparação com um valor de mercado atual de R$ 2,8 bilhões, é fácil ver como a inflação capex pode ser um motor para as ações. Para CCR, estimamos R$ 36 bilhões de capex, ante R$ 22,3bilhões de valor de mercado, então é menos dramático." Para as tarifas, o reajuste é calculado a partir do IPCA, o que deixa as empresas mais expostas, mas elas podem se beneficiar caso o índice de preço ao consumidor se converge com a inflação da construção.

"Embora reconheçamos que o ECOR oferece mais potencial de valorização em nosso caso base, continuamos a preferir o CCR devido a um perfil de risco-retorno mais equilibrado, considerando que é menos alavancado por incertezas macro", argumentam os analistas do Credit Suisse.

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