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Temor de recessão deve fazer empresas dos EUA terem menor lucro desde 2020

Resultados da temporada de balanços do segundo trimestre caminham para ser os piores em quase dois anos

Wall Street, em Nova York: empresas têm sinalizado projeção negativa para o lucro no segundo trimestre (Alexander Spatari/Getty Images)

Wall Street, em Nova York: empresas têm sinalizado projeção negativa para o lucro no segundo trimestre (Alexander Spatari/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 10 de julho de 2022 às 08h35.

Última atualização em 10 de julho de 2022 às 08h36.

As empresas de capital aberto nos Estados Unidos devem entregar o menor crescimento de lucros no 2.º trimestre desde o fim de 2020, em meio ao temor de uma recessão à vista.

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Além de cristalizar o efeito da subida de juros para controlar a disparada de preços no país, os resultados do período podem se tornar um desafio para o desempenho futuro das ações em Wall Street, segundo analistas consultados pelo Estadão/Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

A temporada de balanços nos Estados Unidos tem início nesta semana, com gigantes do setor financeiro como Citigroup, JPMorgan, Wells Fargo e Morgan Stanley revelando seus números do período. Além dos grandes bancos, a PepsiCo, de alimentos e bebidas, também puxa a fila.

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O lucro das empresas do S&P 500, que reúne as 500 maiores companhias listadas nos EUA, deve apresentar expansão de 4,1% no 2.º trimestre, de acordo com estimativa revisada para baixo da norte-americana FactSet. Antes, a previsão era de alta de 5,9%.

Será, assim, o menor crescimento de lucros reportado pelo índice desde o quarto trimestre de 2020, quando o avanço registrado foi de 3,8%, e as economias foram impactadas pelos bloqueios implementados para conter a pandemia da covid-19.

"Seis dos 11 setores (do S&P 500) devem relatar crescimento de lucros no trimestre, liderados pelos setores de energia, indústria e commodities", diz o vice-presidente e analista sênior de resultados da FacSet, John Butters. "Mas espera-se que cinco segmentos tenham uma queda nos lucros, puxados pelo setor financeiro."

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Em termos de receitas, contudo, os analistas seguem otimistas. A estimativa da FacSet aponta para um aumento de 10,1% no segundo trimestre frente um ano antes, contra uma projeção anterior mais tímida, de avanço de 9,6%.

Alta do juro, para conter inflação, se reflete em Wall Street

Os resultados dos balanços do 2.º trimestre são vistos como um dos principais gatilhos para o desempenho futuro das ações das companhias listadas nos Estados Unidos, na opinião de bancos em Wall Street e consultorias econômicas. No entanto, diante de uma inflação persistente e o risco de uma recessão a reboque, o horizonte não é dos melhores.

"Embora o crescimento da receita deva permanecer relativamente saudável, vemos decepção frente ao consenso sobre as perspectivas para as margens de lucro", diz o diretor global de estratégia de ações da Oxford Economics, Daniel Grosvenor.

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De acordo com o Morgan Stanley, as estimativas de ganhos para o S&P 500 e o Nasdaq 100, que reúne as cem maiores empresas não financeiras da bolsa de tecnologia, estão 20% acima das vistas após a grande crise financeira de 2009.

"Vários sinais importantes apontam para uma desaceleração das expectativas de lucros futuros nos próximos meses a partir desses níveis elevados", afirma a equipe de análises financeiras do banco norte-americano.

As próprias empresas já estão sinalizando uma projeção negativa para o lucro por ação no 2.º trimestre e no fechamento de 2022.

Das mais de 100 empresas que forneceram uma orientação para o intervalo de abril a junho, 71 foram negativas e 32, positivas.

"De fato, o 2.º trimestre tem o maior número de empresas do S&P 500 emitindo orientação de lucro por ação negativo para um trimestre desde o 4.º trimestre de 2019", observa Butters, da FacSet.

Aperto

Além do cenário macro, as sinalizações negativas para o 2.º trimestre têm como pano de fundo ainda fortes perdas em Wall Street.

Com o aperto monetário mais intenso nos Estados Unidos, diante da maior inflação em quatro décadas, cresce o temor de que a maior economia do mundo enfrente uma recessão em breve, o que afeta o apetite de risco em Wall Street.

Como consequência, o S&P 500 teve na primeira metade do ano o seu pior semestre desde 1970, quando a inflação também assombrava os Estados Unidos.

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