Papéis da TAM recuam vitimados pela crise internacional; segundo relatório de hoje da Anac, empresa perde espaço também dentro do Brasil (.)
Da Redação
Publicado em 14 de julho de 2010 às 18h18.
São Paulo - Num ano em que a aviação civil é destaque dentro do ambiente de otimismo econômico, atraindo cada vez mais passageiros, a companhia aérea líder de mercado TAM (TAMM4) parece estar perdendo o ritmo de decolagem dos números do setor. Desde janeiro, suas ações se desvalorizaram em 22,5%, enquanto os papéis da sua principal concorrente, a Gol Linhas Aéreas (GOLL4), caíram apenas 7,5%, em linha com a queda do Ibovespa. A empresa também perdeu 5% de sua fatia de mercado em relação ao ano passado, segundo dados da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) divulgados nesta quarta-feira (14).
O principal algoz da TAM vem de céus estrangeiros, de acordo com o analista do setor aéreo Edigimar Maximiliano, da Bradesco Corretora. A vulnerabilidade ao cenário internacional seria a fonte da aversão dos investidores, uma vez que a empresa é principal fornecedora de vôos internacionais no Brasil. "A demanda de voos para fora do Brasil sofreu muito no primeiro semestre e só mostrou reação nos últimos dois meses. A TAM sofreu esse baque", explica.
Os números pessimistas, porém, devem ser superados em breve, pondera Maximiliano, diante da expectativa de crescimento geral para o setor. "O futuro dos papéis é promissor, refletindo a demanda doméstica forte, e deve levar as duas principais líderes de mercado para um terreno otimista", diz.
No caso da Gol, as boas notícias refletem um momento positivo da empresa na percepção dos mercados, influenciado diretamente pela integração de operações com a Varig e pela reafirmação como opção de baixo custo para os clientes. "A mudança fez a empresa se desfazer da antiga visão negativa e dar um salto à frente da TAM na preferência dos investidores", explica Maximiliano.
Outro fator que pode ajudar na retração dos papéis da TAM seria a forte alta sofrida pelas ações no fim de 2009, como reflexo da oferta de ações de sua subsidiária Multiplus (MULT3), que estaria causando uma ressaca negativa nos papéis da empresa, diz o analista Felipe Rocha, da Link Investimentos. "Além deste eco, os resultados abaixo das expectativas do mercado para o primeiro trimestre pesaram nas ações", aponta Rocha.
Segundo o relatório da ANAC, a TAM foi a mais afetada pelo avanço das pequenas companhias aéreas como a Azul, Webjet e Trip, com queda no desempenho acumulado de passageiros transportados no primeiro semestre, enquanto a Gol manteve números praticamente estáveis no período: 40,69% até junho, ante 40,66% no ano passado.
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