Sede do SoftBank no Japão, empresa que voltou a registrar lucro trimestral após um período de retração estratégica. (Yuichi Yamazaki / Colaborador/Getty Images)
Redator na Exame
Publicado em 12 de novembro de 2024 às 07h00.
Última atualização em 12 de novembro de 2024 às 17h57.
O conglomerado japonês SoftBank Group surpreendeu o mercado ao registrar um lucro líquido de 1,18 trilhões de ienes (US$ 7,7 bilhões - cerca de R$ 44,31 bilhões) no trimestre encerrado em setembro. Este resultado não apenas superou a expectativa média de 287 bilhões de ienes (R$ 9,78 bilhões) calculada por analistas da LSEG, mas também marcou uma virada significativa em relação ao prejuízo de 931 bilhões de ienes (R$ 34,82 bilhões) no mesmo período do ano passado. O desempenho reflete uma recuperação no valor das ações das empresas listadas nas carteiras dos fundos de investimento Vision Fund da SoftBank, sinalizando os primeiros frutos de uma estratégia mais cautelosa adotada pela companhia.
Segundo o Financial Times, a recuperação nas operações da SoftBank representa uma mudança estratégica. Após um período de perdas substanciais motivadas pela queda no valor de startups de crescimento acelerado – devido principalmente aos aumentos de taxas de juros – a empresa optou por adotar uma postura mais conservadora. Algumas dessas companhias começam a ver uma valorização nos últimos meses, com o Vision Fund reportando um ganho de 608 bilhões de ienes (R$ 22,74 bilhões) neste trimestre.
Yoshimitsu Goto, diretor financeiro da SoftBank, destacou em entrevista que a abordagem mais prudente adotada recentemente vem trazendo resultados positivos. “Após enfrentarmos grandes perdas nos fundos Vision, fomos muito conservadores. Agora, conseguimos gerar bons lucros como resultado desse aprendizado”, afirmou. Goto também demonstrou otimismo com empresas no portfólio que estão próximas de abrir capital, o que poderá reforçar ainda mais os ganhos da SoftBank.
Entre as operações mais significativas do trimestre, a SoftBank e seus fundos Vision realizaram saídas completas ou parciais de investimentos totalizando US$ 1,85 bilhão (R$ 10,65 bilhões), incluindo as vendas da participação na empresa de inteligência artificial chinesa SenseTime e na plataforma de pagamentos indiana PayTm. Essas transações acontecem em um cenário onde oportunidades para monetizar holdings têm sido escassas, devido ao mercado de IPOs ainda tímido, com exceção do IPO da Arm, fabricante de chips, realizado em setembro de 2023.
Dois destaques deste trimestre foram a gigante chinesa de transporte Didi e a sul-coreana de e-commerce Coupang, que impulsionaram o Vision Fund 1 a registrar ganhos de US$ 5,7 bilhões (R$ 32,8 bilhões). No entanto, o Vision Fund 2, focado em startups em estágio inicial, sofreu uma perda de US$ 1,7 bilhão (R$ 9,78 bilhões), refletindo o desafio contínuo de obter retornos consistentes. Desde o início, o Vision Fund 1 acumulou um ganho bruto de US$ 22,6 bilhões (R$ 130 bilhões), enquanto o Vision Fund 2 registrou perdas acumuladas de US$ 21 bilhões (R$ 120,84 bilhões).
Além disso, a SoftBank contabilizou um ganho de 566 bilhões de ienes (R$ 21,17 bilhões) com sua participação na T-Mobile, consolidando os resultados do semestre fiscal. Outro fator positivo foi a recuperação do iene frente ao dólar, o que gerou um ganho adicional de 289 bilhões de ienes (R$ 10,81 bilhões), pois a empresa conseguiu financiar dívidas em dólares de forma mais vantajosa.