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"Se Lula indicar nome pior que Galípolo para o BC, o mercado entrará em pânico", diz Marilia Fontes

Sócia-fundadora da Nord diz que "risco é real" e não vê espaço para Copom voltar a cortar juros neste ano

Marilia Fontes, sócia-fundadora da Nord Research: "acho difícil o próximo ciclo de queda ser neste ano"  (Youtube/Exame/Exame)

Marilia Fontes, sócia-fundadora da Nord Research: "acho difícil o próximo ciclo de queda ser neste ano" (Youtube/Exame/Exame)

Publicado em 21 de junho de 2024 às 15h03.

Última atualização em 21 de junho de 2024 às 15h15.

As últimas declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva elevaram as preocupações no mercado de que o Banco Central se curvará aos desejos do governo a partir do ano que vem, quando poderá escolher um novo comandante para a instituição e seus indicados formarão a maioria no Comitê de Política Monetária (Copom). Lula já afirmou querer um presidente do Banco Central que "não se submeta às pressões do mercado". Gabriel Galípolo, que entrou para o Copom após ser nomeado por Lula no ano passado, é o favorito para o cargo. Mas seu voto pela criticada decisão de não cortar a Selic nesta semana suscitou questionamentos sobre se ele seria mesmo o escolhido. Um nome mais heterodoxo para chefiar o BC, no entanto, pode ser um erro fatal para o governo. Isso é o que afirma Marilia Fontes, sócia-fundadora da Nord Research.

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"Se tiram o Galípolo [do páreo pela presidência do BC], ou colocam alguém melhor, ou o mercado imediatamente irá entrar em modo pânico, que foi o que aconteceu entre 2015 e 2016 e o que culminou, algum tempo depois, no impeachment da Dilma [Rousseff]. Então, eu acho que ir por esse caminho é assinar um atestado de saída", disse Fontes em entrevista ao programa Vozes do Mercado, da Exame Invest.

Embora reconheça que esse seja um "risco real", dadas as declarações do Lula, a economista espera que o pior cenário não se concretize. "Até recentemente, o câmbio depreciou e os juros [futuros] começaram a subir, o governo já sinalizou um plano de equilíbrio fiscal para o Congresso. O governo é sensível, de certa forma, às coisas que acontecem no mercado." Essa sensibilidade, diz Fontes, é justificada pela necessidade de ter investidores para rolar a dívida do Tesouro. "Ir contra o mercado significa, obrigatoriamente, fechar a máquina pública."

Fontes avalia que o início dos cortes de juros nos Estados Unidos pode ajudar o BC a retomar o ciclo de queda no Brasil. Mas a economista pontua que, sem um ajuste fiscal, pode não haver espaço para a Selic voltar a cair. "É um governo que historicamente trabalha no limite que o mercado permite. Então, dificilmente vão pecar pelo excesso de zelo fiscal. Na dúvida, vai gastar mais do que a gente gostaria. Nesse contexto, acho difícil o próximo ciclo de queda ser neste ano. Se os EUA diminuírem a taxa de juros, talvez o governo use esse espaço para ser menos austero no fiscal em vez de permitir o BC cortar juros."

Bolsas de valores

Apesar dos riscos internos, a sócia-fundadora da Nord acredita que o início dos cortes de juros nos Estados Unidos pode contribuir com a entrada de estrangeiros na bolsa brasileira. As principais vantagens, afirma, são o nível "baixíssimo" dos múltiplos e a posição do Brasil em relação a outros emergentes. "Não sobraram tantos no páreo. O México está ficando complicado, Rússia já era, China ninguém quer investir e Índia está extremamente cara. Tem poucos emergentes e o Brasil acho que é uma excelente escolha."

A visão de Fontes é um pouco diferente em relação à bolsa americana, que vem operando próximo das máximas históricas. "Eu acho que estão muito caras. Os investidores do mundo todo estão investindo nos Estados Unidos, em juros e em bolsa, já que é a única (junto com a da Índia) que está subindo. Então, para justificar os preços, têm que ser um céu de brigadeiro." As melhores oportunidades no mercado americano, diz, devem estar fora do grupo das Sete Magníficas (Microsoft, Apple, Nvidia, Alphabet, Amazon, Meta e Tesla). Há boas oportunidades, segundo Fontes, em empresas menores, que deverão ser beneficiadas pelo ciclo de queda de juros. "O mercado estava muito pessimista com a inflação americana. Acho que vão virar para muito otimista."

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