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Santander vê mercado ‘difícil de operar’ após rali

Indústria de fundos ficou otimista “sem convicção”, o que traz uma ameaça de piora rápida dos mercados

Massagão, do Santander: mercado de juros futuros, que já precifica a Selic abaixo de 10% em 2024, “não está tão óbvio” (Germano Lüders/Exame)
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 21 de junho de 2023 às 17h08.

Última atualização em 21 de junho de 2023 às 20h09.

A maior parte dos ativos brasileiros já teve grande valorização e agora há um espaço menor para uma melhora adicional, diz Luiz Masagão, diretor de tesouraria do Santander. Para ele, a indústria de fundos ficou otimista “sem convicção”, o que traz uma ameaça de piora rápida dos mercados.

“Não tem mais quase prêmio nenhum, está difícil de operar”, afirma Masagão, em entrevista. “O cenário está mais otimista, então o mercado se antecipou, comprou e colocou quase tudo no preço. Já tem muito corte na curva.”

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O mercado de juros futuros, que já precifica a Selic abaixo de 10% em 2024, “não está tão óbvio” para manter posições que se beneficiam de uma queda das taxas, diz Masagão.

Segundo ele, o Copom pode indicar corte em agosto no comunicado desta reunião diante da melhora da inflação e do início da reancoragem das expectativas. Entretanto, o comitê não iniciará o processo de corte com “velocidade acelerada”.

Ele afirma que um “pedaço grande” da valorização do real já ocorreu, em meio à perspectiva macroeconômica favorável com crescimento forte e fluxo de investimentos. Uma queda adicional do dólar em direção ao patamar de R$ 4,50, porém, segue na mesa em razão do alto nível de estocagem pelos produtores agrícolas.

“Pelo baixo preço das commodities, os produtores preferem não vender tanto assim e a venda futura da super safra ainda está para acontecer”, diz Masagão. “Ainda tem muito dólar para entrar aqui.”

Fundos ‘sem convicção’

A despeito da tendência de melhora do câmbio, Masagão avalia que é difícil manter posições grandes no momento porque há um risco de uma piora rápida dos preços — e a indústria de fundos brasileira é a razão dessa cautela.

“A indústria de fundos está otimista sem convicção, ela pulou no barco otimista porque foi forçada por um mercado que andou no sentido contrário e porque não está com uma performance boa no ano”, diz Masagão.

Ele afirma que os fundos montaram posições a preços não tão bons, o que gera um risco de assimetria: se houver algum evento negativo, pode haver uma saída muito acelerada das posições. “O mercado pode piorar muito mais rápido do que melhorar.”

Segundo ele, os fundos iniciaram o ano pessimistas pela visão com o cenário político e econômico e viram a melhora nos preços se dar com a evolução positiva do ambiente externo e a queda da inflação local. O mercado mais vulnerável nesse sentido seria o de juros futuros, dado seu tamanho e a sua liquidez, avalia.

América Latina

Masagão, que se tornou chefe de mercados de América Latina do Santander em abril, diz que o cenário de pausa do aperto do Federal Reserve traz um viés otimista aos ativos globais e aos mercados da região.

Os ativos latino-americanos se beneficiam em razão dos múltiplos baratos depois do desempenho abaixo da média nos últimos anos. Ele vê um período de médio e longo prazo de maior otimismo para a região em relação a fluxos de investimento.

“O México é um caso muito bom devido ao ‘nearshoring’: é potencial de PIB, é investimento e apreciação do câmbio”, afirma. “Mas lá o mercado tem menos prêmio que o Brasil, a curva tem muito corte e o peso mexicano está melhor do que no pré-pandemia.”

Segundo ele, a hora é de apostar no peso chileno em meio às intervenções do banco central do país para comprar dólar, enquanto a Colômbia tem os ativos com o maior risco da região em meio à incerteza doméstica.

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