A Rússia está queimando toneladas de gás natural na fronteira com a Finlândia.
A informação foi divulgada nesta sexta-feira, 26, pela rede britânica BBC, que mostrou uma foto realizada por um cidadão finlandês na fronteira com a Rússia, perto da estação de compressão de Portovaya, onde o gás natural chega da Sibéria do Norte.
Segundo a BBC, a Rússia estaria queimando gás por um valor equivalente a 10 milhões de euros (cerca de R$ 51 milhões) por dia.
Não é claro se a queima do gás natural é intencional ou consequência de problemas técnicos nessas instalações, dada a ausência de especialistas estrangeiros e peças para as manutenções por causa das sanções contra Moscou.
Rússia usa gás como instrumento de pressão após invasão da Ucrânia
A Rússia reduziu o fluxo de gás fornecido para a Europa para cerca de 10% desde o começo da invasão da Ucrânia. Essa redução provocou uma disparada dos preços e provocou um desabastecimento energético nos países europeus.
Além disso, é normal que essas instalações queimem gás natural, para evitar que o metano forme nuvens explosivas muito perigosas. Isso geralmente acontece devido aos excessos de produto acumulado em refinarias e estações de bombeamento durante os ciclos normais de processamento.
Entretanto, nunca ocorreu uma queima de gás natura quantidades tão elevadas como as registradas na fronteira entre Rússia e Finlândia.
É possível que nos próximos dias esse desperdiço de gás aumente significativamente, dado que a Gazprom, gigante estatal russa do gás, anunciou o bloqueio total dos gasodutos que passam sob o Mar Báltico e chegam à Alemanha.
A justificativa oficial é que é necessário realizar uma manutenção nas instalações. Em situações normais, quando isso acontece, o gás é redirecionado para os clientes finais - os países da Europa Ocidental - por meio de outros gasodutos que atravessam a Europa. Entretanto, dessa vez não está prevista nenhuma compensação.
Preços do gás disparam na Europa
Se de um lado a Rússia está desperdiçando toneladas de gás natural por dia, do outro os preços da energia na Europa não param de subir.
Na Alemanha e na França o custo da energia elétrica bateu novos recordes, respectivamente custando 850 euros e mais de 1.000 euros por megawatt hora (MWh).
Há um ano, os preços nos dois países estavam por volta de 85 euros/MWh.
No Brasil, o preço médio do MWh residencial em São Paulo é de cerca de 74 euros (R$ 380).
A cotação do gás natural na Europa superou mais um recorde, aos 324 euros por megawatt-hora no contrato TTF negociado na Bolsa de Amsterdã, referência europeia para o preço do gás.
Essa alta dos preços da energia na Europa preocupa os governos locais. Custos tão elevados estão provocando fechamentos de muitas empresas, cuja atividade se torna anti-econômica. Além disso, a chegada da temporada fria a partir de setembro vai aumentar o consumo de gás e poderia gerar problemas de desabastecimento.