Resultado misto da Ambev (ABEV3) cai como água no chope para investidores e ações despencam 7%
Fabricante de bebidas reportou na manhã desta quinta-feira o seu balanço do 4T23, com alguns números abaixo do consenso
Repórter de Invest
Publicado em 29 de fevereiro de 2024 às 13h17.
Última atualização em 29 de fevereiro de 2024 às 13h27.
No intradia desta quinta-feira, 29, a maior queda do Ibovespa é da Ambev (ABEV3). Por volta das 13h, os papéis da fabricante de bebidas caiam 7,03%. E a “água no chope” que faz as ações recuarem vem do balanço do quarto trimestre, que trouxe números considerados mistos pelos analistas.
Em relatório, os analistas da Genial Investimentos destacam que a Ambev no 4T23 reportou uma receita fraca e abaixo do que era esperado, mas as margens ficaram acima das projeções. “Vimos um relevante recuo na receita líquida, prejudicada por Argentina (segmento LAS) e Canadá, mas uma importante expansão de margens”, dizem. No período, a companhia contabilizou uma receita de R$ 19,9 bilhões e uma margem Ebitda de 35,8%.
Já o BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME) lembra que outro indicador da Ambev que ficou aquém do esperado foi o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização). No último trimestre de 2023, a companhia apurou R$7,1 bilhões — ou R$6,9 bilhões se normalizado para créditos fiscais não recorrentes no Brasil —, um desempenho 6% abaixo do consenso. “Mesmo excluindo LAS da base de comparação, o Ebitda teria sido 5% inferior. O lucro líquido também ficou abaixo das nossas estimativas em 6,5%, a R$4,4 bilhões”, dizem os analistas.
Por outro lado, para o Itaú BBA o Ebitda da Ambev não foi algo negativo, visto que o número ainda ficou 4% acima da estimativa do banco. Contudo, os analistas frisam que embora as operações no Brasil tenham correspondido às expectativas, os negócios internacionais ficaram defasados no trimestre. “Com a maior parte da perda vindo de efeitos cambiais pontuais relacionados à desvalorização do peso argentino (ARS).”
O que esperar da Ambev (ABEV3) em 2024?
E se de um lado os números reportados no 4T23 não agradaram a todos, a expectativa para a Ambev em 2024 parece ainda menos otimista. O BBA diz que o guidance divulgado pela companhia parece “conservador”. “Isso quando comparado tanto com nossa previsão quanto com o consenso”, dizem os analistas em relatório.
O BTG ainda pontua que a Ambev trouxe uma mensagem menos otimista sobre o custo de vendas da cerveja no Brasil para este ano. “Agora espera-se que diminua entre 0,5-3% a/a. Acreditamos que o consenso esperava algo na faixa de um dígito média a um dígito alto”, dizem. Os analistas ainda destacam que o mix de produtos da companhia foi apontado como um desafio, sendo que a empresa afirmou que “trabalhará para entregar crescimento do Ebitda de vendas e expansão da margem, com um equilíbrio maior entre ganhos de volume e precificação”.
Já a Genial diz que, olhando para os próximos trimestres, está com um viés baixista para as commodities trigo e milho, o que leva os analistas a acreditar que ainda há espaço para novas “pequenas expansões” de margens nos próximos exercícios. “Contudo, em nossa visão, o potencial de crescimento da companhia é limitado, e não identificamos melhorias nos horizontes de curto a médio prazo nos segmentos LAS (América Latina do Sul) e Canadá, além de vermos pouco upside em relação ao preço atual de tela.”