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Ray Dalio deixa o comando da Bridgewater Associates

Um dos maiores fundos de investimento do mundo enfrentou um processo de sucessão da liderança muito complicado

Sócio-fundador da Bridgewater Associates, Ray Dalio (Kimberly White/Getty Images)
CC

Carlo Cauti

Publicado em 4 de outubro de 2022 às 16h52.

Última atualização em 4 de outubro de 2022 às 19h09.

O bilionário investidor americano Ray Dalio, de 73 anos, vai deixar o comando da Bridgewater Associates, um dos maiores fundos de hedge do mundo.

A informação foi divulgada nesta terça-feira, 4, pela própria Bridgewater Associates, em um comunicado.

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Dalio, famoso no Brasil por suas falas e seus livros best-sellers, vai entregar o comando do fundo que criou em 1975—e que hoje gere US$ 150 bilhões—para uma nova geração de investidores.

A participação majoritária de Dalio foi transferida para o conselho, mas o investidor continua sendo um dos acionistas mais “significativos” do fundo de hedge. Ele deixou de ser um dos três codiretores de investimentos e terá um novo cargo dentro da empresa.

O investidor já não era mais CEO da Bridgewater desde 2017, e tinha deixado a presidência da empresa em 2021, limitando-se a orientar o comitê que supervisiona as estratégias de investimento da empresa.

O fundo ficou conhecido por sua cultura de “transparência radical” tanto quanto por seus investimentos, com os funcionários incentivados a desafiar abertamente uns aos outros e as conversas muitas vezes gravadas. A abordagem atraiu críticas e dificuldades de adaptação de alguns funcionários.

Além disso, Dalio tornou a Bridgewater um dos maiores investidores na China, país onde ele goza de muita popularidade, mesmo durante a guerra comercial e as tensões geopolíticas entre Washington e Pequim.

Transição nada fácil na Bridgewater Associates

“A sucessão de Ray na Bridgewater está feita!”, escreveram em um e-mail aos funcionários os co-presidentes Nir Bar Dea e Mark Bertolini, “Esse processo não foi fácil e nem sempre concordamos, mas, juntos, agora concluímos algo que pouquíssimas empresas ou fundadores conseguiram, deixando de ser uma butique liderada por fundadores para uma instituição duradoura liderada com sucesso pelo próxima geração".

O longo processo de sucessão na Bridgewater envolveu uma série de pessoas diferentes na função de CEO.O planejamento para a nova liderança começou há mais de uma década, quando Greg Jensen e Eileen Murray, um ex-executivo do Morgan Stanley que foi contratado em 2011, começaram a gerenciar a empresa.

Jensen deixou o cargo de co-CEO em 2016, depois de entrar em conflito com Dalio, mas permaneceu na empresa como co-CIO.

Dalio contratou Jon Rubinstein, um executivo sênior da Apple, para assumir o cargo de Jensen ao lado de Murray, mas ele não foi considerado um “ajuste cultural” para a empresa e permaneceu por menos de um ano. O papel de Rubinstein foi em seguida cedido para David McCormick, um ex-militar e executivo de seguros.

Enquanto isso, Murray saiu em 2019 e, posteriormente, processou a empresa por sua suposta recusa em pagar seu bônus depois que ela divulgou a existência de uma disputa judicial por discriminação de gênero.

McCormick se tornou assim o único CEO, mas renunciou em janeiro para concorrer ao Senado dos EUA, e Dalio teve de recrutar os atuais co-CEOs.

O próprio Dalio reconheceu que o processo de sucessão “não foi fácil”, mas disse que pretende ser investidor, membro do conselho e mentor da Bridgewater Associate até o dia de sua morte.

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